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SBOC REVIEW

Eficácia e segurança de pembrolizumabe em combinação a bevacizumabe e ciclofosfamida oral metronômica no tratamento do câncer de ovário recidivado. Um estudo de fase II não-randomizado

Resumo do artigo:

Este estudo de Fase II de braço único teve por objetivo avaliar a eficácia e segurança do uso de pembrolizumabe 200 mg EV, bevacizumabe 15 mg/kg, ambos em D1 a cada 21 dias, associados a ciclofosfamida oral metronômica, em dose contínua de 50 mg/dia, para o tratamento de paciente com carcinomas epiteliais de ovário, tuba uterina ou primário de peritônio recidivados, independentemente da sensibilidade a platinas ou de subtipo histológico.

O estudo incluiu 40 pacientes politratadas, com mediana de idade de 62.2 anos, a maioria delas com carcinomas serosos de alto grau e doença platino-resistente (75%). As pacientes com doença platino-sensível (25%) não eram elegíveis ao tratamento com platinas. A mediana de linhas de tratamento na população geral do estudo foi de 3,4 e exposição prévia a bevacizumabe ocorreu em 35% dos casos.

Os desfechos primários eram taxa de resposta objetiva de acordo com os critérios de iRECIST e sobrevida livre de progressão, calculada a partir do início do tratamento.

Os resultados mostraram taxa de resposta objetiva de 47,5%, com mediana de duração de resposta de 5,9 meses e sobrevida livre de progressão de 10 meses. Respostas duráveis (>12 meses) ocorreram em 25% da coorte. Chama a atenção que, na população com doença platino-resistente, a taxa de resposta objetiva foi de 43,3% e a taxa sobrevida livre de progressão de 7,6 meses. Além disso, todas as pacientes com resposta completa (7,5%) apresentavam doença platino-resistente. À semelhança de outros estudos avaliando o uso de inibidores de checkpoint imunológico para o tratamento de tumores sólidos, não se observou correlação entre taxa de resposta e durabilidade de resposta.

O status de PD-L1 foi determinado por imunohistoquímica com o anticorpo 22C3 e positividade foi definida por escores 1%. Pacientes com tumores PD-L1 positivos e PD-L1 negativos apresentaram resposta de 52,6% e 35,3%, respectivamente. Pacientes com mutações em BRCA (35%) apresentaram taxa de resposta de 71,4%, porém o status mutacional de BRCA não se correlacionou à sobrevida livre de progressão.

Os eventos adversos de grau 3 e 4 mais frequentes foram linfopenia (7,5%) e hipertensão (15%), os quais podem ser atribuídos ao uso da quimioterapia e do bevacizumabe. O tratamento não resultou em impacto negativo em qualidade de vida.

 

Efficacy and safety of pembrolizumab in combination with bevacizumab and oral metronomic cyclophosphamide in the treatment of recurrent ovarian cancer. A phase 2 nonrandomized clinical trial. Zsiros E et al. JAMA Oncol. 2020 Nov 19. Epub ahead of print. PMID: 33211063.
Eficácia e segurança de pembrolizumabe em combinação a bevacizumabe e ciclofosfamida oral metronômica no tratamento do câncer de ovário recidivado. Um estudo de fase II não-randomizado.

 

Comentário da avaliadora científica:

Cerca de 28-40% dos tumores de ovário apresentam expressão de PD-L1, porém, até o momento, o uso de inibidores de checkpoint imunológico para o tratamento dos carcinomas epiteliais de ovário tem se demonstrado pouco eficaz. Sendo assim, diversos estudos têm avaliado a combinação destes agentes a outras classes de drogas ativas na tentativa de maximizar seus potenciais efeitos.

A população do presente estudo é composta majoritariamente por pacientes politratadas, com doença platino-resistente e, portanto, de mau prognóstico. Neste contexto, as possibilidades terapêuticas são ainda limitadas. De acordo com dados da literatura, a sobrevida global mediana de pacientes destas pacientes é inferior a um ano.1 Sendo assim, a perspectiva de taxas de resposta superiores a 40% e sobrevida livre de progressão de 7,6 meses na doença platino-resistente é animadora.

Embora o presente estudo tenha tamanho restrito e seja não comparativo, sugere atividade da combinação de pembrolizumabe, bevacizumabe e ciclofosfamida oral para o tratamento dos carcinomas de ovário recidivados, com perfil de toxicidade favorável. Justificaria, portanto, a avaliação desta estratégia terapêutica em estudos confirmatórios.

 

Referências:

  1. Hanker LC et al. The impact of second to sixth line therapy on survival of relapsed ovarian cancer after primary taxane/platinum-based therapy. Ann Oncol. 2012 Oct;23(10):2605-2612. doi: 10.1093/annonc/mds203. Epub 2012 Aug 21. PMID: 22910840.

 

Avaliadora científica
Dra. Karime Kalil Machado, MD, MBA
Médica oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein
Ex-residente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Ex-fellow do serviço de oncologia gineccológica da Johns Hopkins University. Candidata a MPH pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health