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SBOC REVIEW

Especial ESMO 2024 – Cuidados Paliativos

1816O – A multicentre, randomized, double-blind, placebo-controlled study of olanzapine-based triplet antiemetic therapy for prevention of delayed and persistent nausea and vomiting induced by trastuzumab deruxtecan in patients with metastatic breast cancer: ERICA study (WJOG14320B)

Este trabalho, apresentado na ESMO 2024 e com publicação simultânea na revista Annals of Oncology, foi um estudo japonês de Fase 2, duplo cego, placebo controlado que avaliou a eficácia no uso de esquema antiemético triplo olanzapina em combinação com antagonista 5-hidroxitriptamina Tipo 3 (Anti-5-HT3) e dexametasona para prevenção de náuseas e vômitos associados ao uso do trastuzumabe-deruxtecano (T-DXd). Neste estudo, foram avaliadas pacientes com câncer de mama metastáticas com HER2 hiperexpresso / Expressão Low de HER2. 168 pacientes (162 pacientes na análise per protocol) foram randomizadas 1 : 1 para receberem olanzapina 5 mg ou placebo, 1 vez ao dia, do D1 ao D5, associada a Anti-5-HT3 (palonosetrona ou granisetrona) e dexametasona 6,6 mg via endovenosa ou 8 mg via oral no D1.  Pacientes foram observadas durante 21 dias desde a primeira dose do T-DXd. O objetivo principal do estudo foi Resposta Completa (RC), definida como ausência de eventos eméticos, e não uso de medicações de resgate nas 24-120 horas após aplicação do T-DXd. RC no braço de olanzapina 5 mg foi superior no período de interesse, sendo 70,0% versus 66,1% no braço placebo (p= 0,047). Na fase tardia (120-540 horas), também houve superioridade do braço experimental no controle das náuseas, sendo 63,9% para olanzapina 5 mg versus 44,4% para placebo, bem como menor impacto de perda de apetite.

Sabemos que T-DXd, apesar de sua alta eficácia, é considerada atualmente uma droga de alto potencial emetogênico, sendo que no estudo DESTINY-Breast04 houve uma incidência de náuseas/vômitos de 63% após o ciclo #01. Este estudo nos traz embasamento para otimizar o arsenal de medicações preventivas para podermos melhorar, e manter, a qualidade de vida das pacientes durante o tratamento do câncer de mama HER2 hiperexpresso / HER2 Low.

Ref.: Annals of Oncology, Volume 35, Supplement 2, 2024, Pages S1077-S1078.

N Engl J Med. 2022 Jul 7;387(1):9-20.

LBA82 – Efficacy and safety of ponsegromab, a first in class, monoclonal antibody inhibitor of growth differentiation factor 15, in patients with cancer cachexia

Também com publicação simultânea na revista New England Journal of Medicine, este estudo, de fase 2, duplo-cego, multicêntrico e randomizado, avaliou – num período de 12 semanas, o uso de Ponsegromab, um anticorpo monoclonal humanizado contra o Fator de Diferenciação de Crescimento 15 (growth differentiation factor – GDF-15) – citocina frequentemente elevada e diretamente envolvida na patogênese da Caquexia do Câncer. Neste estudo 187 pacientes com câncer e Caquexia (definida como perda de peso acima de 5% nos últimos 6 meses ou acima de 2% do IMC) e níveis elevados de GDF-15 (≥1500 pg/mL) foram randomizados 1:1:1:1 para receberem Ponsegromab nas doses de 100 mg, 200 mg, 400 mg ou placebo, respectivamente, por via subcutânea, a cada 4 semanas, três doses no total. O objetivo principal deste estudo foi a variação positiva do peso corporal após 12 semanas.

Como resultados, pacientes recebendo Ponsegromab tiveram ganho significativo de peso em relação ao Grupo Placebo, com mediana de 1,22 Kg (IC 95%, 0,37 a 2,25) no braço de dose de 100 mg, 1,92 Kg (IC 95%, 0,92 a 2,97) na dose de 200 mg e 2,81 Kg (IC 95%, 1,55 a 4,08) no braço Ponsegromab 400 mg, alcançando ganhos acima de 5% do peso de base. Pacientes em uso do Ponsegromab tiveram também menor perda de apetite, além de maior frequência na realização de atividades físicas.

O tratamento da Caquexia do Câncer há muito tem sido desafiador, com poucas opções de tratamento, como megestrol, baixa dose de corticosteroides, olanzapina ou mirtazapina, porém com escassas evidências. A melhor compreensão dos mecanismos de ação da via do GSF-15, com maiores estudos com inibidores desta via deve ser promissora.

Ref.: N. Engl. J. Med. 2024. online ahead of print.

 

LBA61 – Conventional Oral Morphine vs. IV Patient-Controlled Analgesia (IPCA) with Either Hydromorphone (HM) Continuous Infusion plus Rescue Dose (CIRD) or HM Bolus-Only (BO) for Severe Cancer Pain: a Randomized Phase III Study (SYLT-021)

Este estudo chinês, de fase 3, multicêntrico, aberto e randomizado, com 1349 pacientes com dor oncológica severa, avaliou a eficácia de 3 esquemas de opioides: (hidromorfona) em infusão endovenosa contínua e bolus controlado pelo paciente, somente o bolus, ou morfina via oral em doses fixas convencionais. Os pacientes foram randomizados respectivamente 2:2:1 para cada braço previamente descrito.

Os resultados demonstraram superioridade no braço de infusão endovenosa controlada contínua e bolus em comparação com uso convencional oral (IC 95%, 0,52 – 0,84; p=<0,001) bem como no braço de infusão endovenosa apenas bolus (IC 95%, 0,42 – 0,74; p=<0,001), tanto no aspecto de controle da dor, bem como em consumo equivalente diário de opioide, menores efeitos colaterais e maior sentimento de satisfação.

Estes dados no mostram que existe espaço para o uso seguro e eficaz desta via de administração de opioides para o melhor controle da dor e qualidade de vida dos pacientes com dor oncológica. Porém caberia avaliar a comparação de vias alternativas disponíveis atualmente, como os adesivos opioides transdérmicos.

Ref.: Annals of Oncology, Volume 35, Supplement 2, 2024, Page S1251

 

Avaliado científico:

Dr. Jefferson Rios Pimenta

Oncologista Clínico pelo A.C.Camargo Cancer Center – São Paulo/SP

Oncologista Clínico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz – São Paulo/SP

Cidade de atuação: São Paulo/SP