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SBOC REVIEW

Guideline oficial francês para proteger os pacientes com câncer contra a infecção por SARS-C0V-2

Resumo do artigo:

O ministro da saúde da França solicitou a alguns representantes da oncologia e da radioterapia que realizassem um guideline para pacientes oncológicos durante a epidemia de COVID-19. As orientações foram baseadas em dados chineses publicados em artigo no Lancet Oncology, também comentado nesta edição especial do SBOC Review. Como descrito em outros artigos, os pacientes oncológicos fazem parte de um grupo de risco maior, já que estão mais susceptíveis ao desenvolvimento da forma grave da doença e podem apresentar uma piora clínica mais rápida.

O guideline francês recomenda que medidas de prevenção sejam implementadas nos departamentos oncológicos. A admissão de pacientes com COVID-19 deve ser evitada o máximo possível para reduzir a transmissão intra-hospitalar. Pela maior suscetibilidade, as internações de pacientes oncológicos (por qualquer motivo) também devem ser evitadas o máximo possível. Pacientes oncológicos com diagnóstico de COVID-19 e que necessitem de internação hospitalar devem ser admitidos em separado de outros pacientes oncológicos. Também devem ser adotadas medidas para reduzir as idas de pacientes ambulatoriais aos departamentos de oncologia e radioterapia. Estratégias com uso de telemedicina e avaliações telefônicas são encorajadas. Avaliar possíveis mudanças no tratamento como uso de drogas por via oral no lugar de infusões endovenosas, uso de esquemas a cada três semanas em vez de esquemas semanais, hipofracionamento da radioterapia e até mesmo férias de quimioterapia naqueles pacientes com doenças indolentes e com boa resposta ao tratamento.

Também são encorajadas medidas de rastreio de pacientes sintomáticos através de ligações telefônicas para quem tiver horários de consultas ou tratamentos agendados. Em caso de identificação de pacientes sintomáticos, reagendar a consulta ou os tratamentos possíveis para período seguro após recuperação. Além disso, pacientes sintomáticos devem ser orientados a procurar ajuda de departamentos especializados no combate a pandemia e não os departamentos de oncologia ou radioterapia. Nos locais de infusão de quimioterapia, devem ser respeitadas as distancias adequadas entre as poltronas de infusão, deve-se estar atento à higienização desse local e os pacientes e funcionários devem usar máscaras. Os pacientes sem sinais e sintomas de COVID-19 ou que se recuperam da infecção devem dar continuidade ao tratamento oncológico.

Na situação de escassez de recursos, os pacientes oncológicos devem ser priorizados de acordo com o prognóstico da doença, o tipo de tratamento, a idade e a gravidade dos sintomas. A seguinte ordem de prioridade foi proposta: 1) Pacientes manejados com intenção curativa favorecendo-se aqueles com idade < 60 anos e/ou expectativa de vida > 5 anos. 2) Pacientes em tratamento não curativo de primeira linha com idade < 60 anos e/ou expectativa de vida > 5 anos. 3) Outros pacientes tratados de maneira não curativa, favorecendo-se aqueles cuja interrupção do tratamento pode levar a um agravamento importante da doença ou dos sintomas. Aqueles que necessitam de internação para cuidados paliativos e que apresentem sintomas ou comprovação de COVID-19 devem ser admitidos em outros locais que não o departamento de oncologia ou serem manejados por meio de homecare.

 

The official French guidelines to protect patients with cancer against SARS-CoV-2 infection. You et al. The Lancet Oncology. doi:10.1016/s1470-2045(20)30204-7.
Guideline oficial francês para proteger os pacientes com câncer contra a infecção por SARS-C0V-2.

 

Comentário do avaliador científico:
- Guideline muito interessante, pois traz estratégias para organização de departamentos de oncologia e radioterapia durante a pandemia de COVID-19.
- As estratégias destacadas neste guia podem e devem ser adotadas no Brasil tanto no sistema público quanto no privado.
- Gestores e médicos oncologistas devem ficar atentos a essas recomendações para proteger os pacientes oncológicos, cuja maior suscetibilidade ao novo coronavírus já foi comprovada.

 

Avaliador científico e editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Filiações: Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos da América.