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SBOC REVIEW

Erdafitinibe para carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado

Resumo do artigo:
O BLC2001 foi um estudo de fase II que incluiu pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado irressecável, com alterações em FGFR2 ou FGFR3 (FGFR2/3). Os pacientes eram elegíveis desde que tivessem pelo menos uma mutação ou fusão pré-especificada em FGFR2/3, progressão de doença durante quimioterapia de primeira linha ou em até 12 meses após quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante, ou inelegibilidade à cisplatina, e ECOG performance status 0 a 2.

Inicialmente, os pacientes foram randomizados 1:1 para um grupo de tratamento intermitente (Regime 1: 10 mg por dia durante 7 dias, alternando com 7 dias sem tratamento) e outro grupo de tratamento contínuo (Regime 2: 6 mg ao dia). Em agosto de 2016, o estudo passou por uma análise interina e o regime de tratamento foi modificado baseado em análises farmacocinéticas e farmacodinâmicas. O protocolo modificado incluía um novo regime de tratamento (Regime 3: 8 mg ao dia, com escalonamento para 9 mg ao dia se fosfato sérico menor que 5.5 mg/dL no D14). O desfecho primário foi taxa de resposta objetiva e os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão, duração de resposta e sobrevida global. De maio de 2015 a março de 2018, 99 pacientes foram tratados no regime 3. A maior parte de pacientes recebeu tratamento prévio (1 linha = 45%, 2 ou mais linhas = 43%) e 79% tinham metástases viscerais. Mutações foram encontradas em 75% dos pacientes, enquanto fusões foram reportadas em 25% dos casos. A taxa de resposta objetiva por RECIST 1.1 foi de 40% (37% com resposta parcial e 3% com resposta completa), com tempo mediano para resposta de 1.4 meses. Resposta radiológica ocorreu em 49% e 16% entre os pacientes com mutações e fusões de FGFR2/3, respectivamente. O tempo mediano de duração de resposta foi de 5.6 meses, e a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 5.5 meses (19% livres de progressão em 12 meses). Os efeitos adversos mais relevantes foram hiperfosfatemia, retinopatia serosa central, olho seco, síndrome mão-pé, estomatite e alterações ungueais.

 

Erdafitinib in locally advanced or metastatic urothelial carcinoma. Loriot Y et al. NEJM 2019;381:338-48.
Erdafitinibe para carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado.

 

Comentários do editor:
Alterações em FGFR2/3 são uma importante via de carcinogênese do carcinoma urotelial, podendo ser encontradas em até 80% em lesões não musculo-invasivas de baixo grau e entre 10 a 20% dos tumores músculo-invasivos ou metastáticos. Os resultados promissores do estudo BLC2001 levaram à aprovação do erdafitinibe para a doença metastática ou localmente avançada com alterações em FGFR2/3 após progressão à primeira linha com platina. Apesar da taxa de reposta de 40%, o tempo mediano de duração de resposta (5.6 meses) foi curto. O melhor entendimento dos mecanismos de resistência primária e secundária será fundamental para melhorar os desfechos clínicos desse seleto grupo de pacientes. Em relação aos efeitos adversos, especial atenção deve ser dada às alterações oculares, sendo recomendado o monitoramento frequente com oftalmologista.

 

Editor
Dr. José Mauricio Mota

Oncologista Clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP); Doutor em Oncologia pela USP; Pós-doutorado/Advanced Clinical Fellowship no Memorial Sloan Kettering Cancer Center; Médico titular da Oncologia D’Or; Chefe do Grupo de Tumores Genitourinários do ICESP. 


Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.