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SBOC REVIEW

Especial ESMO 2024 – Tumores do Sistema Nervoso Central

Dupla inibição da angio/vasculogênese pós-radioterapia em glioblastoma: Resultados do estudo fase I/II GLORIA.

F.A. Giordano et al. Dual inhibition of post-radiogenic angio-vasculogenesis in glioblastoma: Results of the phase I/II GLORIA trial (Abstract 445MO).

Esse estudo se baseou no racional de que os fatores CXCL212 e VEGFA induzidos por hipóxia promovem a recorrência do glioblastoma (GBM) após radioterapia (RT) por facilitarem a revascularização.

Dessa forma, trata-se de estudo Fase I/II que avaliou o uso de bevacizumabe (ação antiangiogênica) em combinação a NOX-A12 (ação antivasculogênica) no tratamento pós-radioterapia de paciente com diagnóstico de gliobastoma (OMS grau 4) recém diagnosticados com promotor MGMT não-metilado, ECOG PS ≤ 2.

6 (seis) pacientes com GBM recém diagnosticados com ressecção incompleta foram avaliados para receber RT (60 Gy), NOX-A12 (600 mg/semana IV) e bevacizumabe (10 mg/kg a cada 2 semanas IV) e tiveram resultados de eficácia comparados a pacientes que receberam RT + NOX-A12 em monoterapia (n=10) e pacientes com características semelhantes tratados com o tratamento padrão (n=22).

Dos pacientes tratados, um atingiu resposta completa, quatro tiveram resposta parcial e um com doença estável (taxa de resposta global 83,3%). Medianas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global foram 9,1 meses e 19,9 meses respectivamente com incremento significativamente estatístico comparados aos braços de RT + NOX-A12 e tratamento padrão (p=0,005), tendo dois pacientes superado uma sobrevida global de 2 anos.

Esses são dados muitos promissores para uma subpopulação de pacientes que necessitam de melhores desfechos e esquemas terapêuticos, merecendo nossa atenção para futuros estudos.

O impacto prognóstico da deleção heterozigótica de CDKN2A/B em gliomas IDH-mutados

F.M. Ippen et al. The prognostic impact of CDKN2A/B heterozygous deletions in IDH-mutant glioma (Abstract 444O)

Já é bem estabelecido que deleções homozigóticas de CDKN2A/B conferem pior prognóstico em gliomas IDH-mutados e são um critério na classificação de astrocitomas IDH-mutados para gliomas OMS grau 4. Entretanto, o papel das deleções heterozigóticas de CDKN2A/B permanece menos claro. Esse estudo objetivou avaliar o impacto prognóstico de tais deleções em astrocitomas IDH-mutados de baixo grau e oligodendrogliomas IDH-mutados, com co-deleção 1p/19q OMS grau 2 e 3.

Num total de 334 casos de gliomas de baixo grau (173 astrocitomas e 161 oligodendrogliomas), foi identificada deleção heterozigótica em 37 astrocitomas e15 oligodendrogliomas. Esse subgrupo de pacientes (perda heterozigótica) não apresentou piores desfechos em sobrevida quando comparados ao grupo de casos com CDKN2A/B selvagem, tanto nos astrocitomas de baixo grau (p=0,2556), quanto nos oligodendrogliomas (p=0,22760) independente do grau OMS.

Dessa forma, esse estudo sugere que as deleções heterozigóticas de CDKN2A/B não conferem piores taxas de sobrevidas global e livre de progressão em astrocitomas IDH-mutado e oligodendrogliomas IDH-mutado, 1p/19q codeletados OMS graus 2 e 3, o que nos ajuda a melhor entender e tratar esse nicho de pacientes na nossa prática clínica diária.

 

Estudo clínico de segurança e eficácia de anlotinibe combinado com temozolomida em esquema de dose density para o tratamento de gliomas de alto grau recorrentes

Y. Zhai et al. A clinical study of the safety and efficacy of anlotinib hydrochloride combined with temozolomide dose density scheme for the treatment of recurrent high grade glioma (Abstract 447MO)

Não existe um tratamento padrão ideal para gliomas de alto grau recorrentes. Entretanto, mesmo com tratamentos agressivos, o prognóstico para esta doença permanece reservado. Anlotinibe é um novo inibidor de múltiplos receptores de tirosina quinase (VEGFR1, VEGFR2, VEGFR3, c-Kit, PDGFRβ) que pode efetivamente atravessar a barreira hematoencefálica.

Esse é um estudo clínico prospectivo, aberto, braço único, fase II que avaliou a eficácia e segurança de anlotinibe combinado a temozolomida em pacientes com glioma de alto grau recorrente, tendo como desfecho primário a avaliação de sobrevida global desses pacientes e como desfechos secundários taxa de resposta objetiva, segurança do esquema e sobrevida livre de progressão.

Um total de 94 pacientes foram tratados com mediana de sobrevida global alcançada de 8,97 meses, sobrevida livre de progressão mediana de 6,13 meses e taxa de resposta objetiva de 32,9%. Um total de 40 eventos adversos relacionados ao tratamento foram reportados, incluindo 10 casos de toxicidade grau 3 ou maior. Este foi mais um estudo com resultados interessantes para uma população de pacientes num cenário que ainda carece de melhores estratégias terapêuticas.

 

Avaliador científico:

Victor Braga Gondim Teixeira

Oncologista Clínico pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) – Rio de Janeiro/RJ

Oncologista Clínico na Américas Oncologia – Rio de Janeiro/RJ

Coordenador dos grupos de oncologia torácica e neuro-oncologia e pesquisador do Instituto Américas

Cidade de atuação: Rio de Janeiro/RJ