SBOC REVIEW

A via do VEGF é vital para a neoangiogênese associada a proliferação tumoral. Os agentes antiangiogênicos podem inibir o ligante (anti-VEGF) ou o receptor (anti-VEGFR). Um novo estudo demonstrou incremento em sobrevida global com uso de fruquintinibe, um anti- VEGFR, para pacientes com câncer colorretal avançado.

Foram incluídos 416 pacientes chineses previamente expostos a duas ou mais linhas de tratamento. Eles foram randomizados para receber fruquintinibe 5 mg/dia por 21 dias a cada quatro semanas ou placebo. O uso prévio de anti-EGFR (panitumumabe ou cetuximabe) e anti-VEGF (bevacizumabe ou aflibercept) eram permitidos, sendo excluídos pacientes já expostos a anti-VEGFR (ramucirumabe ou regorafenibe). A sobrevida global mediana foi de 9,3 meses versus 6,6 meses, com redução de 35% no risco de morte, mas levando a mais eventos adversos no braço fruquintinibe (15% versus 6%), principalmente hipertensão, síndrome mão-pé, proteinúria e diarreia. Em análise de subgrupo, mesmo os pacientes que haviam recebido anti-VEGF tiveram benefício em sobrevida global e sobrevida livre de progressão com a droga experimental.

JAMA. 2018 Jun 26;319(24):2486-2496. PMID: 29946728

Comentários: Esses resultados são intrigantes e corroboram o grande papel da inibição da via do VEGF mesmo em linhas mais avançadas de tratamento. O estudo já estava em andamento quando dos resultados de eficácia de regorafenibe e TAS-102 e, por isso, não teve essas drogas como braço comparativo. A inclusão de população estritamente chinesa também limita a aplicabilidade da droga. Aguardamos a avaliação de fruquintinibe na população ocidental.

Dra. Marcela Crosara
Oncologista clínica e coordenadora médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês – Brasília/DF
Médica graduada pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP
Residência de Oncologia Clínica no ICESP/FMUSP