SBOC REVIEW
Estimando os riscos da Radioterapia adjuvante no Câncer de Mama
A radioterapia é sabidamente eficaz para o tratamento locorregional das pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Quando indicada, a radioterapia pós-operatória está relacionado com aumento do controle locorregional e da sobrevida das pacientes independentemente do tipo de cirurgia e terapia sistêmica que são empregadas. No entanto, efeitos colaterais relacionados à radioterapia no que se refere ao segundo tumor radio-induzido e doença cardíaca podem ocorrem ao longo do período de seguimento clínico das pacientes. O presente estudo foi realizado pelo Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group e teve o objetivo de avaliar os riscos de câncer radio-induzido em pulmão e as taxas de mortalidade cardíaca em pacientes submetidas à radioterapia nos ensaios clínicos mais recentes (2010 a 2015) disponíveis. Os autores observaram que com o emprego de radioterapia com técnicas mais modernas, houve uma redução estatisticamente significativa das doses de radiação nas áreas pulmonares e cardíaca. Além disso, com o uso de radioterapia moderna, os riscos estimados de câncer de pulmão para as pacientes fumante e não fumantes foram 4% e 0,3%, respectivamente. As taxas de mortalidade cardíaca para fumantes e não fumantes foram de 1% e 0,3%, respectivamente.
Tylor e cols. J Clin Oncol. 2017 PMID: 28319436.
Comentários: Os dados do estudo reforçam a necessidade de realizar radioterapia com técnicas modernas para minimizar os efeitos colaterais do tratamento. Embora tumor radio-induzido e cardiopatia possam ocorrem nas pacientes com câncer de mama tratadas com radioterapia, o emprego de técnicas modernas está relacionado com baixas taxas de câncer de pulmão e mortalidade cardíaca. Atenção especial deve ser dada para as pacientes tabagista apesar de, em princípio, não haver alteração na conduta para esse subgrupo de doentes.
Gustavo Nader Marta, MD, PhD.
Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Médico radio-oncologista do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICESP – FMUSP).
