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SBOC REVIEW

Especial ESMO 2023 – Câncer Cabeça e Pescoço

  • 859MO – Sacituzumab govitecan (SG) in patients (pts) with relapsed/refractory (R/R) advanced head and neck squamous cell carcinoma (HNSCC): Results from the phase II TROPiCS-03 basket trial.
  • 856MO A Randomized Phase II Study of Concurrent vs. Sequential Pembrolizumab with Chemoradiation (CRT) in Locally Advanced Head and Neck Cancer (LA HNSCC): 4-year results and tumor-immune microenvironment analysis.
  • 854O – INTERLINK-1: Phase III study of cetuximab (CTX) ± monalizumab (M) in participants (pts) with recurrent/metastatic head and neck squamous cell carcinoma (R/M HNSCC) with disease progression on/after platinum chemotherapy (CT) and previously treated with an immune checkpoint inhibitor (ICI).
  • LBA3 – Randomized phase III study of selpercatinib versus cabozantinib or vandetanib in advanced, kinase inhibitor-naïve, RET-mutant medullary thyroid cancer.

 

Sacituzumab govitecan em pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço avançado recidivado/refratário: Resultados do ensaio de fase II TROPiCS-03

Embora os inibidores PD-L1 tenham mostrado benefícios em pacientes com HNSCC avançado, a maioria destes pacientes experimenta progressão da doença, necessitando de tratamentos subsequentes. O sacituzumab govitecan (SG), um conjugado de anticorpo-medicamento dirigido ao Trop-2, foi avaliado em pacientes com tumores sólidos metastáticos ou localmente avançados no estudo TROPiCS-03. No subconjunto de pacientes com HNSCC, foram incluídos aqueles que tinham doença recidivada/refratária após tratamento com quimioterapia à base de platina e terapia anti-PD-L1. Com uma média de acompanhamento de 7,5 meses, a ORR observada foi de 16%, e a CBR foi de 26%. A duração média da resposta foi de 4,2 meses e a PFS mediana foi de 4,1 meses. Todos os pacientes experimentaram algum evento adverso relacionado ao tratamento, com 44% deles sendo de grau ≥3. Notavelmente, três mortes ocorreram devido a eventos adversos, mas apenas uma foi atribuída ao tratamento do estudo. Em resumo, o SG mostrou atividade antitumoral em pacientes com HNSCC avançado, com um perfil de segurança gerenciável. No entanto, é importante considerar a alta incidência de eventos adversos, apesar da ausência de descontinuações relacionadas a esses eventos. A eficácia modesta, junto com o perfil de segurança, pode exigir avaliações adicionais para determinar o posicionamento ideal desta terapia no tratamento do HNSCC.

 

Uso sequencial versus concomitante de pembrolizumabe com quimiorradiação em câncer de cabeça e pescoço localmente avançado: Resultados de 4 anos e análise do microambiente tumoral-imune

Estes são os resultados atualizados de 4 anos da análise de quimiorradiação (CRT) com pembrolizumabe (P) de forma sequencial (S) versus concomitante (C). No estudo, pacientes com HNSCC localmente avançado de orofaringe HPV(-) e HPV+ risco intermediário foram randomizados para receber pembrolizumabe concomitante ou sequencial à CRT. Biópsias antes e durante o tratamento foram coletadas nos primeiros 33 pacientes e analisadas para investigar microambiente imunológico. Com um acompanhamento médio de 43 meses, os desfechos em 4 anos para C vs. S foram: Controle locorregional (64% vs. 96%, p = 0,043), sobrevida livre de progressão (49% vs. 67%, p=0,173) e sobrevida global (71% vs. 83%, p=0,181). Análises das amostras dos pacientes antes e durante o tratamento mostraram um aumento significativo nas densidades celulares PD-L1+ no tumor e no estroma no grupo C, com nenhuma mudança observada no grupo S após o tratamento em relação ao baseline. Não houve alteração detectada nos infiltrados de CD8T, Tregs ou na relação CD8T/Treg no grupo C, enquanto uma diminuição nos infiltrados estromais de CD8T e Tregs foi observada no grupo S. Em conclusão, o seguimento prolongado indica melhores desfechos no regime sequencial e uma melhoria significativa no controle locorregional. Este estudo fornece uma comparação interessante entre amostras de pacientes antes e durante o tratamento, com mudanças observadas no microambiente tumoral-imune ao longo do tratamento, dependendo da abordagem terapêutica.

 

INTERLINK-1: Estudo Fase III de cetuximabe com ou sem monalizumabe em pacientes com carcinoma de células escamosas recorrente ou metastático de cabeça e pescoço (R/M HNSCC) após progressão da doença em quimioterapia com platina e tratamento prévio com inibidor de checkpoint imune (ICI)

O estudo INTERLINK-1 avaliou a eficácia do anticorpo anti-EGFR cetuximabe (CTX) em combinação com o imunoterápico anti-NKG2A monalizumabe (M) em pacientes com R/M HNSCC. O estudo incluiu pacientes com doença progressiva após quimioterapia baseada em platina e que já haviam recebido tratamento com ICI. Os participantes foram randomizados em uma proporção de 2:1 para receber M (750 mg por via intravenosa a cada duas semanas) ou placebo, cada um em combinação com CTX (dose de ataque de 400 mg/m² por via intravenosa, seguida por 250 mg/m² semanalmente). O desfecho primário foi a sobrevida global (SG) em pacientes com câncer não relacionado ao papilomavírus humano (uHPV) (qualquer câncer não-orofaríngeo [OPC] e OPC negativo para HPV). Os resultados da análise intermediária mostraram que a adição de M ao CTX não resultou em melhoria significativa da sobrevida global em comparação com CTX combinado com placebo. A razão de risco (HR) para sobrevida global foi de 1,00 (95% IC: 0,66–1,54; p=0,989) no subgrupo de pacientes com câncer não relacionado ao HPV e de 1,03 (95% CI: 0,70–1,53; p=0,891) na análise de todo o conjunto de pacientes. A sobrevida livre de progressão (PFS) apresentou HR de 1,11 (95% CI: 0,79–1,57) para o subgrupo não relacionado ao HPV e 1,11 (95% CI: 0,82–1,51) para a análise do conjunto total de pacientes. A taxa de resposta objetiva (ORR) foi ligeiramente maior no grupo que recebeu placebo mais CTX em comparação com o grupo que recebeu M mais CTX, embora a duração da resposta (DoR) tenha sido semelhante entre os grupos. O perfil de toxicidade foi gerenciável, com incidência de eventos adversos graves (grau 3/4) de 38,6% no grupo de M mais CTX, em comparação a 30,3% no grupo de placebo mais CTX. A descontinuação do tratamento devido a eventos adversos ocorreu em 5,7% dos pacientes tratados com M versus 1,6% no grupo placebo. As análises sugerem que, apesar de um perfil de segurança manejável, a adição de M ao CTX não proporcionou benefício de sobrevida global nesta população de pacientes previamente tratados com quimioterapia e ICIs. Além disso, a taxa de resposta objetiva mais alta observada com o CTX em combinação com placebo desafia a suposição de benefício adicional proporcionado pelo M quando adicionado a uma terapia anti-EGFR neste contexto clínico.

 

Selpercatinibe versus cabozantinibe ou vandetanibe em câncer medular de tireoide avançado e com mutação RET: Resultados de um estudo randomizado fase III

No estudo LIBRETTO-531, pacientes com CMT avançado RET-mutante e nunca expostos a inibidores de quinase com doença progressiva foram randomizados para receber o inibidor de quinase anti-RET selpercatinibe ou a escolha do médico entre os inibidores multi-quinase (MKI), cabozantinibe ou vandetanibe. A análise de eficácia intermediária foi realizada após 59 eventos de sobrevida livre de progressão (PFS), com PFS avaliada por revisão central independente cega (BICR) como desfecho primário. Com um acompanhamento médio de 12 meses, a mediana da PFS por BICR com selpercatinibe não foi atingida (IC 95%: NE, NE) comparada a 16,8 meses (IC 95%: 12,2, 25,1) no controle, HR de 0,280 (IC 95%: 0,165, 0,475; P<0,0001). A avaliação do investigador reportou um HR de 0,187 (IC 95%: 0,109, 0,321; P<0,0001). A taxa de resposta geral (ORR) pelo BICR foi 69,4% (IC 95%: 62,4, 75,8) com selpercatinibe contra 38,8% (IC 95%: 29,1, 49,2) no controle (razão de chances 3,7, IC 95%: 2,2, 6,3; P<0,0001). Em um acompanhamento mediano de 15 meses, observou-se melhoria na sobrevida global (OS) com selpercatinibe, com HR de 0,374 (IC 95%: 0,147, 0,949). Os eventos adversos mais comuns para selpercatinibe foram hipertensão, boca seca e diarreia, enquanto para o controle foram diarreia, síndrome eritrodisestésica palmar-plantar e hipertensão. Houve uma taxa de redução de dose de 38,9% em pacientes tratados com selpercatinib versus 77,3% no controle e 4,7% dos pacientes descontinuaram o tratamento devido a eventos adversos, comparado a 26,8% no controle. O estudo atingiu os critérios de eficácia na análise intermediária, com selpercatinibe proporcionando uma SLP significativamente prolongada, melhor ORR e melhor OS em comparação com MKI.

 

Avaliador Científico:

Marcos Magalhães

Oncologista da Beneficiencia Portuguesa