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SBOC REVIEW

ESPECIAL ESMO 2019: Cabazitaxel versus Abiraterona ou Enzalutamida em câncer de próstata metastático

Resumo do artigo:
Apesar dos diversos avanços e aprovações de novas drogas para pacientes com câncer de próstata metastático castração-resistente, há poucos dados sobre a melhor sequência de tratamento. Uma das questões ainda em aberto é sobre como sequenciar tratamentos com diferentes mecanismos de ação, como por exemplo agentes quimioterápicos (docetaxel e cabazitaxel) e terapias hormonais de nova geração (enzalutamida e abiraterona).

Neste estudo, Wit e colaboradores trazem os resultados de um estudo de fase 3 randomizado (1:1) que avaliou a eficácia de cabazitaxel versus terapia antiandrogênica (enzalutamida ou abiraterona) em pacientes com câncer de próstata metastático castração-resistente que já haviam recebido – em qualquer ordem – docetaxel e pelo menos uma terapia hormonal de nova geração (ou enzalutamida ou abiraterona). Todos os pacientes deveriam ter progredido à terapia antiandrogênica previa em um período < 12 meses. O endpoint primário desse estudo era sobrevida livre de progressão radiológica, e os secundários eram sobrevida global, taxa de resposta e segurança.

Foram randomizados 255 pacientes (129 no braço cabazitaxel e 126 no braço terapia antiandrogênica). Com uma mediana de seguimento de 9.2 meses, o estudo demonstrou superioridade para o braço cabazitaxel em todos os endpoints de eficácia. A mediana de sobrevida livre de progressão radiológica foi de 8.0 meses para cabazitaxel versus 3.7 meses para terapia antiandrogênica (HR 0.54; IC 95%, 0.40 – 0.73; p<0.001). A sobrevida global também favoreceu o braço com quimioterapia 13.6 meses versus 11.0 meses, com uma diminuição do risco de morte de 36% (IC 95%, 0.46 – 0.89; p=0.08). Análises post hoc demonstraram que a vantagem para o braço quimioterapia se manteve independentemente se a terapia antiandrogênica usada era abiraterona ou enzalutamida. Diminuição do PSA em mais de 50% foi vista em 35.7% e 13.5% dos pacientes que receberam quimioterapia e terapia antiandrogênica, respectivamente (p<0.001).

O percentual de eventos adversos sérios foi semelhante entre os dois braços (38.9% para quimioterapia e 38.7% para terapia antiandrogênica), entretanto, efeitos adversos que levaram à descontinuação do tratamento ocorreram mais frequentemente com cabazitaxel (19.8%) do que com antiandrogênicos (8.9%). Os efeitos adversos graus 3 e 4 mais comuns com cabazitaxel foram fadiga, diarreia, neuropatia periférica e neutropenia febril; e em pacientes que receberam antiandrogênicos, alterações renais, dores musculoesqueléticas e alterações cardíacas foram os mais frequentes.


Cabazitaxel versus Abiraterone or Enzalutamide in Metastatic Prostate Cancer.
de Wit et al (CARD investigators).
Cabazitaxel versus Abiraterona ou Enzalutamida em Câncer de Próstata Metastático.


Comentários do editor:
Esse estudo foi o primeiro estudo fase 3 em câncer de próstata metastático castração-resistente – em pacientes não selecionados por perfil genômico – a demonstrar superioridade no sequenciamento de uma terapia sobre outra. 

- Com múltiplas terapias aprovadas para pacientes com câncer de próstata metastático castração-resistente, esse estudo auxilia na decisão terapêutica. Além disso, os resultados do estudo CARD repercutirão nos próximos estudos randomizados neste cenário, uma vez que, a terapia com cabazitaxel deve ser considerada o tratamento padrão neste contexto.

- Novos estudos avaliando outras opções de sequenciamento de tratamentos estão em andamento. Vários deles também deverão levar em consideração as alterações genômicas – tanto somáticas quanto germinativas. Isso repercutirá profundamente nas decisões terapêuticas que tomaremos no futuro próximo, trazendo a oncologia personalizada para o câncer de próstata.


Editor:
Dr. Pedro Isaacsson Velho
Membro da SBOC; Oncologista Clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP); Médico da equipe de Oncololgia e Chefe do Serviço de Pesquisa Clínica do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre); Adjunct Assistant Professor Johns Hopkins University, Baltimore, USA.


Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.