SBOC REVIEW
Durvalumabe após quimiorradioterapia no câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado
Resumo do artigo:
O câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado é um tipo agressivo de neoplasia com altas taxas de recidiva. O estudo ADRIATIC, multicêntrico, de fase 3, global, randomizado, duplo-cego, investigou a eficácia da terapia adjuvante com durvalumabe em pacientes sem progressão de doença após quimiorradioterapia. Os pacientes foram randomizados para receber durvalumabe (1.500 mg), durvalumabe combinado com tremelimumabe ou placebo a cada 4 semanas, por até 24 meses.
Os resultados demonstraram que o grupo tratado com durvalumabe teve uma sobrevida global mediana de 55,9 meses (IC 95%, 37,3 – não alcançado) comparado a 33,4 meses (IC 95%, 25,5 – 39,9) no grupo placebo (HR para óbito, 0,73; IC 98,321%, 0,54 – 0,98). A sobrevida livre de progressão também foi superior com durvalumabe: mediana de 16,6 meses (IC 95%, 10,2 – 28,2) versus 9,2 meses (IC 95% 7,4 – 12,9) no grupo placebo (HR para progressão ou óbito, 0,76; IC 97,195%, 0,59 – 0,98). Eventos adversos grau 3, ou 4, foram similares entre os grupos (24,4% com durvalumabe vs 24,2% com placebo).
Esses resultados consolidam o papel de durvalumabe como terapia adjuvante no manejo de pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado, prolongando de forma significativa a sobrevida global e livre de progressão.
Comentário do avaliador científico:
O tratamento sistêmico para o câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado permaneceu estagnado nas últimas três décadas. Avanços iniciais na sobrevida ocorreram com a introdução da radioterapia torácica concomitante a quimioterapia baseada em platina. Contudo, os resultados insatisfatórios a longo prazo impulsionaram a busca por estratégias terapêuticas alternativas, incluindo novos esquemas de radioterapia e abordagens sistêmicas.
O estudo ADRIATIC representa um avanço significativo nesse cenário. Assim como já observado no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células em estágio extenso, a incorporação de durvalumabe como terapia adjuvante demonstrou benefícios substanciais, prolongando a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão. Esses achados reforçam o papel da imunoterapia no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado.
O perfil de segurança do durvalumabe foi consistente com dados prévios, sem aumento relevante na incidência de eventos adversos graves em comparação ao placebo. Embora os resultados sejam promissores, análises futuras envolvendo subgrupos e biomarcadores são fundamentais para identificar os pacientes que mais se beneficiarão da terapia.
Adicionalmente, estudos explorando combinações com outros agentes imunoterápicos ou estratégias de sequenciamento terapêutico são essenciais para refinar e personalizar o tratamento, maximizando os resultados clínicos para essa população de pacientes.
Citação: Cheng Y, Spigel DR, Cho BC Cheng Y, Spigel DR, Cho BC, Laktionov KK, Fang J, Chen Y, et al. Durvalumab after Chemoradiotherapy in Limited-Stage Small-Cell Lung Cancer. N Engl J Med. 2024 Oct 10;391(14):1313-1327. doi: 10.1056/NEJMoa2404873.
Avaliador científico:
Dr. Thiago Santos Vieira
Oncologista clínico pelo Hospital Santa Izabel – Salvador/BA
Oncologista clínico na Clínica AMO e UNACON – Feira de Santana/BA e UNACON – Santo Antônio de Jesus/BA
Instagram: @drthiagosantosvieira
Cidade de atuação: Feira de Santana/BA