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SBOC REVIEW

ESPECIAL ESMO 2019: Uma subanálise do ensaio clínico randomizado TAILORx

Resumo do artigo:
Uma nova análise do estudo TAILORx foi apresentada no congresso da ESMO 2019 e simultaneamente publicada na revista JAMA Oncology.

O escore de recorrência fornecido pelo teste Oncotype Dx 21-gene (validado no ensaio clínico TAILORx) pode identificar pacientes que apresentam maior ou menor risco de recidiva de câncer de mama. O OncoType Dx foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o prognóstico e o valor preditivo do uso de quimioterapia em pacientes com câncer de mama não avançado, receptor hormonal positivo e axila negativa.

Inicialmente, os primeiros resultados do estudo TAILORx, publicado no New England Journal of Medicine em 2018 demonstraram que uma grande parcela das mulheres, classificadas como de risco intermediário para recorrência pelo teste genômico, poderiam ser poupadas da quimioterapia adjuvante uma vez que os resultados de pacientes submetidas a hormonioterapia isolada se mostraram não inferiores à combinação de quimioterapia e hormonioterapia. Salva exceção às pacientes com ≤ 50 anos com score (RS) entre 16-25, conforme análise exploratória do estudo.

Os novos dados apresentados no congresso europeu deste ano reportam uma análise descritiva dos desfechos clínicos de 1.389 mulheres no estudo, que apresentavam um risco genômico alto para recorrência (Recurrence Score 26-100), submetidas a tratamento com quimioterapia associado à hormonioterapia adjuvante. Neste subgrupo de pacientes, o estudo reportou uma taxa estimada de sobrevida livre de recorrência a distância da ordem de 93% em 5 anos. Esses resultados foram melhores do que o esperado para mulheres submetidas a tratamento apenas com hormonioterapia (79% de sobrevida livre de recorrência a distância em 5 anos). Essa comparação foi realizada por meio de dados projetados para uma população de risco semelhante incluída no estudo NSABP B20. A longo prazo, o estudo parece confirmar o benefício da quimioterapia nessa população de alto risco genômico: 86.8% das pacientes tratadas com quimioterapia + hormonioterapia apresentaram-se livres de recorrência a distância em 9 anos vs 65.4% para as pacientes que receberam apenas hormonioterapia no estudo NSABP B20.


Clinical Outcomes in Early Breast Cancer With a High 21-Gene Recurrence Score of 26 to 100 Assigned to Adjuvant Chemotherapy Plus Endocrine Therapy. A secondary analyses of the TAILORx Randomized Clinical Trial.
Sparano JA et al. JAMA Oncology 2019.
Desfechos clínicos de pacientes com câncer de mama inicial e score de recorrência elevado (26-100) submetidas à quimioterapia adjuvante e hormonioterapia. Uma subanálise do ensaio clínico randomizado TAILORx.


Comentários do editor:
É importante salientar a validade externa desse estudo já que a vasta maioria das pacientes (84%) foram submetidas à quimioterapia com taxanos e/ou antraciclinas seguida por bloqueio hormonal com inibidor da aromatase (regimes considerados standards para o tratamento adjuvante do câncer de mama nos dias atuais). A identificação de pacientes que poderiam ser submetidas a um regime de quimioterapia menos tóxico, sem antraciclinas, ainda não é clara.

- Esse estudo reforça o uso dos testes de assinatura genética na prática clínica como uma das possíveis ferramentas para guiar o tratamento adjuvante no câncer de mama inicial, hormônio positivo. Estsa subanálise nos mostra resultados importantes para serem compartilhados com as pacientes que apresentam alto risco genômico, classificadas pelo Oncotype. A mensagem a ser transmitida é que, apesar de um maior risco de recorrência do câncer de mama, devido a um tumor biologicamente mais agressivo, quando usamos a combinação de quimioterapia e hormonioterapia, podemos alcançar resultados mais favoráveis em 5 anos quando comparados a dados históricos.

- Os dados de longo prazo (9 anos) devem ser avaliados com cautela devido a um considerável número de pacientes com perda de seguimento após 5 anos de acompanhamento neste estudo.


Editora:
Dra. Maria Alice Franzoi
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA); Medical Research Fellow na Unidade de Pesquisa e Clinical Trials do Instituto Jules Bordet, em Bruxelas, Bélgica.


Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.