SBOC REVIEW
FLOT como promissora terapia perioperatória no tratamento do câncer gástrico
Desde 2001, estudos fase III tem demonstrado ganho de sobrevida global no adenocarcinoma gástrico com estratégias complementares à cirurgia, como quimioradioterapia adjuvante, quimioterapia perioperatória ou quimioterapia adjuvante. Desde 2006, com a publicação do MAGIC, o esquema ECF (epirrubicina, cisplatina, 5Fluoruracil) popularizou-se no ocidente , assim como suas variantes com capecitabina (C) ou oxaliplatina (O) a partir dos dados do REAL-2 na doença metastática.
O estudo de Al-Batran e colaboradores, testa os benefícios da combinação com docetaxel, no esquema FLOT, em comparação com o ECF ou ECX como terapia perioperatória. O estudo ocorreu em 28 centros da Alemanha e randomizou 300 pacientes entre FLOT (4 ciclos pré e 4 pós cirurgia, a cada 2 semanas) ou ECF/ECX (3 ciclos pré e 3 pós, coa cada 21 dias). O desfecho primário foi taxa de resposta patológica completa (TRPC). Na publicação dessa parte fase 2, do estudo fase 2/3 em andamento, observa-se que o esquema FLOT apresentou aumento significativo da TRPC em comparação ao braço ECF/ECX, respectivamente, 16% [95% IC 10-23] versus 6% [95% IC 3-11]. Em relação a toxicidade pré-operatória ou complicação cirúrgica, 25% das pessoas no grupo FLOT tiveram ao menos um evento severo enquanto no ECF/ECX isso ocorreu em 40% das pessoas. Entretanto, observa-se que o grau de neutropenia severa foi maior no FLOT, 52% contra 38% no outro grupo. Dessa forma, FLOT mostrou-se ativo e tolerável criando-se expectativas para os resultados da FASE 3.
*Salah-Eddin Al-Batran e cols. Lancet Oncol 10, 2016 PMID: 27776843
Comentários: Esse trabalho é relevante por testar o papel FLOT como terapia perio-peratória em um cenário desalentador. O estudo ressalta, como visto no MAGIC e no FNCLCC/FFCD , que a quimioterapia pré-operatória é factível para quase todos os pacientes selecionados (92% dos pacientes receberam todos os ciclos palnejados). Apesar de quase triplicar a TRPC, atingindo números semelhantes a estudos de quimioradioterapia em TEG como o POET (15,6%) e CROSS (adenocarcinoma – 23%), apenas com os dados da fase 3 será possível compreender o quanto disso é revertido em ganho de sobrevida global.
Guilherme Luiz Stelko Pereira, MD.
Oncologista clínico especialista em neoplasias do trato gastrointestinal do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – Universidade de São Paulo e Centro de Oncologia do Paraná – COP, Curitiba-PR.