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SBOC REVIEW

Especial ESMO 2022 – Cuidados Paliativos e Terapias de Suporte

Estudo de fase II avaliando efeito de goniatoxina (GTX), uma toxina paralisante de mariscos (PSP), em sintomas objetivos e subjetivos de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (CIPN)

Resumo do artigo:

Estudo brasileiro, multicêntrico, aberto, de braço único, com duas etapas, que incluiu pacientes com neuropatia periférica induzida por quimioterapia grau ≥ 2 secundária a taxanos (coorte 1) ou outras drogas antineoplásicas (coorte 2). Pacientes com neuropatia de outras causas eram excluídos. Objetivos primários foram determinar o efeito da medicação em sensibilidade tátil avaliado pelo teste de monofilamento Semmens-Weinstein (SWMT), bem como perfil de segurança e toxicidade da mesma. Foi administrada formulação tópica de GTX três vezes ao dia, diariamente, por 28 dias. Resultados: 25 pacientes foram incluídos, maioria mulher (60%) com tumor de mama ou ginecológico. Todos pacientes apresentavam SWMT alterado ao início, com melhora em sensibilidade tátil sendo vista em 53% da coorte 1 e 33% da coorte 2. GTX foi bem tolerado, sem necessidade de interrupção do tratamento. Apenas 13% dos pacientes apresentaram recorrência dos sintomas em visita de segurança após término da terapia. No geral, GTX foi seguro e com resultados promissores no tratamento de neuropatia periférica induzida por quimioterapia, especialmente em pacientes tratados com taxanos. Como o desfecho primário foi alcançado, estudo foi interrompido precocemente para dar início à segunda etapa, randomizada e placebo controlada, que está em andamento.

 

Phase II trial evaluating effect of gonyautoxins (GTX), a paralytic shellfish poisoning (PSP) on objective and subjective symptoms of chemotherapy-induced peripheral neuropathy (CIPN).
Estudo de fase II avaliando efeito de goniatoxina (GTX), uma toxina paralisante de mariscos (PSP), em sintomas objetivos e subjetivos de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (CIPN).

 


 

The iBLAD study - resultados relatados pelos pacientes com câncer de bexiga durante tratamento oncológico: estudo randomizado controlado nacional multicêntrico

Resumo do artigo:

Estudo multicêntrico, randomizado, controlado, realizado em 4 hospitais universitários dinamarqueses entre os anos de 2019-2021. Foram incluídos pacientes com câncer de bexiga, estágios T2-T4NxMx, que iriam ser submetidos a tratamento com quimioterapia ou imunoterapia. Os pacientes foram randomizados 1:1 entre responder eletronicamente, uma vez por semana, um questionário com 15 perguntas (15 PRO-CTCAE) relacionado aos eventos adversos do tratamento versus abordagem padrão de cuidado a cada 3 semanas. No braço da intervenção, o questionário apresenta um algoritmo de alerta com recomendações a depender da gravidade do evento relatado (desde cuidados próprios até contato com enfermagem ou equipe médica). Os desfechos primários foram taxa de conclusão do tratamento e de hospitalização. 228 pacientes participaram do estudo, 62% com doença metastática e 75% submetidos à quimioterapia. A taxa de conclusão do tratamento foi inferior no braço da intervenção, 51% vs 56% no braço controle (OR 0,83, IC 95% 0,48-1,44, p=0,51). Hospitalizações também foram mais frequentes no grupo da intervenção, 41% vs 31% no controle (OR 1,48, IC 95% 0,83-2,65, p=0,17). Sobrevida global foi similar entre os braços – 22,3 meses em ambos grupos. Apesar de alta aderência dos pacientes ao questionário proposto (80% completaram o protocolo), este trabalho não demonstrou benefício, inclusive com pior resultado no grupo da intervenção.

 

The iBLAD study: Patient-reported outcomes in bladder cancer during oncological treatment: A multicenter national randomized controlled trial.
The iBLAD study - resultados relatados pelos pacientes com câncer de bexiga durante tratamento oncológico: estudo randomizado controlado nacional multicêntrico.

 


 

Dissecando a saúde sexual após câncer de mama por avaliação longitudinal de desfechos relatados por pacientes

Resumo do artigo:

Este trabalho utilizou dados prospectivos de pacientes com câncer de mama, estágios I-III, do estudo CANTO. As informações foram coletadas ao diagnóstico (T0), após 1 ano (T1) e 2 anos (T2) do diagnóstico. Os objetivos foram avaliar percepção da imagem corporal, funcionamento sexual, prazer durante sexo e atividade sexual nestas pacientes utilizando escores de qualidade de vida (EORTCQLQ-B23). Foram incluídas 7.895 pacientes. Ao diagnóstico, 32% das pacientes apresentavam má percepção da imagem corporal, 39% baixo funcionamento sexual, 29% baixo prazer durante sexo e 39% eram sexualmente inativas. Esta proporção de pacientes com preocupações sexuais aumentou com o tempo: 52% e 38% de má percepção corporal e de baixo prazer durante o sexo aos 2 anos do diagnóstico, respectivamente. Fatores encontrados que estão associados a piores desfechos incluíram presença de disfunção sexual ao diagnóstico, utilização de hormonioterapia e distress emocional. Por outro lado, consultas com ginecologista estavam associadas a melhores desfechos em T2. Outras dimensões associadas a má percepção de imagem corporal foram maior nível educacional, história de tabagismo, mastectomia, prescrição de quimioterapia, fadiga e dor em T1. Os autores concluem que preocupações sexuais aumentam de forma significativa durante o tratamento oncológico, atingindo mais da metade delas aos 2 anos do diagnóstico. Desta forma, este tema deve ser abordado e comunicação sexual deve fazer parte de todo o período de diagnóstico e tratamento do câncer.

 

Dissecting sexual health after breast cancer (BC) by longitudinal assessment of patient reported outcomes.
Dissecando a saúde sexual após câncer de mama por avaliação longitudinal de desfechos relatados por pacientes.

 


 

Assistência psicossocial e mortalidade em 1 ano entre pacientes diagnosticados com câncer com distress: um estudo de vida real

Resumo do artigo:

Estudo retrospectivo, tipo coorte, de vida real, realizado entre 2014 e 2017, em um centro de câncer na Coréia do Sul. 4.961 pacientes incluídos foram submetidos a rastreio para distress dentro de 3 meses após diagnóstico de câncer e apresentaram escores (DT score) ≥ 4. Assistência psicossocial oferecida poderia ser atendimento pelo profissional de serviço social, visita ao centro de suporte ou participação em programa educacional do serviço. O desfecho primário foi morte por qualquer causa em 1 ano. Dos resultados, mesmo entre os pacientes com distress, apenas 18% dos pacientes acessaram os serviços. Durante os 4.652 pessoas-anos de seguimento, pacientes que utilizaram assistência psicossocial obtiveram menor risco de morte em 1 ano (HR 0,64, IC 95% 0,47-0,87). Este dado foi observado especialmente entre aqueles cujo suporte foi iniciado em até 1 mês após realização do rastreio para distress, com HR 0,52 (IC 95% 0,28-0,98). Este trabalho sugere o benefício da utilização de assistência psicossocial em pacientes com distress e diagnóstico recente de câncer, reforçando a importância de ter atenção neste âmbito, ampliando acesso para os pacientes.

 

Use of psychosocial services and 1-year mortality among newly diagnosed and distressed cancer patients: A real-world study.
Assistência psicossocial e mortalidade em 1 ano entre pacientes diagnosticados com câncer com distress: um estudo de vida real.

 

Avaliador científico:

Dr. Marcos Nogueira
Residência Médica em Oncologia Clínica no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP)
Coordenador do Programa de Residência Médica em Oncologia do HCP
Oncologista Clínico na Oncologia D´Or e no Hospital das Clínicas - UFPE