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SBOC REVIEW

ESMO 2017 — Câncer de Mama

Abstract 1 – Marleen Kok, TONIC-trial: Adaptive phase II randomized non-comparative trial of nivolumab after induction treatment in triple negative breast cancer. Nº LBA14.
Poucas pacientes (pts) com câncer de mama triplo negativo (CMTN) se beneficiam do tratamento com inibidores de checkpoint do sistema imune. Estudos pré-clínicos mostraram que baixas doses de radioterapia (RT) ou quimioterapia (QT) administradas previamente ao anti-PD (L)1 poderiam estimular a resposta imune antitumoral. Este estudo randomizou 50 pts com CMTN metastático (até três linhas de QT prévia) em cinco grupos, para receber um dos tratamentos de indução (RT, doxorrubicina, cisplatina, ciclofosfamida ou sem indução) por duas semanas seguido de nivolumabe até progressão. Em follow-up médio de 10,8 meses, a taxa de resposta objetiva foi de 22% com 4% de resposta completa, 18% de resposta parcial e 4% de doença estável. A duração média de resposta foi de nove meses.

Comentário: Este é o primeiro estudo de pts com CMTN metastático que explora o conceito de terapia combinada como um “priming” do sistema imune visando intensificar a resposta antitumoral ao anti-PD1. Ele se mostrou seguro, com resultados promissores, contudo, ainda são necessários estudos adicionais.

 

Abstract 2 - Angelo Di Leo, MONARCH 3: Abemaciclib as initial therapy for patients with HR+/ HER2- advanced breast cancer. Nº =2360_PR.
Este estudo de fase III randomizado incluiu 493 mulheres na pós-menopausa com câncer de mama metastático (CMM) RH+/HER-2- para receber, na primeira linha, abemaciclibe (ABE) + inibidor de aromatase não esteroidal (IANE) versus placebo + IANE em uma randomização 2:1. Aos 17,8 meses de follow-up mediano, a sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 14,7 meses para o braço placebo e não atingida no ABE, com hazard ratio (HR) de 0,543 (p = 0,000021). A taxa de resposta objetiva foi de 59% no ABE e 44% no braço placebo (p = 0.004). Dados de sobrevida global ainda não disponíveis. Os efeitos adversos mais relevantes foram diarreia e neutropenia.

Comentário: Este estudo, como trabalhos prévios que avaliaram o uso de inibidores de CDK4/6 associados à hormonoterapia na primeira linha de CMM RH+/HER-2-, demonstrou aumento de SLP nas pts tratadas com a combinação. As pts com pior prognóstico foram as que mais se beneficiaram, ao contrário daquelas com doença exclusivamente óssea ou com longo período para recorrência, as quais poderiam iniciar tratamento apenas com hormonoterapia.

 

Abstract 3 – Paul Cottu, NeoPAL: Letrozole and palbociclib versus 3rd generation chemotherapy as neoadjuvant treatment of luminal breast cancer. Nº= LBA9.
O benefício da quimioterapia (QT) neoadjuvante em pacientes (pts) com câncer de mama luminal (CML) é limitado, com baixa taxa de resposta patológica completa (RPC). Este estudo de fase II randomizou 106 pts na pós-menopausa com CML A linfonodo + ou luminal B estádio II/III, não candidatas à cirurgia conservadora de mama (CCM), a receber FEC 100 + docetaxel X 6 ou letrozol (L) + palbociclibe (P) por 19 semanas. A cirurgia foi realizada na 20ª semana. O objetivo primário do trabalho era a análise do volume de tumor residual (Residual Cancer Burden - RCB), que foi escore 0-1 em 7,7% no grupo L+P e 15,7% na QT. RCB de II e III foi de 92,3% no L + P e de 84,3% com QT. CCM foi possível em 69,2% e 68,6%, nos braços L + P e QT, respectivamente.

Comentário: Neoadjuvância com L + P teve resultados inferiores comparados à QT, contudo, apresentou a mesma taxa de CCM e melhor tolerância. Este trabalho associando hormonoterapia e inibidores de CDK4/6 em caráter neoadjuvante mostra que essa combinação pode ser uma possível alternativa às pacientes com contraindicação à QT.

 

Abstract 4 – Miguel Martin Jimenez, ExteNET: Neratinib after trastuzumab (T)-based adjuvant therapy in early-stage HER21 breast cancer (BC): 5-year analysis of the phase III trial. Nº= 1490.
Apesar do trastuzumabe (T) adjuvante, 15%-24% das pacientes (pts) com câncer de mama HER2+ (CM HER2+) apresentam recorrência. O ExteNET randomizou 2840 (pts) com CM HER2+ para receber, após o término da adjuvância com T, um ano adicional de neratinibe (N) versus placebo (P). Após cinco anos, a sobrevida livre de doença invasiva foi de 90,2% para o N e 87,7% para o P com HR 0,73; 95% CI 0,57, 0,92 (p = 0,008). O benefício absoluto foi de 2,5% na população com intenção de tratamento. Diarreia foi uma toxicidade limitante no braço N.

Comentários: Ainda aguardamos dados de sobrevida global previstos para 2019. Apesar de a atualização do estudo ter demonstrado benefício para o N, não é considerado clinicamente relevante para mudança de conduta.

 

Abstract 5 – Cristina Saura, LORELEI Primary results: A phase II randomized, double-blind study of neoadjuvant letrozole (LET) plus taselisib versus LET plus placebo (PLA) in postmenopausal patients (pts) with ER+/HER2-negative early breast cancer (EBC). Nº=LBA10_PR.
Taselisibe (T) é um inibidor de PI3K com atividade cancerígena para tumores PI3KCA mutados. Este trabalho randomizou 334 pacientes (pts) (152 com mutação de PIK3CA) na pós-menopausa com câncer de mama (CM) RH+/HER2-, estádio I-III, para receber neoadjuvância (NEO) associando letrozol (LET) com T ou placebo (PLA) durante 16 semanas, seguido de cirurgia. A combinação de LET + T aumentou a taxa resposta objetiva (avaliada por RNM de mama) de 38% para 56,2% no grupo com mutação de PIK3CA - Odds ratio (OR) = 2,03, 95% CI 1,06-3,88, p = 0,033, assim como no braço não mutado (de 39,9% para 50% - OR 1,55, 95% CI 1,00-2,38, p = 0,049). Não houve diferença na resposta patológica completa entre os grupos.

Comentários: Apesar do curto tempo de 16 semanas para neoadjuvância hormonal, foi possível demonstrar aumento da taxa de resposta. Aguardamos ainda a aprovação da medicação.

 

Bruna M. Zucchetti, MD
Médica oncologista assistente do Hospital Sírio-Libanês.