Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Especial ESMO 2022 – Tumores Torácicos

Mecanismo de ação e um eixo inflamatório acionável para câncer de pulmão não pequenas células induzido pela poluição do ar: em direção à prevenção molecular do câncer

Resumo do artigo:

O mecanismo de ação para o início do câncer de pulmão não pequenas células (CPCNP) em não-tabagistas, uma doença enriquecida para mutações ativadoras de EGFR (EGFR mut), ainda não é claro. O material particulado (PM) da poluição do ar é um fator de risco bem estabelecido para CPCNP, mas não se sabe exatamente como o PM causa o câncer de pulmão. Esse estudo avaliou mais de 460 mil indivíduos buscando encontrar uma associação entre PM2,5 (nível potencialmente prejudicial à saúde) e câncer de pulmão. Ao avaliar, inicialmente, dados epidemiológicos sobre níveis de poluição do ar, foi evidenciado uma correlação entre a exposição a PM2,5 e a incidência global de CPNPC, com mutação ativadora de EGFR, em especial na Inglaterra, Coreia do Sul e Taiwan. Um outro dado que chama atenção é que ao analisar amostras pulmonares saudáveis foi demonstrado que mutações em EGFR e KRAS podem ocorrer em até 50% dos tecidos normais, na ausência de malignidade, secundário ao acúmulo de mutações relacionados ao envelhecimento. Além disso, em modelos animais foi evidenciado que camundongos com mutações em EGFR ou KRAS expostos ao PM são mais propensos a desenvolver câncer de pulmão. Por fim, foi visto que esse fator ambiental aumenta a expressão de IL1β no epitélio pulmonar, resultando assim em um eixo inflamatório capaz de transformar células epiteliais, mediante a presença de EGFR mut, dando início a diferenciação e formação tumoral. Esses dados esclarecem um pouco mais sobre a etiologia dos CPCNP EGFR mut, além de reforçar sobre sua a associação com poluição e interrogar sobre uma possível estratégia de quimioprevenção com terapia anti-IL1 β.

 

Mechanism of action and an actionable inflammatory axis for air pollution induced non-small cell lung cancer: Towards molecular cancer prevention. Presidential Symposium I – LBA1.
Mecanismo de ação e um eixo inflamatório acionável para câncer de pulmão não pequenas células induzido pela poluição do ar: em direção à prevenção molecular do câncer.

 


 

Sotorasibe versus docetaxel para câncer de pulmão não pequenas células previamente tratado com mutação em KRAS G12C: CodeBreak 200 estudo de fase III

Resumo do artigo:

Trata-se de um estudo de fase III, aberto, randomizado, com 345 pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPCNP) com mutação em KRAS G12C, que haviam progredido após quimioterapia baseada em platina e imunoterapia. Os pacientes eram randomizados para docetaxel (75 mg/m², endovenoso, a cada 3 semanas) ou sotorasibe (960 mg, via oral, diário), um inibidor irreversível de KRAS G12C. O estudo foi positivo para seu desfecho primário atingindo ganho em sobrevida livre de progressão (HR: 0,66 [IC95% 0,51 – 0,86], p: 0,002), sendo em 1 ano 24,8% dos pacientes no braço sotorasibe e 10,1% dos pacientes no braço docetaxel estavam vivos e livres de progressão. Houve também ganho para taxa de resposta objetiva (28,1% [IC95% 21,5 – 35,4] vs 13,2% [IC95% 8,6 – 19,2], p<0,001) favorecendo o braço intervenção. Não houve diferença estatisticamente significativa em sobrevida global, com aproximadamente 34% de crossover no estudo. Além disso, pacientes no braço intervenção tiveram melhor controle de sintomas relacionados a doença, qualidade de vida e maior intervalo de tempo até deterioração dos sintomas. Esses dados favorecem sotorasibe como opção de tratamento para CPCNP com mutação em KRAS G12C.

 

Sotorasib versus docetaxel for previously treated non-small cell lung cancer with KRAS G12C mutation: CodeBreaK 200 phase III study. Presidential Symposium III – LBA10.
Sotorasibe versus docetaxel para câncer de pulmão não pequenas células previamente tratado com mutação em KRAS G12C: CodeBreak 200 estudo de fase III.

 


 

ELIOS: Um estudo multicêntrico do perfil molecular de pacientes com CPCNP avançado com mutação no receptor do fator de crescimento epidermal (EGFR mut) tratado com osimertinibe em primeira linha (1L)

Resumo do artigo:

Osimertinibe, um inibidor de tirosina-quinase de 3ª geração do EGFR, representa hoje a terapia de escolha para pacientes com carcinoma de pulmão de não pequenas células (CPCNP) com mutação ativadora de EGFR (EGFR mut) em primeira linha. ELIOS foi o primeiro estudo prospectivo com objetivo de realizar uma comparação pareada baseline e pós-progressão de biópsia tecidual tumoral após falha ao osimertinibe. Dos 145 pacientes incluídos apenas 40% tinham amostras pareadas avaliáveis, mostrando assim a dificuldade em conseguir uma nova biópsia nesses pacientes. Dentre as alterações genéticas principais encontradas no sequenciamento de nova geração (NGS) destacam-se: 17% de amplificação adquirida do MET, 15% com mutação adquirida EGFR C797S e 11% com amplificação de NKX2.1, sendo o último identificado como um potencial novo marcador de resistência. Esses dados reforçam como é desafiador obter tecido no cenário de pós-progressão a osimertinibe e a necessidade de métodos não invasivos para avaliação de mecanismos de resistência.

 

ELIOS: A multicentre, molecular profiling study of patients (pts) with epidermal growth factor receptor-mutated (EGFRm) advanced NSCLC treated with first-line (1L) osimertinib. Proffered Paper session: NSCLC, metastatic – Abstract LBA53.
ELIOS: Um estudo multicêntrico do perfil molecular de pacientes com CPCNP avançado com mutação no receptor do fator de crescimento epidermal (EGFR mut) tratado com osimertinibe em primeira linha (1L).

 


 

Tepotinibe + osimertinibe para CPNPC EGFR mutado com amplificação do MET (MET amp) após progressão na primeira linha (1L) a osimertinibe: Resultados iniciais do estudo INSIGHT 2

Resumo do artigo:

Trata-se de um estudo de fase II, aberto, que avaliou pacientes com carcinoma de pulmão não pequenas células (CPNPC) com mutação ativadora de EGFR (EGFR mut) com amplificação de MET (MET amp) após progressão a osimertinibe em 1L. Dos 425 pacientes submetidos ao screening, 25% diagnosticaram MET amp por FISH em biópsia tecidual, 3% após NGS de biópsia líquida e 8% em ambos os métodos. No momento da análise, 100 pacientes receberam tratamento, sendo que 88 deles fizeram uso de osimertinibe (80 mg/dia, via oral) + tepotinibe (500 mg/dia, via oral) e 12 monoterapia com tepotinibe. A taxa de resposta objetiva (TRO) foi de 54,5% nos pacientes tratados com terapia combinada, com pelo menos 9 meses de follow-up. Por outro lado, a TRO nos pacientes que fizeram monoterapia com tepotinibe foi de apenas 8,3%. Em relação aos eventos adversos relacionados ao tratamento, 23,9% dos pacientes apresentaram toxicidade grau 3 ou pior, sendo edema periférico (4,5%), hiporexia (2,3%) e vômitos (1,1%) os principais. Tais resultados demonstram a atividade promissora da terapia combinada com tepotinibe e osimertinibe em pacientes com MET amp após progressão a 1L com osimertinibe.

 

Tepotinib + osimertinib for EGFRm NSCLC with MET amplification (METamp) after progression on first-line (1L) osimertinib: Initial results from the INSIGHT 2 study. Proffered Paper session: NSCLC, metastatic – Abstract LBA52.
Tepotinibe + osimertinibe para CPNPC EGFR mutado com amplificação do MET (MET amp) após progressão na primeira linha (1L) a osimertinibe: Resultados iniciais do estudo INSIGHT 2.

 

Avaliador científico:

Dr. Breno Jeha Araújo
Residência médica em oncologia clínica no ICESP-HCFMUSP
Preceptor da residência médica em oncologia clínica do Hospital Sírio-Libânes