Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Especial ASCO 2023 – Cuidados Paliativos

O impacto de eventos adversos financeiros na utilização dos cuidados de saúde e custos de tratamento no final da vida.

Chipo Natasha Kwendakwema et al. The impact of adverse financial events on healthcare utilization and treatment costs at the end of life. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 6517)

Os eventos adversos financeiros geralmente são maiores em pacientes com câncer, comparado com indivíduos semelhantes sem câncer. Os dados ainda são imaturos, sobre o impacto dos eventos adversos financeiros no tratamento do câncer, em especial, nos pacientes em fase final de vida. Esse estudo teve o objetivo principal de avaliar a associação entre os eventos adversos financeiros, cuidados de saúde e custos de saúde em pacientes com câncer, em fase final de vida. Foram incluídos mais de 13 mil pacientes, média de 75 anos, na maioria homens. Cerca de 15% tinham eventos adversos financeiros. Os óbitos foram avaliados por cerca de seis anos, em que eles adquiriram seguro saúde ou assistência médica especializada nos últimos seis meses que antecederam à morte. Foram avaliados os cuidados de saúde e custos de saúde, nos últimos três e seis meses de vida de pacientes com eventos adversos financeiros ou não. Os pacientes com a presença de eventos tinham uma maior necessidade de cuidados de saúde e consequentemente geravam maiores custos médios de saúde. O estudo sugere a necessidade de abordar as dificuldades financeiras de cada paciente e reforça a importância de incluir os cuidados paliativos quando o paciente ainda goza de boa performance, pois assim pode reduzir a necessidade de cuidados de saúde e custos de saúde, em fase final de vida, tornando-se essa experiência individual mais satisfatória.

Mudanças longitudinais avaliadas e relatadas por pacientes com câncer nos últimos 6 meses de vida: Um estudo de caso-controle.

Samantha Tam et al. Longitudinal changes in patient reported outcome measures in patients with cancer six months prior to death: A case-control study. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 1585)

Uma das maiores dificuldades em cuidados paliativos é saber quando os pacientes com câncer entram na sua fase terminal da doença e isso pode impactar nos seus desejos individuais nessa fase da vida. Esse estudo busca trazer melhorias nesse cenário, trazendo informações importantes sobre o fim da vida e facilitando a inclusão dos cuidados paliativos em momento mais precoce. O estudo traz a medição de resultados relatados pelos pacientes, focado em função física, interferência da dor e fadiga. A frequência dessa avaliação refletiu as visitas oncológicas dos pacientes. Era um estudo retrospectivo de caso-controle com pacientes que morreram dentro de seis meses, após essa avaliação, comparados ao grupo controle, que estavam vivos no momento da morte do caso. Os 274 casos foram comparados aos 270 controles, que, nos três pontos avaliados, demonstrou sintomas mais graves nos pacientes que foram à óbito. Esses resultados demonstram que existe uma necessidade de entender melhor essa avaliação na terminalidade, além de mostrar a importância da introdução dos cuidados paliativos o mais breve possível.

Uso de caminhos clínicos para identificar pacientes com câncer que podem se beneficiar de conversas sobre doenças graves.

Cody E Cotner et al. Use of clinical pathways to identify patients with cancer who may benefit from serious illness conversations. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 12027)

Identificar os pacientes com câncer que apresentam prognóstico não satisfatório de modo objetivo possibilita a tomada de decisões mais rápidas, impactando o desfecho de maneira positiva. Esse estudo trouxe a experiência própria, no qual foram avaliados os pacientes com um cenário desfavorável, ou seja, sobrevida global menor que 12 meses, e que consequentemente mereciam uma conversa direcionada sobre a sua doença, além do tratamento individualizado. Tais pacientes foram avaliados em forma de navegação, para otimização do tempo, com registro médico eletrônico dessa conversa direcionada, em um cuidado de seis meses e data da morte se registrada. Foram realizadas mais de 10 mil navegações para mais de 7 mil pacientes. A navegação pode contribuir de forma importante para a oncologia clínica, pois esse estudo demonstrou que ainda existe deficiência em identificar esses pacientes de modo breve, trazendo desfechos não favoráveis.

O impacto da qualidade no hospice após o início de um programa interno de cuidados paliativos.

Amy Foster et al. The impact on hospice quality after initiation of an internal palliative care program by a community oncology practice. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr e18720)

O hospice será sempre um bom caminho para pacientes oncológicos em fase de final de vida. Desenvolver com mais estrutura esse cenário no Brasil, possibilitará melhor cuidado aos nossos pacientes oncológicos. Esse estudo buscou mostrar a importância de um programa interno de cuidados paliativos no hospice. Foi sugerido uma melhora no cuidado em fase de final de vida, através de um cuidado paliativo interno em tempo integral. Obviamente, precisamos de mais estudos, para avaliar como o hospice pode ajudar ainda mais os cuidados paliativos, mas um caminho já vem sendo aberto.

Chipo Natasha Kwendakwema et al. The impact of adverse financial events on healthcare utilization and treatment costs at the end of life. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 6517)………………………………………………………………………………………………..1

Samantha Tam et al. Longitudinal changes in patient reported outcome measures in patients with cancer six months prior to death: A case-control study. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 1585)…………………………………………………………………………………………………………………………………..2

Cody E Cotner et al. Use of clinical pathways to identify patients with cancer who may benefit from serious illness conversations. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr 12027)…………………………………………………………………………………….. ……..3

Amy Foster et al. The impact on hospice quality after initiation of an internal palliative care program by a community oncology practice. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 16; abstr e18720)……………………………………………………………………………………………..4

 

Avaliador científico:

Dr. Moisés de Sousa Martins Lopes

Residência Médica em Oncologia Clínica pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC)

Oncologista Clínico do Hospital Rio Grande, Hospital do Coração, Oncoclínicas São Marcos e Clínica de Oncologia e Mastologia de Natal.

Membro da European Society for Medical Oncology (ESMO)