SBOC REVIEW
Especial ASCO 22 – Tumores do Sistema Nervoso Central
Análise primária de um estudo de fase II de dabrafenibe e trametinibe (dab + tram) em glioma de baixo grau pediátrico com mutação de BRAF V600
Resumo do artigo:
Este estudo de fase II avaliou o papel do inibidor de BRAF dabrafenibe e o inibidor de MEK trametinibe em portadores de glioma de baixo grau na população pediátrica com progressão de doença após cirurgia ou não candidatos a cirurgia que necessitavam de tratamento sistêmico pelo risco de comprometimento neurológico. Foram randomizados 110 pacientes (1 a 18 anos) para receber dab + tram (n=73) versus tratamento padrão com carboplatina e vincristina (n=37). Após um seguimento mediano de 18,9 meses a taxa de resposta objetiva avaliada por comitê independente pelos critérios de RANO (objetivo primário do estudo) foi de 47% no braço experimental; e de 11% no braço da quimioterapia (odds ratio, 7,2; IC 95% 2,3-22,4; P <0,001). Outros desfechos secundários mostraram-se favoráveis ao braço experimental como taxa de benefício clínico (RC, RP, DE) 86% vs 46% (OR, 7,4; IC 95% 2,9-18,8) e tempo livre de progressão 20,1 meses vs 7,4 meses (hazard ratio, 0,31; IC 95%, 0,17-0,55; P <0,001). A toxicidade da associação dabrafenibe e trametinibe ficou dentro do esperado, com perfil de classe já conhecido; sendo essa associação uma estratégia promissora no tratamento de primeira linha dos pacientes pediátricos portadores de glioma de baixo grau com mutação V600.
Bouffet E, et al. Primary analysis of a phase II trial of dabrafenib plus trametinib (dab + tram) in BRAFV600–mutant pediatric low-grade glioma (pLGG). Abstract LBA 2002.
Análise primária de um estudo de fase II de dabrafenibe e trametinibe (dab + tram) em glioma de baixo grau pediátrico com mutação de BRAF V600.
Intramuscular (IM) INO-5401 + INO-9012 com eletroporação (EP) em combinação com cemiplimabe (REGN2810) em glioblastoma recém-diagnosticado
Resumo do artigo:
Pacientes portadores de glioblastoma recém diagnosticados, foram submetidos a combinação do anti-PD-1 cemiplimabe a dois agentes experimentais INO-5401 (plasmídeo de DNA sintético que codifica hTERT, WT-1, PSMA) + INO-9012 (plasmídeo de DNA sintético que codifica IL-12). Trata-se de um estudo de fase I/II, de braço único, onde duas coortes foram avaliadas (Coorte A – MGMT não metilado; Coorte B – MGMT metilado). Os participantes eram submetidos a 4 doses de INO-5401 + INO-9012 a cada 3 semanas e posteriormente a cada 9 semanas, em combinação a cemiplimabe a cada 3 semanas. Todos os pacientes realizaram radioterapia hipofracionada (40Gy em 3 semanas) concomitante a temozolomida (TMZ), seguida de TMZ de manutenção na coorte B (MGMT metilado). Foram analisados 52 pacientes (32 coorte A, 20 coorte B), a maioria dos eventos adversos foi de grau ≤ 2 e não foi reportado nenhum evento ≥ 4. A sobrevida mediana nas coortes A e B foi de 17,9 meses (IC 95% 14,5-19,8) e 32,5 meses (IC 95% 18,4-não alcançado), respectivamente. A imunogenicidade foi avaliada quantificando as respostas imunes celulares periféricas específicas de INO-5401. Através de IFN-g ELISpot e citometria de fluxo que revelou células T CD4+CD69+PD1+ e CD8+CD69+PD1+ ativadas, específicas do antígeno. Ambas as coortes exibiram HR < 1,0 e p < 0,5, o que se traduziu em redução do risco de morte de 23% e 28%, respectivamente. Em conclusão a combinação de INO-5401 + INO-9012 tem um perfil de risco/benefício aceitável e provoca respostas imunes robustas que se correlacionam com a sobrevida aumentada quando administrado com cemiplimabe e RT/TMZ a pacientes com GBM recém-diagnosticados.
Reardon DA. Et a. Intramuscular (IM) INO-5401 + INO-9012 with electroporation (EP) in combination with cemiplimab (REGN2810) in newly diagnosed glioblastoma. Abstract 2004.
Intramuscular (IM) INO-5401 + INO-9012 com eletroporação (EP) em combinação com cemiplimabe (REGN2810) em glioblastoma recém-diagnosticado.
Controle de longo prazo e segurança do larotrectinibe em uma coorte de pacientes adultos e pediátricos com tumores primários do sistema nervoso central (SNC) com fusão do receptor da tropomiosina quinase (TRK)
Resumo do artigo:
Sacituzumabe govitecan é um anticorpo conjugado anti-Trop-2 aprovado para câncer de mama metastático triplo negativo tratado com 2 ou mais terapias anteriores.
Este artigo de coorte teve como base os estudos SCOUT (NCT02637687) e NAVIGATE (NCT02576431) onde foram identificados 38 pacientes adultos e pediátricos com tumores do SNC com fusão de TRK assim distribuídos: gliomas de alto grau (n=23), gliomas de baixo grau (n=9) e outros (n=6). A idade mediana foi de 10.8 anos, e a fusão mais prevalente foi de NTRK2 (n=28). Foram expostos a ≥2 linhas de tratamentos prévios 16 pacientes (42%). A taxa de resposta objetiva foi de 30% (IC 95% 16–47): três respostas completas, oito respostas parciais. O controle de doença em 24 meses foi de 73% (IC 95% 56–86), com tempo médio para resposta de 1,9 meses. A sobrevida livre de progressão mediana (SLP) foi de 16,5 meses (IC 95% 6,7 – não alcançado); com seguimento de 27,4 meses e a sobrevida global em 24 meses foi de 65%. Nenhum paciente abandonou o tratamento por efeito adverso relacionado a droga. Larotrectinibe alcançou alta taxa de controle de doença com respostas rápidas e duradouras, e com perfil de toxicidade aceitável nos pacientes com tumores primários do SNC e fusão de TRK.
Perreault S, et al. Long-term control and safety of larotrectinib in a cohort of adult and pediatric patients with tropomyosin receptor kinase (TRK) fusion primary central nervous system (CNS) tumors. Abstract 2010.
Controle de longo prazo e segurança do larotrectinibe em uma coorte de pacientes adultos e pediátricos com tumores primários do sistema nervoso central (SNC) com fusão do receptor da tropomiosina quinase (TRK).
Risco de hemorragia intracraniana com uso de anticoagulantes orais versus heparina de baixo peso molecular em glioblastoma: um estudo de coorte retrospectivo
Resumo do artigo:
Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, conduzido em uma única instituição em pacientes portadores de glioblastoma diagnosticados com tromboembolismo venoso de 2014-2021 que foram tratados com HBPM ou anticoagulantes orais (ACO). A incidência cumulativa de hemorragia intracraniana (HIC) clinicamente relevante em 30 dias foi de 0% (0/33) no grupo ACO e 9% (8/88) no grupo HBPM (p = 0,11). A incidência cumulativa de HIC clinicamente relevante em 6 meses foi de 0% (0/32) no grupo ACO e 24% (18/75) no grupo HBPM (p = 0,001), sendo 4 casos de HIC fatais no grupo HBPM. Esses dados suportam o uso de dos anticoagulantes orais como uma alternativa segura a heparina de baixo peso nos pacientes portadores de glioblastoma.
Reed-Guy L, et al. Risk of intracranial hemorrhage with direct oral anticoagulants versus low molecular weight heparin in glioblastoma: A retrospective cohort study. Abstract 2015.
Risco de hemorragia intracraniana com uso de anticoagulantes orais versus heparina de baixo peso molecular em glioblastoma: um estudo de coorte retrospectivo.
Estudo randomizado de fase II comparando radioterapia crânio-espinhal com prótons (pCSI) com radioterapia de campo envolvido por fótons (IFRT) para pacientes com metástase leptomeníngea (LM) de tumor sólido
Resumo do artigo:
Este estudo de fase II, randomizou 63 pacientes portadores de câncer de mama (43%) e câncer de pulmão não pequenas células (57%) com metástase leptomeníngea a receber radioterapia crânio-espinhal com prótons (pCSI, n=42) vs tratamento padrão com radioterapia de campo envolvido com fótons (IFRT, n=21). Comparado a terapia padrão, a radioterapia de crânio e neuro-eixo com prótons resultou em aumento no tempo livre de progressão em SNC (7,5 meses vs 2,3 meses), com ganho em sobrevida global (9,9 meses vs 6,0 meses) e toxicidades comparáveis entre os braços. Este é o primeiro estudo randomizado de radioterapia para metástase leptomeníngea demonstrando benefício em PFS SNC de pCSI vs IFRT.
Yang JT, et al. Phase II randomized study comparing proton craniospinal irradiation with photon involved-field radiotherapy for patients with solid tumor leptomeningeal metastasis. Abstract 2000.
Estudo randomizado de fase II comparando radioterapia crânio-espinhal com prótons (pCSI) com radioterapia de campo envolvido por fótons (IFRT) para pacientes com metástase leptomeníngea (LM) de tumor sólido.
Avaliador científico:
Dr. João Vitor Gregório
Residência médica em oncologia clínica no Hospital Sírio-Libanês
Oncologista clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, da Oncologia D’Or, da Clínica
OncoStar e do Hospital São Luiz São Caetano – Rede D’Or