Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Eficácia do cabozantinibe para tumores de pulmão com rearranjo em RET

Rearranjos estruturais no gene RET podem ser encontrados em 1% a 2% dos cânceres de pulmão não pequenas células (CPNPC) e costumam ser excludentes com outras alterações genéticas conhecidas. Relatos de casos prévios sugeriam atividade de drogas inibidores de RET para CPNPC com tais rearranjos. Nesse estudo de fase II, Drilon e colaboradores avaliaram prospectivamente a atividade do Cabozantinibe, um inibidor de tirosino quinase do RET, VEGFR2, AXL, TIE2 e KIT, em pacientes com tumores de pulmão diagnosticados com rearranjo RET. A dose testada foi de 60mg ao dia. Foram incluídos 26 pacientes expostos a um variado número de linhas terapêuticas prévias para doença metastática, em sua maioria (65%) não fumantes e exclusivamente com adenocarcinoma. A alteração mais comum de RET encontrada nesse estudo foi a fusão KIF5B-RET em 62% dos pacientes.

Esse estudo foi positivo no seu desfecho primário, demonstrando uma taxa de resposta avaliada por RECIST 1.1 de 28% dos pacientes tratados, com mediana de duração de resposta de 7 meses. Além disso, estes pacientes obtiveram medianas de Sobrevida Livres de Progressão de 5,5 meses e Sobrevida Global de 9,9 meses. Como já observado em outros tumores cabozantinibe demonstrou toxicidades relevantes, com eventos adversos relacionados ao tratamento observados em 96% dos pacientes, sendo que 73% dos pacientes necessitaram de uma redução da dose administrada. Os eventos adversos grau 3 mais comuns foram elevação da lipase (15%), de AST (8%) e ALT (8%). Não foram observadas mortes relacionadas ao tratamento no estudo.

*Drilon et al, Lancet Oncol 2016 PMID: 27825636

Comentários: esse é o primeiro estudo prospectivo demonstrando atividade do cabozantinibe na subpopulação molecular de CPNPC com rearranjo RET. Tal alteração é vista exclusivamente em adenocarcinomas, sendo mais comum em não tabagistas. Espera-se que novos estudos com inibidores seletivos de RET possam demonstrar melhora da tolerabilidade e eficácia do tratamento, aproximando os resultados aos CPNPC com alterações em EGFR e ALK.

Denis L F Jardim, MD, PhD

Oncologista clínico, coordenador da oncologia do Centro de Oncologia do Paraná, Oncoville