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SBOC REVIEW

Estudo identifica fatores relacionados à elevada resposta à imunoterapia no melanoma desmoplásico

O melanoma desmoplásico representa uma variante incomum do melanoma cutâneo, frequentemente diagnosticada em pacientes de idade avançada e em áreas marcadas por dano solar crônico. Mutações do gene BRAF, associadas à sensibilidade aos inibidores do BRAF e MEK, ocorrem com menor frequência no melanoma desmoplásico, e a eficácia de outros agentes sistêmicos, incluindo bloqueadores de correceptores imunes, não foi adequadamente caracterizada.

Em estudo recentemente publicado na Nature, a resposta do melanoma desmoplásico a agentes anti-PD-1/PD-L1 foi avaliada em uma coorte retrospectiva de 60 indivíduos. Nessa série colaborativa multi-institucional, respostas objetivas foram documentadas em 70% dos pacientes (42/60), incluindo 32% com resposta completa.

Devido ao mecanismo de carcinogênese do melanoma desmoplásico, que envolve pronunciado dano ao DNA induzido por radiação ultravioleta, fatores associados à resposta à imunoterapia foram investigados. Demonstrou-se, por técnicas de sequenciamento do exoma, que o melanoma desmoplásico é caracterizado por elevada carga mutacional e frequentes mutações do gene NF1. Análise imunohistoquímica evidenciou, ainda, maior percentual de células tumorais com expressão de PD-L1 e maior densidade de linfócitos T CD8+ no melanoma desmoplásico em comparação a amostras de melanoma não-desmoplásico.

*Eroglu Z e cols.  Nature. 2018 Jan 10. PMID: 29320474

Comentários: Trata-se de um dado inédito, que sugere elevada eficácia de bloqueadores de correceptores imunes nesse contexto, com as mais altas taxas de resposta dentre as diferentes variantes do melanoma. O estudo ainda sugere que o melanoma desmoplásico é marcado por diversos fatores relacionados ao benefício de agentes anti-PD-1/PD-L1, incluindo elevada carga mutacional e expressão de PD-L1.

Rodrigo Munhoz
Oncologista clínico especialista em sarcomas/tumores cutâneos do Hospital Sírio-Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Editor associado do ASCO University e Braz J Oncol e Vice-presidente para Ensino da SBOC