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SBOC REVIEW

ESMO 2023 – SISTEMA NERVOSO CENTRAL

1) Blumenthal, D., et al. “498O INDIGO: A randomized, double-blinded, phase III study of vorasidenib versus placebo in IDH1 or IDH2 low-grade glioma.” Annals of Oncology 34 (2023): S391
2) Lombardi, G., et al. “507MO REGOMA-OS: A large Italian multicenter, prospective, observational study analyzing regorafenib efficacy and safety in recurrent glioblastoma patients.” Annals of Oncology 34 (2023): S395.
3) Anuradha, P., et al. “530P Ultra low bevacizumab (BEVULTRA-100) as a novel approach in symptomatic management of high grade glioma: Can minimal dose make a difference?.” Annals of Oncology 34 (2023): S403.

1. INDIGO: Um estudo randomizado, duplo-cego, de fase III, comparando vorasidenibe com placebo em glioma de baixo grau com mutação no IDH1 ou IDH2.

Trata-se da segunda análise interina dos resultados do estudo anteriormente apresentado na plenária da ASCO 2023. Nele, pacientes portadores de glioma de baixo grau com mutação no IDH, que apresentavam resíduo ou recorrência e não haviam recebido tratamento prévio, exceto cirurgia, foram randomizados 1:1 para receber Vorasidenibe ou placebo, sendo estratificados por status 1p19q e tamanho do tumor. O desfecho primário do estudo foi a sobrevida livre de progressão radiológica (PFS), e o desfecho secundário foi o tempo até a segunda intervenção (TTNI).

A PFS mediana foi de 27,7 meses para o grupo Vorasidenibe e 11,1 meses para o grupo placebo (HR 0,39, IC 95% 0,27-0,56; P unilateral = 0,000000067). O tempo até o segundo tratamento não foi alcançado no braço Vorasidenibe, em comparação com 17,8 meses no grupo placebo (HR 0,26, IC 95% 0,15–0,43; P unilateral = 0,000000019). Houve benefício em todos os subgrupos a favor do Vorasidenibe, com toxicidades aceitáveis e facilmente manejáveis.

Como conclusão, o Vorasidenibe foi capaz de prolongar a sobrevida livre de progressão e adiar tratamentos, com potenciais efeitos colaterais, como a radioterapia, em uma população de pacientes jovens com idade mediana de 40 anos.

 

2. REGOMA-OS: Um amplo estudo observacional prospectivo multicêntrico italiano analisando a eficácia e segurança do regorafenibe em pacientes com glioblastoma recorrente.

No estudo clínico de fase 2 REGOMA, publicado na The Lancet, o regorafenibe (REG) demonstrou atividade promissora em comparação com a Lomustina em pacientes com glioblastoma (GBM) recorrente. Com o objetivo de validar os dados do REGOMA em um contexto do mundo real, foi conduzido este estudo observacional prospectivo multicêntrico. Os pacientes portadores de glioblastoma, conforme a classificação da OMS 2016, com recidiva após o tratamento com radioterapia concomitante à Temozolomida, seguida de Temozolomida de manutenção (protocolo Stupp). O Regorafenibe foi administrado na dose padrão de 160 mg/dia por 3 semanas, com uma semana de intervalo.

Entre setembro de 2020 e outubro de 2022, 192 pacientes com glioblastoma recorrente foram incluídos em 29 centros de câncer na Itália. Os resultados indicaram uma mediana de sobrevida global de 8,2 meses e uma sobrevida livre de progressão mediana de 2,6 meses. Eventos adversos de grau 3-4 ocorreram em 28% dos pacientes, resultando em redução em 36% e descontinuação permanente em 8%.

Em resumo, foram encontrados resultados semelhantes ao ensaio clínico de fase II do REGOMA, porém, ainda há a necessidade de estudo fase 3. O papel do Regorafenibe permanece incerto principalmente na população exposta previamente ao Bevacizumabe.

 

3. Bevacizumabe ultra low no manejo sintomático de gliomas de alto grau

O Bevacizumabe falhou repetidamente em melhorar a sobrevida em pacientes portadores de glioblastoma recém-diagnosticados e recorrentes. No entanto, o bevacizumabe desempenha um papel no controle de sintomas relacionados ao edema peritumoral, embora a dose ótima ainda não tenha sido estabelecida. Neste estudo prospectivo, de braço único e intervencionista, foram incluídos 117 pacientes com gliomas de alto grau tratados com quimioterapia e radioterapia como modalidade primária de julho de 2013 a abril de 2023. Todos os pacientes receberam Bevacizumabe em baixa dose, 100 mg uma vez por mês, em combinação com temozolomida oral. Todos os pacientes toleraram bem, sem toxicidades significativas, e nenhum deles apresentou sangramento intracraniano ou tumoral. O uso de esteroides foi significativamente reduzido em mais de 90% dos pacientes tratados com Bevacizumabe, resultando em melhoria na qualidade de vida. Um padrão semelhante foi observado nos parâmetros de imagem, incluindo a redução do edema pós-tratamento. Este estudo piloto visa fornecer uma prova de conceito para o uso de Bevacizumabe em baixa dose no manejo de alterações pós-tratamento em gliomas de alto grau.

 

Avaliador científico:

Dr. João Vitor Gregório

Oncologista Clínico da Oncologia D`or

Oncologista Clínico do ICESP