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SBOC REVIEW

Estudo randomizado fase II de ramucirumabe e pembrolizumabe versus padrão de tratamento em câncer de pulmão de células não-pequenas avançado previamente tratado com imunoterapia – Lung-MAP S1800A

Resumo do artigo:

Os inibidores de PD-1 ou PD-L1 fazem parte do arsenal terapêutico de primeira linha para o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) metastático, em monodroga ou combinados a quimioterapia ou agente anti-CTLA4. A associação desses inibidores de checkpoint imunológico com inibidores do fator ou receptores de crescimento endotelial vascular (VEGF) vem sendo investigada na tentativa de restaurar a sensibilidade à imunoterapia, pois o desenvolvimento da resistência tumoral nesse cenário representa uma grande desafio. O VEGF modula o microambiente imunológico do tumor aumentando a infiltração de células imunes e neutralizando as células supressoras derivadas de mieloides.

O estudo S1800A de fase II randomizado recrutou pacientes metastáticos ou com doença recorrente previamente rastreados pelo protocolo do LungMAP, não elegíveis para um subestudo de terapia-alvo guiada por biomarcadores, e que receberam pelo menos uma linha de terapia anti-PD-1 ou anti-PD-L1 e quimioterapia à base de platina.

O desfecho primário do estudo foi sobrevida global e desfechos secundários incluíram resposta objetiva, duração da resposta, sobrevida livre de progressão avaliada pelo investigador e toxicidade. Análises de subgrupo foram realizadas por estratificação de PD-L1, histologia, carga mutacional (TMB) e performance status (PS).

136 pacientes foram incluídos no estudo e randomizados para receber ramucirumabe 10 mg/kg intravenoso mais pembrolizumabe 200 mg a cada 21 dias (n = 69) ou padrão de tratamento de escolha do investigador (n = 67): docetaxel mais ramucirumabe, docetaxel, gencitabina ou pemetrexede.

A média de idade foi 66 anos, 91% fumantes ou ex-fumantes, a maioria ECOG 1 e histologia adenocarcinoma. Naqueles com PD-L1 conhecido, o nível de 1%, 1 a 49% e ≥ 50% foi encontrado em 47%, 34% e 19% dos pacientes no primeiro grupo e 41%, 34% e 25% no segundo, respectivamente. A maioria recebeu pembrolizumabe prévio (60%), seguido de nivolumabe (20%), durvalumabe (17%) e atezolizumabe (3%). A melhor resposta à imunoterapia prévia foi resposta parcial para 48 pacientes (35%), doença estável para 66 (49%) e progressão de doença para 21 (15%).

A sobrevida global mediana foi 14,5 meses para a combinação de ramucirumabe mais pembrolizumabe e 11,6 meses para a escolha padrão, com significância estatística (IC 80% 0,69 [0,51 a 0,92]). Houve redução do risco de morte de 31% e o benefício de SG foi visto na maioria dos subgrupos. A sobrevida livre de progressão avaliada pelo investigador e taxas de resposta (22% versus 28%) foram semelhantes entre os braços. A mediana de duração de resposta foi 12,9 meses (2,8 a não atingida) no braço ramucirumabe mais pembrolizumabe e 5,6 meses (4,6 a 7,8) na escolha do investigador.

Eventos adversos grau ≥ 3 relacionados ao tratamento ocorreram em 42% dos pacientes no grupo ramucirumabe mais pembrolizumabe e 60% no tratamento padrão.

 

 

Reckamp K, Redman M, Dragnev K, et al. Phase II Randomized Study of Ramucirumab and Pembrolizumab Versus Standard of Care in Advanced Non–Small-Cell Lung Cancer Previously Treated With Immunotherapy—Lung-MAP S1800A. Journal of Clinical Oncology. Published online June 03, 2022. DOI: 10.1200/JCO.22.00912 Journal of Clinical Oncology.
Estudo randomizado fase II de ramucirumabe e pembrolizumabe versus padrão de tratamento em câncer de pulmão de células não-pequenas avançado previamente tratado com imunoterapia – Lung-MAP S1800A.

 

Comentário da avaliadora científica:

A combinação de pembrolizumabe e ramucirumabe demonstrou melhor SG em relação ao tratamento de escolha do investigador, sugerindo modulação do microambiente imunológico por um agente antiangiogênico, permitindo ressensibilização aos imunoterápicos, com eventos adversos esperados e manejáveis. S1800A representa um sinal positivo no cenário de cânceres refratários a inibidores de checkpoint imunológico, uma das maiores necessidades não atendidas em oncologia atualmente. No entanto, este é um estudo de fase 2, com uma amostra pequena de pacientes, portanto os dados devem ser analisados com cautela e merecem uma avaliação mais aprofundada.

 

Avaliadora científica:

Dra. Rachel J. B. Macedo
Título de Especialista em Oncologista Clínica pela SBOC/AMB
Especialista em Oncologia Clínica pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo
Fellowship em Oncologia Clínica pela Beneficência Portuguesa
Atua em Oncologia Clínica com foco em Oncogeriatria pelo Instituto Prevent Sênior