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SBOC REVIEW

Futibatinibe para colangiocarcinoma intra-hepático com rearranjo de FGFR2

Resumo do artigo:

As fusões/rearranjos do receptor do fator de crescimento de fibroblastos 2 (FGFR2) podem ocorrer em até 14% dos pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático. O estudo FOENIX-CCA2 investiga o futibatinibe, um inibidor de FGFR1-4 que se liga irreversivelmente à FGFR quinase, para pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático com mutação confirmada de FGFR2 e que falharam em uma linha anterior de terapia sistêmica em estágio avançado.

Este estudo de fase 2 recrutou 103 pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático irressecável ou metastático com FGFR2 positivo para fusão ou rearranjo que havia falhado em pelo menos 1 linha de terapia sistêmica. O desfecho primário foi a taxa de resposta objetiva (ORR) e os desfechos secundários incluíram duração da resposta, controle da doença, sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), segurança e qualidade de vida.

O acompanhamento médio foi de 17,1 meses e a duração média do tratamento foi de 9,1 meses. A ORR foi de 42% (IC 95%, 32 a 52), com 72% daqueles tendo uma resposta que durou pelo menos 6 meses e 14% tendo respostas com duração de pelo menos 12 meses. A duração de resposta mediana foi de 9,7 meses (IC 95% 7,6 a 17,0) e 83% dos pacientes (IC 95%, 74 a 89) tiveram controle da doença. Para os pacientes com resposta, o tempo médio para resposta foi de 2,5 meses. A SLP mediana foi de 9,0 meses (IC 95%, 6,9 a 13,1) e a SG mediana foi de 21,7 meses (IC 95%, 14,5 a não alcançado). Não houve diferença na eficácia do tratamento entre diferentes fusões ou mutações de FGFR2.

Com relação à segurança, os eventos adversos relacionados ao tratamento de grau 3 ou superior mais comum incluíram hiperfosfatemia (30%), níveis elevados de AST (7%), estomatite (6%) e fadiga (6%). Esses e outros eventos adversos levaram a interrupções de dose em 50% dos pacientes e reduções de dose em 54% dos pacientes.

Os resultados relatados pelos pacientes foram avaliados por meio do EORTC QLQ-C30 e EQ-5D e, ao longo do tratamento, os escores permaneceram estáveis ou melhoraram na maioria dos pacientes. No geral, este estudo encontrou benefícios concretos no uso de futibatinibe para tratar pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático com mutação FGFR2.

Assim, em pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático com fusão/rearranho de FGFR2 previamente tratados, o uso de um inibidor covalente de FGFR, futibatinibe, levou a um benefício clínico significativo. O uso do medicamento resultou em respostas duradouras e sobrevida que superaram as indicadas pelos dados históricos com quimioterapia em pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático refratário.

 

 

Goyal L, Meric-Bernstam F, Hollebecque A, et al. Futibatinib for FGFR2-Rearranged Intrahepatic Cholangiocarcinoma. N Engl J Med. 2023;388:228-239. DOI: 10.1056/NEJMoa2206834.
Futibatinibe para colangiocarcinoma intra-hepático com rearranjo de FGFR2.

 

Comentário do avaliador científico:

Os resultados apresentados do FOENIX-CCA2 demonstram que o futibatinibe é um tratamento eficaz para o colangiocarcinoma positivo de fusão/rearranjo FGFR2, tornando-se uma nova opção terapêutica neste cenário. Esses dados se somam ao de outras terapias anti-FGFR, pemigatinibe e infigratinibe, que também tiveram atividade demonstrada no colangiocarcinoma metastático com fusão FGFR2.

Assim, os resultados reforçam a importância da testagem do perfil molecular no colangiocarcinoma e representam um passo à frente para pacientes que enfrentam uma doença desafiadora. Ressalta-se que nos últimos anos, além das terapias anti-FGFR, outras terapias alvo tiveram também benefício demonstrado, seja para o colangiocarcinoma especificamente (tal como ivosidenibe para mutações IDH) ou de forma agnóstica (para alterações de NTRK, BRAF e RET).

Os pontos fortes deste estudo incluíram a duração do tempo de acompanhamento, bem como sua análise bem detalhada do perfil genômico. Já as limitações do estudo incluíram o número de pacientes e a metodologia de braço único.

No geral, este artigo encontrou um benefício relevante no uso de futibatinibe para pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático com mutação FGFR2 nesta população pré-tratada. Aguardam-se estudos em andamento comparando inibidores de FGFR versus quimioterapia em primeira-linha.

 

Avaliador científico:

Dr. Gustavo Vasili Lucas
Residência Médica em Oncologia Clínica pela Unicamp
Oncologista Clínico do Hospital Erasto Gaertner e Instituto de Oncologia do Paraná (IOP)