Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

ESMO 2017 — Tumores do Trato Geniturinário

Abstract 1 – Karim Fizazi, Patient preference between Cabazitaxel and Docetaxel for first-line chemotherapy in metastatic castration-resistant prostate cancer: results from the CABADOC randomized trial

O CABADOC é um estudo randomizado envolvendo 195 pacientes com câncer de próstata metastático refratário à castração (mCPRP). Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber docetaxel, 75 mg/m2/q3w x 4, seguido de cabazitaxel, 25mg/m2/q3w x 4, ou a sequência reversa. O desfecho primário foi a preferência do paciente entre os taxanos. Entre esses pacientes, a idade mediana foi de 70 anos e a mediana de PSA foi de 49 ng/mL. A população elegível para o desfecho primário foi de 150 pacientes. Entre eles, 66 preferiram cabazitaxel [44% IC = (36-52)], 40 preferiram docetaxel [27% IC = (20-34)] e 44 não manifestaram preferência entre os taxanos [29% IC = (22-37)] (p = 0,009). Uma maior proporção de pacientes preferiu o primeiro taxano recebido (44% IC = [36-52]) versus o segundo taxano (27% IC = [20-34]), ou não apresentou preferência (29% IC = [22 -37]).

Comentário: Neste estudo de preferência do paciente envolvendo homens com mCPRC que receberam quimioterapia baseada em taxano, uma maior proporção preferiu o cabazitaxel em vez de o docetaxel. Menos fadiga e melhor qualidade de vida foram os dois principais motivos justificados pelos pacientes para sua escolha.

 

Abstract 2 – Matthew Sydes, Adding abiraterone acetate plus prednisolone or docetaxel for patients with high-risk prostate cancer starting long-term androgen deprivation therapy: directly randomized data from STAMPEDE

A imunoterapia tem sido centro das atenções em diversos segmentos da oncologia. Recente análise do STAMPEDE comparou diretamente abiraterona + prednisolona versus docetaxel + prednisolona em pacientes com câncer de próstata de alto risco que iniciaram terapia de privação andorgênica (TPA). O objetivo deste estudo foi avaliar diretamente os resultados dos pacientes submetidos a TPA + abiraterona + prednisolona ou TPA + docetaxel + prednisolona. Foram randomizados 566 pacientes para TPA + docetaxel e 377 pacientes para TPA + abiraterona. Não houve diferença em sobrevida global [HR 1,16 (IC 95%: 0,82-1,65)], a sobrevida livre de falha foi de HR 0,51 (IC 95%: 0,39-0,67), a sobrevida livre de progressão foi de HR 0,65 (IC 95%: 0,48-0,88), ambos favorecendo abiraterona. Os autores concluíram que, nesta análise analítica direta e aleatória de dois novos padrões para o cuidado de câncer de próstata com alto risco e hormônio nativo, a sobrevivência livre de falência e a livre liberação de progressão favoreceram TPA + abiraterona. Embora não seja estatisticamente significativo, a combinação TPA + abiraterona também favoreceu a sobrevivência livre de metástase e sobrevivência do evento esquelético, enquanto a sobrevivência geral favoreceu TPA + docetaxel. Em última análise, neste momento, a disponibilidade de medicamentos pode ser o principal critério da escolha do tratamento.

Comentário: A abiraterona, apesar de ter se mostrado superior em sobrevida livre de falha e sobrevida livre de progressão, não apresentou diferença em sobrevida global e sobrevida livre de metástases. Devemos levar em conta a diferença entre os perfis de toxicidade na escolha do tratamento.

 

Abstract 3 – Nicholas D. James, Adding abiraterone for patients with high-risk prostate cancer (PCa) starting long-term ADT: Outcomes in non-metastatic (M0) patients from STAMPEDE

O estudo Stampede analisou os resultados dos pacientes com doença M0. Os pacientes foram randomizados 1:1 para terapia de deprivação androgênica (TDA) ou TDA + abiraterona + prednisolona. Foram randomizados 915 pacientes com doença M0, de novembro de 2011 a janeiro de 2014. A sobrevida livre de falha (SLF) foi melhor nos pacientes N0M0 que receberam TDA + abiraterona (HR 0,14, IC 95%: 0,07-0,30). Em três anos, 80% dos pacientes que receberam TDA isolado se mantiveram livres de falha de tratamento, versus 98% para os que receberamTDA + abiraterona. Considerando os pacientes com N + M0, a SLF também foi melhor naqueles que receberam TDA + abiraterona em comparação com TDA isolada (HR 0,26, IC 95%: 0,17-0,40). As estimativas de sobrevida livre de metástase (SLM) também foram favoráveis para TDA + abiraterona em ambos os subgrupos: N0M0 HR = 0,62 (IC 95%: 0,33-1,14), N + M0 (HR = 0,47) (IC 95%: 0,29-0,78). As estimativas de sobrevida global ainda são imaturas.

Comentário: Os resultados clínicos para todos os pacientes M0 que receberam TDA + abiraterona foram excelentes, e esta pode ser considerada uma opção de tratamento para aqueles pacientes com doença inicial de mal prognóstico.

 

Abstract 4 – Toni K. Choueiri, Progression-free survival by independent review and updated overall survival results from Alliance A031203 trial (CABOSUN): cabozantinib versus sunitinib as initial targeted therapy for patients with metastatic renal cell carcinoma

O estudo CABOSUN randomizou cabozantinibe versus sunitinibe como tratamento de primeira linha em pacientes com carcinoma de células renais metastático (mRCC). Foram randomizados 157 pacientes para cabozantinibe, 60 mg (n = 79), ou sunitinibe, 50 mg (n = 78). As análises de sobrevida livre de progressão (SLP) foram realizadas por um comitê independente de radiologia. A SLP foi significativamente maior para os pacientes que receberam cabozantinibe em comparação com o sunitinibe (mediana 8,6 vs 5,3 meses, HR 0,48, IC 95% 0,31 a 0,74). A análise de sobrevida global atualizada apresentou uma mediana de 26,6 meses para os que receberam cabozantinibe versus 21,2 meses para o braço sunitinibe (HR 0,79, IC 95% 0,53-1,2). A incidência de eventos adversos de graus 3 ou 4 foi de 68% com cabozantinibe e 65% com sunitinibe.

Comentário: Na atualização dos dados do CaboSun, o cabozantinibe permaneceu com melhor SLP, porém, além de maior toxicidade, ainda não evidenciou benefício em sobrevida global em relação ao sunitinibe.

 

Abstract 5 – Bernard Escudier, CheckMate 214: Efficacy and safety of Nivolumab + Ipilimumab vs Sunitinibe for treatment-naïve advanced or metastatic renal cell carcinoma, including IMDC risk and PD-L1 expression subgroups
Estudo de fase III CheckMate 214 avaliou nivolumabe + ipilimumabe vs sunitinibe em pacientes com câncer de rim metastástico virgens de tratamento (mRCC). Foram randomizados 1096 pacientes para nivolumabe + ipilimumabe (n = 550) versus sunitinibe (n = 546). O acompanhamento mediano foi de 25,2 meses. A taxa de resposta objetiva (TR) foi de 40%, em pacientes com risco intermediário/alto foi de 42% (9,4% de resposta completa) para os pacientes que receberam nivolumabe + ipilimumabe, contra 27% nos que receberam sunitinibe (p < 0,0001). A duração mediana da resposta não foi alcançada para o braço de nivolumabe + ipilimumabe (NR, IC 95% 22-NR meses) contra 18 meses (IC 95% 15-NR) no braço sunitinibe. A SLP mediana para pacientes com risco intermediário/alto foi de 11,6 meses para o nivolumabe + ipilimumabe versus 8,4 meses para o sunitinibe (HR 0,82, IC 99,1% 0,64-1,05), enquanto a sobrevida global mediana não foi atingida para nivolumabe + ipilimumabe em comparação com 26,0 meses para o sunitinibe (HR 0,63, IC 99,8% 0,44-0,89). Curiosamente, para os pacientes de risco favoráveis (IMDC), TR e SLP favoreceram significativamente o sunitinibe. Os resultados diferiram pela expressão de PD-L1 e grupo de risco do IMDC. A TR foi melhor nos pacientes que receberam nivolumabe + ipilimumabe vs o sunitinibe em pacientes com risco intermediário/alto e com expressão de PD-L1 ≥ 1%. Um benefício significativo de SLP com nivolumabe + ipilimumabe vs sunitinibe foi observado em pacientes com PD-L1 ≥ 1%. Os resultados de qualidade de vida favoreceram o nivolumabe + ipilimumabe.
Comentários: O estudo CheckMate 214 coloca nivolumabe + ipilimumabe como o novo standart na primeira linha de câncer de rim metastático virgens de tratamento. Especialmente naqueles com risco intermediário e alto pelos critérios do IMDC.

 

Raphael Brandão MD.
Médico oncologista, diretor cientifico do Grupo Oncoclínicas, oncologista clínico do CPO e Hospital Oswaldo Cruz, ex-fellow do Dana-Farber Cancer Institute/Harvard Medical School