SBOC REVIEW

Inicialmente dois tipos de vacinas contra o papilomavírus humano (HPV), a bivalente (HPV 16 e 18) e a quadrivalente (HPV 6, 11, 16 e 18) estavam disponíveis para uso no mundo. Apesar dos HPV 16 e 18 serem responsáveis por ate 70% dos cânceres cervicais, a eficácia e duração da proteção cruzada dessas vacinas para outros tipos carcinogênicos de HPV pareciam incertas. Objetivando aumentar a cobertura contra esses tipos, uma vacina nonavalente foi desenvolvida para conferir proteção contra os tipos de HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58) mais relacionados ao câncer cervical no mundo.

Huh e cols conduziram um estudo de fase III, duplo-cego, o qual incluiu 14215 jovens saudáveis de 16-26anos, sem historia prévia de citologia ou biópsia cervical anormal e com ate 4 parceiros sexuais ao longo da vida. Elas foram randomizadas para receberem 3 doses da vacina nonavalente (9vHPV) versus a vacina quadrivalente (qHPV). Dados com seguimento de seis anos mostraram uma incidência de lesão de alto grau cervical, vulvar ou vaginal relacionadas aos HPV 31, 33, 45, 52, e 58 de 0,5casos/10 000 pessoas-ano com 9vHPV contra 19casos/10 000 pessoas-ano com qHPV, eficácia de 97,4% (95% CI 85,0–99,9) da vacina em estudo. A expressão de anticorpos anti-HPV 6,11, 16, e 18 foi não inferior e não houve diferença clínica significativa em eventos adversos entre as vacinas. 

Huh Wk e cols. Lancet. 2017 Sep 5. PMID: 28886907. 

Comentários: A vacina nonavalente inclui 5 cepas adicionais (31, 33, 45, 52 e 58) oferecendo maior proteção contra o HPV em seguimento a longo prazo, já estando aprovada para uso em outros países. No Brasil estão disponíveis apenas as vacinas bivalentes e tetravalentes no SUS. Dados sobre custo-efetividade e das taxas de redução de câncer relacionadas ao HPV nos programas com a 9vHPV na vida real são esperados para avaliar o beneficio da sua incorporação no nosso sistema de saúde.

Marcela Crosara, MD.
Medica Oncologista do Hospital Sírio-libanês – Unidade Brasília.