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SBOC REVIEW

ESMO 2017 — Tumores do Trato Gastrintestinal (Baixo)

Abstract 1 – Modest D et al. Sequential first-line therapy of metastatic colorectal cancer (mCRC) starting with fluoropyrimidine (FP) plus bevacizumab (Bev) vs. initial FP plus irinotecan (Iri) and BEV: German AIO KRK0110 (ML22011) study. Abst 486O
O estudo AIO KRK-0110 comparou tratamento com FP + Bev seguido, quando da progressão, por Iri + FP + Bev (grupo sequencial) com terapia inicial com Iri + FP + Bev (grupo concomitante). A idade mediana da população incluída foi de 70 anos. A não inferioridade do tratamento sequencial não foi demonstrada. Análise de subgrupo mostrou que pacientes com RAS/BRAF selvagem tiveram benefício significativo com o uso inicial de Iri. Por outro lado, no grupo RAS MT foi observada não inferioridade de FP + Bev inicial.

Comentário: Com uma população de pacientes mais idosos, o estudo sugere que, em doentes aptos a poliquimioterapia com indicação de antiangiogênico em primeira linha, o uso de doublet + Bev pode ser a opção preferencial, em especial se RAS e BRAF selvagem.

Abstract 2 – Mooi J et al. Consensus molecular subtypes (cms) as predictors of benefit from bevacizumab in first line treatment of metastatic colorectal cancer: Retrospective analysis of the MAX clinical Trial. Abst 479O
Análise retrospectiva correlacionou o subtipo molecular consensual (CMS) com SLP no estudo AGITG MAX, que previamente reportou benefício da adição de bevacizumabe (Bev) à quimioterapia com capecitabina ± mitomicina em pacientes com CCR metastático. Amostras de 51% da população original foram disponibilizadas para estudo da expressão gênica. O benefício de Bev foi mais evidente nos subtipos CMS 2 e 3, em comparação com CMS 1 e 4 (teste de interação entre CMS e tratamento, p = 0,03).

Comentário: CMS pode ser um biomarcador de eficácia do bevacizumabe, mas os resultados não estão em linha com o mostrado pelas subanálises dos estudos FIRE3 e CALGB 80405. A validação dos resultados em coortes independentes é necessária.

Abstract 3 – Geissler M et al. mFOLFOXIRI + panitumumab versus FOLFOXIRI as first-line treatment in patients with RAS wild-type metastatic colorectal cancer m(CRC): A randomized phase II VOLFI trial of the AIO (AIO-KRK0109). Abst 475O
O estudo de fase II VOLFI comparou mFOLFOXIRI + panitumumabe (braço A) com FOLFOXIRI (braço B) em 96 pacientes com CCR metastático. A taxa de resposta (TR), desfecho primário do estudo, foi 85,7% no braço A e 54,5% no braço B (p = 0,0013). Alta taxa de ressecção hepática secundária foi observada nos pacientes tratados com anti-EGFR. O aumento da TR com panitumumabe foi identificado apenas em tumores do cólon esquerdo. Eventos adversos graus 3-5 ocorreram em 45,3% e 24,2% dos pacientes nos braços A e B, respectivamente.

Comentário: O estudo mostrou alta resposta com o esquema com quatro fármacos, às custas de toxicidade importante. Pode ser opção em pacientes bem selecionados — jovens, com tumores do cólon direito, RAS selvagem, PS 0-1 e alta necessidade de citorredução.

Abstract 4 – Bennouna J et al. Bevacizumab (Bev) or cetuximab (Cet) plus chemotherapy after progression with bevacizumab plus chemotherapy in patients with wild-type (WT) KRAS metastatic colorectal cancer (mCRC): Final analysis of a French randomized, multicenter, phase II study (PRODIGE 18). Abst 477O
O estudo de fase II PRODIGE 18 incluiu pacientes com CCR metastático KRAS exon 2 selvagem em progressão após quimioterapia de primeira linha com doublet + Bev. Os pacientes foram tratados com mFOLFOX6 ou FOLFIRI + Bev (braço A) ou mFOLFOX6 ou FOLFIRI + Cet (braço B). A SLP em quatro meses, desfecho primário do estudo, foi de 7,1 meses no braço A e 5,6 meses no braço B (p = 0,06). A sobrevida mediana foi de 15,8 meses no braço A e 10,4 meses no braço B (p = 0,073).

Comentário: O estudo sugere benefício da continuação de Bev pós-progressão em pacientes KRAS exon 2 selvagem inicialmente tratados com doublet + Bev. Reforça-se a sugestão de que o impacto do tratamento de segunda linha seja influenciado pela terapia inicial. Contudo, não se considerou lateralidade na decisão do esquema terapêutico, o que limita a aplicabilidade do estudo.

Abstract 5 – Grothey A et al. Prospective pooled analysis of six phase III trials investigating duration of adjuvant (adjuv) oxaliplatin-based therapy (3 vs 6 months) for patients (pts) with stage III colon cancer (CC): Updated results of IDEA (International Duration Evaluation of Adjuvant chemotherapy). Abst LBA21_PR
O estudo IDEA é uma colaboração internacional de seis estudos de fase III que comparou a duração do tratamento adjuvante com FOLFOX ou CAPOX em pacientes com CCR. A análise primária do estudo não provou não inferioridade do tratamento por três meses, quando comparado com seis meses de quimioterapia. No subgrupo tratado com CAPOX, não inferioridade do tratamento por três meses foi demonstrada. Quando estratificados por risco, não inferioridade do tratamento por três meses foi observada nos pacientes T1-3N1 tratados com CAPOX, mas não com FOLFOX. Em doentes de alto risco (T4 ou N2) expostos a CAPOX, a diferença entre os grupos de três e seis meses foi mínima (HR 1,02, IC 95% 0,89-1,17), mas o limite superior do intervalo de confiança superou o limite de 1,12 estabelecido para documentar não inferioridade. Já em doentes de alto risco tratados com FOLFOX, três meses foram inferiores a seis meses.

Comentário: Os dados indicam que três meses de CAPOX são o regime preferencial em doentes de baixo risco, devido a menor toxicidade e menor custo em relação a esquemas mais prolongados. Em pacientes de risco alto, podem ser considerados terapia com CAPOX por três meses, ou seis meses de CAPOX ou FOLFOX.

 

Duílio Rocha Filho, MD, MsC, Ph.D.
Médico oncologista, chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Universitário Walter Cantídio/UFC-CE, Diretoria do Grupo Brasileiro do Tumores Gastrointestinais