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SBOC REVIEW

Durvalumabe, com ou sem tremelimumabe, mais platina-etoposídeo versus platina-etoposídeo isolado no tratamento de primeira linha de câncer de pulmão de pequenas células doença extensa (CASPIAN): resultados atualizados de um ensaio clínico de fase 3

Resumo do artigo:

O estudo CASPIAN, previamente publicado em 2019, traz uma atualização com mais de 2 anos de seguimento, que avaliou a adição do anticorpo anti-PD-L1 durvalumabe, com ou sem tremelimumabe, à combinação de quimioterapia platina-etoposídeo em pacientes portadores de câncer de pulmão de pequenas células doença extensa em primeira linha de tratamento.

O estudo fase III aberto, multicêntrico, randomizado e controlado randomizou pacientes em 3 braços (1:1:1) entre quimioterapia com platina-etoposídeo, com ou sem durvalumabe e com durvalumabe e tremelimumabe.

Durvalumabe era administrado 1500 mg a cada 3 semanas por 4 ciclos seguido de manutenção a cada 4 semanas. Tremelimumabe era administrado 75 mg a cada 3 semanas por 5 doses e a platina poderia ser carboplatina (AUC 5 ou 6) ou cisplatina (75-80 mg/m2) e etoposídeo (80-100 mg/m2) D1-D3 a cada 3 semanas por 4 ciclos. O fator escolha da platina foi estratificado na randomização. Os pacientes não submetidos à imunoterapia poderiam receber radioterapia profilática de crânio de acordo com preferência do pesquisador.

Foram randomizados 805 pacientes com grupos bem balanceados entre si e pelo menos 10% dos pacientes apresentavam metástases em sistema nervoso central ao diagnóstico nos 3 grupos.

Em janeiro de 2020, a mediana de seguimento foi de 25 meses, com sobrevida global mediana de 12,9 meses para o grupo combinação com durvalumabe versus 10,5 meses para quimioterapia isolada com HR 0,75 (IC95% 0,62–0,91) p=0.0032. Não houve benefício do grupo com tremelimumabe e durvalumabe em comparação com o grupo de quimioterapia isolada, e este grupo apresentou maiores taxas de toxicidades graves e óbitos relacionados ao tratamento. Neste grupo houve menores taxas de exposição à quimioterapia e apenas 60% recebeu as 5 doses planejadas do tremelimumabe.

A sobrevida livre de progressão nos grupos com durvalumabe associado à quimioterapia ou quimioterapia isolada foram, respectivamente, 17,9% vs 5,3% em 12 meses, 13,9% vs 3,4% em 18 meses e 11% vs 2,9% em 24 meses. A sobrevida global foi de 32% vs 24,8% em 18 meses e 22,2% vs 14,4% em 24 meses, e análise de subgrupo manteve o favorecimento do grupo com durvalumabe.

Em conclusão, esta atualização mostrou benefício sustentado em sobrevida global com a adição de durvalumabe ao esquema de platina-etoposídeo em primeira linha, consistente com a análise interina apresentada 11 meses antes. O bloqueio do CTLA-4 parece não ter um papel claro em pacientes portadores de câncer de pulmão de pequenas células não selecionados.

 

Goldman JW et al. Durvalumab, with or without tremelimumab, plus platinum-etoposide versus platinum-etoposide alone in first-line treatment of extensive-stage small-cell lung cancer (CASPIAN): updated results from a randomised, controlled, open-label, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021 Jan;22(1):51-65. doi: 10.1016/S1470-2045(20)30539-8.
Durvalumabe, com ou sem tremelimumabe, mais platina-etoposídeo versus platina-etoposídeo isolado no tratamento de primeira linha de câncer pulmonar de células pequenas doença extensa (CASPIAN): resultados atualizados de um ensaio clínico de fase 3 randomizado, controlado, aberto.

 

Comentário da avaliadora científica:

Apesar do potencial imunogênico apresentado pelo câncer de pulmão de pequenas células, o primeiro estudo a demonstrar benefício em primeira linha foi o IMpower133, apenas em 2018. Esse estudo avaliou a adição de atezolizumabe ao esquema carboplatina-etoposídeo com benefício em sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG).

O estudo CASPIAN veio avaliar o mesmo contexto com a adição de duas drogas: um braço com adição de durvalumabe à combinação de platina e outro com adição de durvalumabe e tremelimumabe.

Os grupos foram semelhantes entre si e com uma considerável fração de portadores de metástase em sistema nervoso central. Houve benefício em SLP e SG na adição do durvalumabe. O tremelimumabe não adicionou benefício em sobrevida global, mas adicionou em toxicidade, com 4,5% de mortes relacionada ao tratamento, parecendo não ter papel em pacientes com carcinoma de pequenas células não selecionados.

Vale ressaltar a importância da adição de imunoterapia ao esquema de quimioterapia em primeira linha com aumento expressivo da SG em 24 meses, tanto do estudo IMpower133 quanto no estudo CASPIAN, comparados ao esquema de quimioterapia isolada, sendo essa estratégia o tratamento padrão em primeira linha.

 

Avaliadora científica
Dra. Juliana Góes Martins Fagundes, MD
Residência de Oncologia Clínica no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Doutoranda pela Universidade de São Paulo
Oncologista clínica do Hospital Universitário Alcides Carneiro (UFCG) e Centro Paraibano de Oncologia (grupo Oncoclínicas - Paraíba)