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SBOC REVIEW

ESMO 2017 — Câncer de Cabeça e Pescoço

LBA45_PR - Pembrolizumab (pembro) vs standard of care (SOC) for recurrent or metastatic head and neck squamous cell carcinoma (R/M HNSCC): Phase 3 KEYNOTE-040 trial
Neste estudo de fase III aberto, multicêntrico e randomizado, 495 pacientes portadores de CEC de cavidade oral, orofaringe, hipofaringe ou laringe platino-refratários foram randomizados para pembrolizumabe, 200 mg IV, a cada três semanas por 24 meses, ou quimioterapia de escolha do investigador (metotrexato, docetaxel ou cetuximabe). Foram estratificados por performance-status (ECOG PS 0 x 1), status HPV (p16 positivo x negativo) e escore de expressão do PDL-1 (≥ 50% vs < 50%). Após mediana de seguimento de 7,3 meses, 8,9% dos pacientes continuaram a receber pembrolizumabe versus apenas 0,9% dos pacientes no braço-padrão. Demonstrado maior sobrevida global na população ITT, porém estatisticamente não significativa (HR 0,81, P = 0,0204 em teste unilateral), e maior taxa de resposta objetiva sem ganho de sobrevida livre de progressão. O maior impacto observado na coorte de pacientes com PD-L1 ≥ 50% (SG mediana 11,6 m x 7,9 m, HR 0,54, p = 0,0017). Um terço dos pacientes do braço controle receberam cetuximabe. Percentual de 12,5% dos pacientes receberam imunoterapia à progressão, possivelmente impactando negativamente na análise de SG (efeito cross-over). Quanto à toxicidade, observou-se menor frequência de eventos adversos graus 3 a 5 no braço pembrolizumabe (12,4% x 36,3%).

Comentários: Considerado estudo estatisticamente negativo pelos limites preestabelecidos, o que pode ser justificado pelo frequente uso de cetuximabe e de imunoterapia pós-progressão no braço-padrão. Observada redução de risco de morte da ordem de 19% com pembrolizumabe além de menor toxicidade, maior sobrevida global e taxa de resposta objetiva.

No = 1043O Treatment beyond progression with nivolumab in patients with recurrent or metastatic (R/M) squamous cell carcinoma of the head and neck (SCCHN) in the phase 3 checkmate 141 study: A biomarker analysis and updated clinical outcomes
Trata-se da atualização de dados referentes aos pacientes que utilizaram nivolumabe pós-primeira progressão e apresentação da análise de biomarcadores do Checkmate 141. Este estudo de fase III aberto, multicêntrico e randomizado, o qual incluiu pacientes com CEC de cabeça e pescoço recidivado e/ou metastático platino-refratários, com ganho de sobrevida global com nivolumabe versus quimioterapia de escolha do investigador (metotrexato, docetaxel ou cetuximabe) (HR = 0,70). O tratamento pós-progressão era permitido no braço nivolumabe; a imunofenotipagem das células imunes foi realizada por citometria de fluxo naqueles pacientes com amostras coletadas no D1 e D43 do tratamento. Dos 240 pacientes randomizados para o braço nivolumabe, 146 (61%) progrediram sendo que 42% seguiram em tratamento pós-progressão. A sobrevida global mediana foi de 12,7 meses (95% IC: 9,7, 14,6); 24% (15) destes pacientes apresentaram redução parcial em lesão-alvo, configurando resposta parcial por critério RECIST (>30%) em três pacientes. Destes 15 pacientes, oito eram HPV+, quatro tinham PD-L1 ≥1% e cinco deles haviam apresentado progressão de doença (> 20%) em lesão-alvo na primeira progressão. Não houve maior frequência de eventos adversos nestes pacientes que prosseguiram tratamento com nivolumabe. A porcentagem de células T CD8+ no sangue periférico foi semelhante entre os pacientes que seguiram o tratamento na pós-progressão e os respondedores e significativamente maior do que aqueles pacientes que não seguiram com tratamento no pós-progressão. Já a porcentagem de células T efetoras foi menor nos respondedores e naqueles que seguiram tratamento pós-progressão, em comparação àqueles que não seguiram.

Comentários: O tratamento com nivolumabe pós-progressão foi bem tolerado e associado a resposta parcial radiológica. Identificado que o perfil imunofenotípico dos pacientes que se beneficiaram do tratamento pós-progressão é semelhante àquele de pacientes respondedores, gerando hipótese de um possível biomarcador de benefício clínico e resposta.

1045PD - Adjuvant androgen deprivation therapy for high-risk androgen receptor-positive salivary duct carcinoma
O carcinoma de ducto salivar (CDS) é um subtipo raro e agressivo de tumor de glândulas salivares, com sobrevida livre de doença mediana inferior a três anos. Cerca de 67%-96% dos casos expressam receptores de andrógenos e a terapia de deprivação androgênica (TDA) em pacientes metastáticos leva a taxas de respostas objetivas de 18%-50%. Este estudo retrospectivo caso-controle multicêntrico avaliou o uso de TDA adjuvante em pacientes com CDS EC IV a/b com expressão imuno-histoquímica positiva para o receptor de andrógeno (RA). Dezoito pacientes com idade mediana de 64 anos (32 a 80 anos) foram identificados, todos com tumores com > 70% de positividade de padrão nuclear para RA. Foram tratados com bicalutamida (n = 10), análogo de LHRH (n = 1) ou a combinação de ambos (n = 7). A duração mediana de tratamento foi de dez meses (2 a 31 meses), com boa tolerância. Catorze (94,4%) pacientes também haviam recebido radioterapia adjuvante, sendo que quatro deles, em concomitância com quimioterapia (22,2%). O grupo-controle consistiu em 110 pacientes portadores de CDS, com idade mediana de 70 anos (44-100). Cento e três pacientes receberam radioterapia adjuvante, sendo que apenas um (0,9%) deles, concomitante à quimioterapia. Observou-se após seguimento mediano de 22 meses dos pacientes que receberam TD e 25 meses do grupo controle, sobrevida livre de doença em três anos de 53,6% versus 34,2% (p=0,137) e sobrevida global em três anos de 75,8% versus 52,5% (p = 0,076) respectivamente.

Comentários: O uso adjuvante de TDA em pacientes com CDS de alto risco não demonstrou ganho estatisticamente significativo neste estudo caso-controle, possivelmente relacionado ao pequeno número de pacientes incluídos. Novos esforços a fim de avaliar prospectivamente o uso da TDA adjuvante devem ser realizados.

 

Renata Eiras, MD, MsC
Mestre em Oncologia Clínica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Grupo de Oncologia Torácica e Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). UNICA – Unidade de Cancerologia, Evidências Kantar Health