SBOC REVIEW

Abstract 1- Boku N et al. A Phase 3 Study of nivolumab (Nivo) in previously treated advanced gastric or gastroesophageal junction (G/GEJ) cancer: Updated results and subset analysis by PD-L1 expression (ATTRACTION-02). Abstr 617.
Foram apresentados dados atualizados de estudo de fase III (N = 493) que compara nivolumabe versus placebo em pacientes (orientais) com câncer de transição esôfago-gástrica ou estômago já tratados (mínimo de duas linhas). Num seguimento mediano de 15,7 meses, a taxa de sobrevida global em 12 e 24 meses foi de 27,6% e 12% para nivolumabe versus 11,6% e 5% para placebo, respectivamente (HR = 0,62, p < 0,0001). Taxa de resposta de nivolumabe foi de 12%. A expressão de PD-L1 não foi preditora de resposta nesta população.

Comentário: Ainda que este seja o primeiro estudo randomizado que demonstrou benefício de imunoterapia em câncer esofagogástrico, os resultados globais são modestos. Existe clara necessidade de identificar a população com maior chance de beneficio, como pacientes com tumores dMMR.

Abstract 2 – Mehnert JM. et al -Pembrolizumab for patients with PD-L1–positive advanced carcinoid or pancreatic neuroendocrine tumors: Results from the KEYNOTE-028 study. Abstr 417
A imunoterapia foi avaliada também em tumores neuroendócrinos, através das coortes de tumores carcinoides e pNET do estudo de fase 1b KEYNOTE-028. De 170 pacientes com tumores carcinoides e amostras tumorais disponíveis, 35 (20%) tinham tumores PD-L1 positivos; entre 106 pacientes com amostras tumorais avaliáveis para detecção de PD-L1, 26 (24%) pNETs foram positivos. As respostas objetivas foram observadas em 6% com pNET e em 12% dos pacientes com tumores carcinoides. Entre os pacientes que responderam, as durações da resposta foram de 20,3 meses para pNET e em tumores carcinoides foram de 9,2 meses.

Comentário: Em semelhança a resultados de outros estudos com inibidores de checkpoint em diferentes tumores sólidos, os resultados globais de pembrolizumabe em TNE bem diferenciados foi modesto. Porém um estudo que avaliou a imunogenicidade dos TNE demonstrou que o subgrupo molecular MLP (metastatic-likephenotype) em pNET está associado a maior expressão gênica de genes relacionados à imunidade, maior infiltrado de linfócitos B, T, Tregs e macrófagos (Young, ESMO 2017). Dessa forma, estudos clínicos com seleção de subgrupos de pacientes com tumores “imunogênicos” são muito importantes para guiar o tratamento com inibidores de checkpoint em pacientes com TNE.

Abstract 3 – Weinberg Z et al. KEYNOTE-059 Update: Efficacy and Safety of Pembrolizumab Alone or in Combination With Chemotherapy in Patients With Advanced Gastric or Gastroesophageal (G/GEJ) cancer . Abstract LBA28
O estudo Keynote 059, com dados de três coortes distintas de pacientes com câncer gástrico, mostrou resultados interessantes. A coorte 1 (N = 259) incluiu pacientes metastáticos, expostos a duas linhas de tratamento prévio. A coorte 2 (N = 25) incluiu pacientes em primeira linha de tratamento combinado com quimioterapia. Na coorte 3 (N = 31), pacientes tratados com pembrolizumabe isolado em primeira linha. A taxa de resposta na coorte 1 foi de 12% (16% entre os PDL-1 positivos e 6% entre os PD-L1 negativos). A sobrevida global mediana foi de seis meses nessa população. Na coorte 2, a combinação de quimioterapia com pembrolizumabe obteve resposta de 73% em paciente com expressão de PD-L1. Na coorte 3, pembrolizumabe isolado obteve taxa de resposta de 26% (PD-L1 positivos) e sobrevida global mediana de aproximadamente 20 meses.

Comentário: Estes dados preliminares de eficácia de pembrolizumabe em câncer gástrico são encorajadores, especialmente na primeira linha. PDL-1 não parece ser fator principal na predição de resposta — diferentemente de instabilidade de microssatélites. Estudos de fase III estão em andamento.

Abstract 4 – Picozzi VJ et al. Anti-CTGF human recombinant monoclonal antibody pamrevlumab increases resectability and resection rate when combined with gemcitabine/Nab-paclitaxel in the treatment of locally advanced pancreatic cancer patient. Abstr 1734
Estudo de fase 2 testou a combinação do anticorpo pamrevlumab com quimioterapia (gencitabina + nab-paclitaxel) versus quimioterapia isolada em 33 pacientes com adenocarcinoma de pâncreas localmente avançado, com intuito de viabilizar a cirurgia. Este anticorpo é um anti-CTGF (connective tissue growth factor) desenhado para agir e potencialmente reduzir a desmoplasia associada ao adenocarcinoma pancreático. A taxa de ressecção foi de 44% no braço com anticorpo versus 17% no braço de quimioterapia isolada.

Comentário: Este estudo foca numa população de difícil recrutamento e pouco explorada por estudos clínicos. Os resultados são promissores, especialmente a alta taxa de cirurgias R0/1. Resta saber se há impacto em sobrevida ou até mesmo cura com adição de pamrevlumab à quimioterapia, o que deve ser avaliado num estudo de fase III.

Abstract 5 –Al Batran S. et al. Docetaxel, oxaliplatin, and fluorouracil/leucovorin (FLOT) for resectable esophagogastric cancer: Updated results from multicenter, randomized phase 3 FLOT4-AIO trial (German Gastric Group at AIO). Abstr LBA27
Na ESMO 2017 foram apresentados dados atualizados e de análises de subgrupos do estudo de fase II/III FLOT4, em que 716 pacientes foram randomizados para FLOT (docetaxel, oxaliplatina, fluorouracila, leucovorin) ou regime padrão ECF/ECX (epirrubicina, cisplatina, fluorouracila ou capecitabina) como terapia perioperatória em câncer gástrico. FLOT foi superior ao regime padrão em pacientes idosos (> 70 anos), em tumores pequenos (cT2 ou CN0) e mesmo em tumores com presença de células em anel de sinete (menos responsivos à quimioterapia).

Comentário: FLOT perioperatório se consolida como regime-padrão para pacientes ECOG o ou 1 com câncer de esôfago distal/junção ou estômago ressecáveis.

Rachel Riechelmann, MD,Ph.D.
Médica oncologista e diretora do Departamento de Oncologia do AC Camargo Cancer Center, diretora científica do Grupo Brasileiro do Tumores Gastrointestinais