SBOC REVIEW

Trastuzumabe-entasina (T-DM1) é a terapia-padrão atual para o carcinoma de mama HER2 positivo metastático após progressão a taxano associado a trastuzumabe baseado em estudo fase III randomizado que demonstrou ganho de sobrevida global neste cenário. Entretanto, o atual tratamento de primeira linha ideal preconizado inclui a associação do pertuzumabe ao esquema com taxano e trastuzumabe.
Dzimitrowicz e cols* são os primeiros a avaliar desfechos de eficácia do T-DM1 em pacientes previamente expostos a pertuzumabe. Neste estudo, dados retrospectivos de 3 grandes centros americanos identificaram 82 pacientes elegíveis para análise. Dos 78 pacientes de fato analisados, 32% realizaram T-DM1 em primeira ou segunda linha e 48% em quarta linha ou posterior, indicando que a droga foi utilizada principalmente em pacientes politratados. A taxa de resposta (resposta clínica ou radiológica definida pelo oncologista) foi de 17,9% (IC 95% 9,4% a 26,4%) . A duração mediana de tratamento foi de 4 meses (IC 95% 2,7 a 5,1 – variação 0 a 22,5 meses) , porém a proporção de pacientes com duração de terapia maior do que 6 meses foi de 30,8% (IC 20,6% a 41,1%). Somente 10% dos pacientes interromperam o tratamento por toxicidade, o que demonstra boa tolerabilidade e esta de acordo com os estudos prévios publicados.

*Dzimitrowicz e cols. J Clin Oncol. 2016 PMID: 27298406.

Comentários: Este é o primeiro estudo a demonstrar benefício clínico do T-DM1 em uma população que representa a realidade de tratamento atual, ou seja, após progressão a esquema contendo pertuzumabe. Apesar de uma taxa de resposta inferior ao reportado nos estudos randomizados, quase um terço dos pacientes fez uso do T-DM1 por um período superior a 6 meses, o que sugere boa atividade clínica da droga após pertuzumabe.

Danilo da Fonseca Reis Silva, MD
Oncologista Clínico formado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Universidade de São Paulo. Oncologista Clínico da Oncoclínica e Oncomédica, Teresina-Piauí.