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SBOC REVIEW

FOLFOXIRI + bevacizumabe seguido de reintrodução após progressão versus mFOLFOX6 +bevacizumabe seguido de FOLFIRI +bevacizumabe no tratamento do câncer colorretal metastático: um estudo aberto de fase 3, multicêntrico, controlado

Resumo do artigo:

O FOLFOXIRI +bevacizumabe já era considerado opção de primeira-linha de tratamento para câncer colorretal metastático (CCRm) desde os resultados do estudo TRIBE. No entanto, nesse estudo como o tratamento utilizado após a progressão foi deixado à escolha dos pesquisadores, havia preocupações quanto ao real benefício da exposição de todos os três agentes citotóxicos de uma só vez versus a exposição às mesmas drogas de forma sequencial em doublets.

Dessa forma, o estudo italiano, multicêntrico, fase 3 TRIBE 2 foi projetado para verificar se a exposição inicial as três drogas citotóxicas no regime de FOLFOXIRI é superior a uma sequência pré-planejada de primeira linha mFOLFOX6, seguido de segunda-linha pelo FOLFIRI após a progressão da doença (PD), com inibição sustentada da angiogênese com bevacizumabe nos dois grupos. Nos dois braços, a indução foi realizada por oito ciclos, seguido de manutenção com 5-FU +bev. Foram incluídos pacientes entre 71 a 75 anos de idade se ECOG 0 e ECOG 0–2 nos menores de 70 anos. Foram excluídos pacientes com término de adjuvância com fluoropirimidina há menos de 6 meses, aqueles com exposição prévia a oxaliplatina e portadores de neuropatia periférica >= G2.

O desfecho primário foi sobrevida livre de progressão 2 (SLP2), definida como o tempo entre a randomização e a SEGUNDA PD (PD após reexposição ao triplet no braço intervenção ou após FOLFIRI + bev no braço controle) ou morte por qualquer causa.

Foram randomizados 679 pacientes com CRCm. A idade mediana foi de 61 anos e 85% dos pacientes tinham ECOG 0. Oitenta e nove por cento apresentavam metástases sincrônicas, 59% apresentavam mais de um sítio metastático e 64% tinham mutação do RAS e 10% um tumor com mutação BRAF. Ademais, apenas 16% tinham tumor de cólon esquerdo com KRAS, NRAS e BRAF selvagens. O estudo atingiu seu desfecho primário: SLP2: 19,2 versus 16,4 meses, favorecendo triplet (HR 0.74; IC95% 0.63–0.88; log-rank p=0.0005).

Também houve ganho em SG: 27,4 versus 22,5 meses (p=0.032). a taxa de resposta foi de 62% versus 50%. Dezessete por cento dos pacientes do grupo triplet tiveram ressecção R0 de metástases versus 12% no grupo controle (OR 1.55 [1.00–2.39]; p=0.047). Como esperado, triplet foi mais tóxico. Durante o tratamento de primeira linha, eventos adversos de grau 3-4 foram relatados 68% versus 46% no grupo controle. Neutropenia febril foi de 6% no grupo experimental (não houve uso de profilaxia primária).

 

Upfront FOLFOXIRI plus bevacizumab and reintroduction after progression versus mFOLFOX6 plus bevacizumab followed by FOLFIRI plus bevacizumab in the treatment of patients with metastatic colorectal cancer (TRIBE2): a multicentre, open-label, phase 3, randomised, controlled trial. Cremolini C et al. Lancet Oncol. 2020 Apr;21(4):497-507; PMID: 32164906
FOLFOXIRI + bevacizumabe seguido de reintrodução após progressão versus mFOLFOX6 +bevacizumabe seguido de FOLFIRI +bevacizumabe no tratamento do câncer colorretal metastático: um estudo aberto de fase 3, multicêntrico, controlado.

 

Comentários do avaliador científico:
- A população do estudo é composta majoritariamente por pacientes de ótima performance com tumores de mal prognóstico (maioria com doença metastática sincrônica, com mutação em RAS ou BRAF ou com mais de um sítio de metástases). Para pacientes assim, principalmente na necessidade de taxa de resposta, sem dúvidas FOLFOXIRI deve ser pensado como opção de primeira-linha. 
- Cuidados devem ser tomados, no entanto, em extrapolar esses dados para outros perfis de paciente, como idosos ou aqueles com baixa performance (nos quais uma maior toxicidade é mais danoso), e para portadores de tumor de cólon esquerdo All-RAS e BRAF selvagem. Estes não só foram muito pobremente representados como é o grupo que mais se beneficia da combinação de doublets + anti-EGFR (cetuximabe ou panitumumab). Ademais, novas evidências têm surgido dando suporte para reexposição a anti-EGFR em linhas posteriores e quanto maior o tempo entre exposição e reexposição, maior parece ser o benefício.

 

Avaliador científico
Dr. Allan Andresson L. Pereira, MD, PhD
Oncologista do Hospital Sírio-Libanês e chefe da Oncologia do Hospital de Base do DF. Ex-residente de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e ex-fellow em tumores gastrointestinais pela University of Texas – M.D. Anderson Cancer Center. Doutorado em Oncologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Editor
Dr. Daniel da Motta Girardi

Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos.