SBOC REVIEW
Enzalutamida no câncer de próstata não-metastático resistente à castração
Pacientes com câncer de próstata resistente à castração e não-metastático (pelos métodos tradicionais) carecem de tratamento padrão por falta de evidências de impacto significativo nos desfechos clínicos. Apesar disso, o NCCN recomenda tratamento quando o tempo para duplicação do PSA (TDPSA) é menor do que 10m e observação quando menor do que 10m. Já na Europa, recomenda-se observação independente do TDPSA. Neste cenário, o estudo PROSPER avaliou o uso de enzalutamida em comparação com placebo nos pacientes com TDPSA menor do que 10m. O objetivo primário foi tempo livre de metástases (TLM). Secundariamente, foram avaliados tempo para progressão de PSA, tempo para próxima terapia anti-neoplásica, sobrevida global, tempo para deterioração clínica, dentre outros. Com um total de 1401 pacientes incluídos, o estudo mostrou aumento do TLM de 14,7m para 36,6m (HR 0.29; IC 95% 0.24 - 0.35; P<0.001), no tempo para progressão do PSA de 3,9m para 37,2m (HR 0.07; IC 95% 0.05 - 0.08; p<0.001) e no tempo para próxima terapia anti-neoplásica de 17,7m para 39,6m (HR 0.21; IC 95% 0.17 – 0.26; p<0.001). A mediana de sobrevida global não foi atingida em nenhum dos grupos e o tempo para deterioração clínica foi similar nos dois grupos.
Hussain M e cols. N Engl J Med 2018; 378:2465-2474. PMID: 29949494
Comentário: Este estudo estabelece a enzalutamida como uma possibilidade de tratamento para pacientes com câncer de próstata não-metastático resistente à castração, já que aumenta significativamente o TLM e possivelmente SG. Porém, com o uso cada vez mais difundido de métodos de imagem mais sensíveis (como o PET-PSMA), interroga-se a real aplicabilidade desses achados, já que possivelmente boa parte desses pacientes poderia ter metástases não detectadas por métodos tradicionais.
Manuel Caitano Maia, MD
Médico oncologista do Centro de Oncologia do Paraná
Ex-Fellow de Uro-Oncologia do City of Hope Cancer Center, CA, EUA