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SBOC REVIEW

ESPAC-4: Gencitabina + Capecitabina na adjuvância de câncer de Pâncreas

Monoterapia com gencitabina tem sido nosso padrão de tratamento adjuvante em câncer de pâncreas. Entretanto, fica clara a necessidade de melhor alternativa quando observamos taxas de SG em 5 anos costumeiramente reportadas entre 10-20%. Ademais, a combinação de gencitabina com capecitabina já foi testada no cenário paliativo, mostrando maiores taxa de resposta e de SLP com perfil de toxicidade aceitável. O ESPAC-4 foi um estudo europeu multicêntrico, aberto, de fase 3 que aleatorizou 730 pacientes ECOG <= 2, pós ressecção R0 ou R1, para receberem tratamento adjuvante com gencitabina isolada ou associada a capecitabina 1660mg/m2/dia por dia, por 21 dias, a cada 4 semanas. Após um seguimento médio de 43,2 meses, a SG foi maior com a combinação (28,0 vs. 25,5 meses, HR 0,82; 95%CI 0,68–0,98, p=0,032). Embora a maioria dos pacientes (60%) apresentassem margem comprometida, foi no subgrupo de pacientes com margem negativa que se encontrou maior benefício em SG (R1: 23,0 vs. 23,7 meses; R0: 27,9 vs. 39,5 meses, monoterapia e combinação respectivamente). A SLR foi de 13,9 meses com gencitabina+capecitabina e 13,1 meses com gencitabina isolada (p = 0,082). Cerca de um quarto dos pacientes em ambos os grupos apresentaram eventos adversos graves relacionados ao tratamento. Neutropenia G3/4 (38 vs. 24%), diarreia G3/4 (5 vs. 2%) e síndrome mão-pé (7 vs. 2%) foram mais frequentes com a combinação, porém a qualidade de vida não diferiu entre os grupos.

Neoptolemos e cols. Lancet 2017 Lancet. 2017 Jan 24. PMID: 28129987

Comentário: A associação de gencitabina + capecitabina traz um avanço no tratamento adjuvante do câncer de Pâncreas, embora modesto. A monoterapia ainda é alternativa aceitável, principalmente em pacientes com performance limítrofe ou comorbidades. O estudo estimula a discussão do papel da radioterapia em pacientes com margens comprometidas e também aumenta a nossa expectativa quanto a outras combinações na adjuvância.

Allan Andresson L. Pereira, MD, PhD

Post-doctoral fellow in GI Oncology at University of Texas – M.D. Anderson Cancer Center. Oncologista clínico do grupo de tumores gastrointestinais do ICESP/FMUSP. Doutor em Ciências Médicas (Oncologia) pela USP e ex-residente de oncologia do Hospital Sírio-Libanês.