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SBOC REVIEW

Durvalumabe sozinho e durvalumabe associado a tremelimumabe versus quimioterapia em pacientes com carcinoma urotelial metastático, irresecável ou localmente avançado (DANUBE): um estudo de fase 3 randomizado, aberto e multicêntrico

Resumo do artigo:

O prognóstico dos pacientes com carcinoma urotelial metastático é pobre com uma sobrevida global em 5 anos inferior a 5%. O tratamento padrão para os pacientes metastáticos é quimioterapia baseada em platina (preferencialmente cisplatina nos pacientes sem contraindicação). Imunoterapia mostrou atividade na segunda linha e demonstrou ganho de sobrevida global como estratégia de manutenção com avelumabe após 4-6 ciclos de quimioterapia na primeira linha (estudo JAVELIN Bladder 100).

O estudo DANUBE avalia a imunoterapia em pacientes com carcinoma urotelial avançado na primeira linha versus a quimioterapia e um estudo de 3 braços: durvalumabe (agente anti-PD-L1) sozinho, durvalumabe associado a tremelimumabe (anti-CTLA-4) e o braço controle de quimioterapia que poderia ser carboplatina ou cisplatina associado a gencitabina. Os desfechos primários eram sobrevida global nos pacientes PD-L1 alto na comparação entre durvalumabe e quimioterapia e sobrevida global em todos os pacientes na comparação entre durvalumabe + tremelimumabe versus quimioterapia.

O estudo randomizou 1032 pacientes entre os 3 braços. A mediana de sobrevida global foi de 14.4 meses no braço do durvalumabe versus 12.1 meses no braço da quimioterapia. Essa diferença não foi estatisticamente significativa (HR: 0.89; p=0.30). Na avaliação de durvalumabe + tremelimumabe versus quimioterapia a sobrevida global mediana foi de 15.1 meses versus 12.1 meses na população total do estudo e essa diferença também não foi estatisticamente significativa (HR: 0.85; P=0.075). Uma análise secundária demonstrou que a sobrevida global mediana foi de 17.9 meses no grupo que recebeu durvalumabe e tremelimumabe e que era PD-L1 alto, sendo essa diferença estatisticamente significativa (HR 0.74; 95% IC: 0.59-0.93). Na população total do estudo as taxas de respostas foram de 26% no grupo do durvalumabe sozinho, 36% na combinação de durvalumabe e tremelimumabe e 49% para o braço da quimioterapia. Já na população com PD-L1 alto as taxas de respostas foram de 28%, 47% e 48%, respectivamente.

 

Durvalumab alone and durvalumab plus tremelimumab versus chemotherapy in previously untreated patients with unresectable, locally advanced or metastatic urothelial carcinoma (DANUBE): a randomised, open-label, multicentre, phase 3 trial. Powels et al, Lancet Oncol. 2020 Sep 21;S1470-2045(20)30541-6.
Durvalumabe sozinho e durvalumabe associado a tremelimumabe versus quimioterapia em pacientes com carcinoma urotelial metastático, irresecável ou localmente avançado (DANUBE): um estudo de fase 3 randomizado, aberto e multicêntrico.

 

Comentário do avaliador científico:

Esse era um estudo bastante aguardado avaliando o papel da imunoterapia versus quimioterapia em primeira linha. No entanto, os resultados foram desapontadores, pois o estudo é negativo. Outros estudos estão avaliando o papel da imunoterapia em primeira linha em pacientes com carcinoma urotelial. O estudo KEYNOTE 361 foi apresentado esse ano na ESMO e foi negativo para a avaliação de pembrolizumabe sozinho ou associado a quimioterapia versus quimioterapia. Outro estudo avaliando o papel da imunoterapia em primeira linha é o estudo IMvigor 130 que demonstrou ganho em sobrevida livre de progressão, porém sem ganho ainda em sobrevida global para a avaliação de atezolizumabe + quimioterapia versus quimioterapia. Esses dados, mostram que a terapia padrão de primeira linha continua sendo quimioterapia baseada em platina ficando a imunoterapia reservada para a estratégia de manutenção após a quimioterapia ou na segunda linha após progressão.

O estudo gera uma hipótese sobre o benefício em sobrevida global para a combinação de anti-PD-L1 + anti-CTLA-4 na população PD-L1 alto. Baseado nesse estudo, não é possível se tirar uma conclusão mais definitiva e outro estudo grande de fase 3 deve ajudar a responder essa pergunta. Trata-se do CheckMate 901 que esta avaliando a combinação de Nivolumabe + ipilimumabe versus nivolumabe + quimioterapia versus quimioterapia em primeira (NCT03036098).

 

Avaliador científico e editor:
Dr. Daniel Girardi
Filiações: Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal.
Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos da América.