SBOC REVIEW
Especial ASCO 2024 – Cuidados Paliativos
Ensaio de efetividade comparativa dos cuidados paliativos precoces administrados por telemedicina versus presencialmente entre pacientes com câncer de pulmão avançado.
Joseph A. Greer, Chardria Trotter, Vicki Jackson, Simone Rinaldi, Mihir Kamdar, Areej El-Jawahri, Nora K. Horick, Kedie Pintro, Dustin Rabideau, Josephine Louella Feliciano, Isaac S. Chua, Konstantinos Leventakos, Stacy Fischer, Toby Christopher Campbell, Michael W. Rabow, Finly Zachariah, Laura C. Hanson, Sara F. Martin, Maria Silveira, Jennifer S. Temel. Comparative effectiveness trial of early palliative care delivered via telehealth versus in person among patients with advanced lung cancer. LBA3
Trata-se de um ensaio clínico randomizado e multicêntrico nos EUA, cujo desfecho primário visou avaliar a equivalência do efeito dos cuidados paliativos precoce (CPP) por telemedicina em comparação com os presenciais na qualidade de vida de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado, diagnosticados nas últimas 12 semanas, bem como de seus cuidadores.
Foram avaliados 1.250 pacientes aleatoriamente designados para receber atendimento com um clínico de cuidados paliativos a cada quatro semanas, seja por vídeo ou na clínica ambulatorial. O estudo comparou a taxa de participação dos cuidadores nas visitas de CPP, os sintomas de depressão e ansiedade relatados pelos pacientes (Questionário de Saúde do Paciente-9; Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão), enfrentamento (Brief COPE) e percepções sobre o prognóstico (Questionário de Percepções sobre Tratamento e Prognóstico) entre os grupos.
Os escores de qualidade de vida na semana 24 para os pacientes designados ao grupo de telemedicina foram equivalentes aos que receberam CPP presencial (médias ajustadas: 99,67 versus 97,67, p < 0,043 para equivalência). Além disso, não houve diferença nos sintomas de depressão e ansiedade, no uso de habilidades de enfrentamento ou nas percepções sobre o objetivo do tratamento e a curabilidade de seu câncer.
Portanto, CPP realizado por vídeo ou visitas presenciais mostraram benefícios equivalentes na qualidade de vida relatada pelos pacientes, enfatizando potenciais benefícios em aumentar o acesso aos cuidados paliativos precoces por meio da telemedicina.
Ensaio randomizado multicêntrico de cuidados paliativos (CP) escalonados para pacientes com câncer de pulmão avançado.
Jennifer S. Temel, Vicki Jackson, Pallavi Kumar, Thomas William LeBlanc, Arif Kamal, Simone Rinaldi, Areej El-Jawahri, Christopher A Jones, Kathryn McGrath, Laura A Petrillo, Dustin Rabideau, Nora K. Horick, Kedie Pintro, Emily R. Gallagher, Kathryn Post, Anna Ruprecht, Joseph A. Greer. Multi-site randomized trial of stepped palliative care (PC) for patients with advanced lung cancer. Abstract 12.000
O estudo comparou dois métodos de implementação de cuidados paliativos: cuidados paliativos precoces (CPP) versus cuidados paliativos escalonados (CPE) em pacientes com câncer de pulmão avançado diagnosticados nas últimas 12 semanas. O desfecho primário avaliou a não inferioridade do efeito do CPE em comparação com o CPP na qualidade de vida, medida pelo FACT-L na semana 24, e os desfechos secundários compararam a aderência ao tratamento, a efetividade da comunicação sobre o fim da vida (EOL) e o tempo de internação em hospice entre os grupos.
Os pacientes designados para o CPE começaram com uma avaliação inicial de cuidados paliativos dentro de quatro semanas após a inscrição, e os atendimentos subsequentes eram agendados apenas no momento de uma mudança no tratamento do câncer ou após uma hospitalização. Além disso, completaram uma avaliação de qualidade de vida (QOL; Avaliação Funcional da Terapia do Câncer-Pulmão [FACT-L]) a cada seis semanas por até 18 meses a partir da inscrição. Aqueles com uma diminuição de 10 pontos ou mais na pontuação em relação à linha de base foram direcionados para atendimento de cuidados paliativos a cada quatro semanas. Enquanto isso, os pacientes designados para os CPP receberam atendimento a cada quatro semanas desde a inscrição no estudo.
Pacientes no grupo de cuidados paliativos escalonados receberam atendimento com menor frequência em comparação com o grupo de cuidados paliativos precoces, sem detrimento na qualidade de vida. Com base nesses resultados, o estudo demonstrou que a implementação de cuidados paliativos precoces de forma escalonada é eficaz na melhora da qualidade de vida, possibilitando a otimização na acessibilidade ao tratamento com menores recursos.
Alliance A222001: estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo de fase II de oxibutinina versus placebo para o tratamento de ondas de calor em homens recebendo terapia de privação androgênica.
Brad J. Stish, Gina L. Mazza, Jones T. Nauseef, Michael Sandon Humeniuk, Thomas J. Smith, Cindy Tofthagen, Dayssy Alexandra Diaz Pardo, Christopher H. Chay, Andrew Jonathan Huang, Kushal Naha, Scott T. Tagawa, Selina Lai-ming Chow, Lucile L. Adams-Campbell, Paul J. Novotny, Charles L. Loprinzi. Alliance A222001: A randomized, double-blind, placebo controlled phase II study of oxybutynin versus placebo for the treatment of hot flashes in men receiving androgen deprivation therapy. LBA 12.004
O estudo comparou o uso de oxibutinina oral 2,5 mg 2x/dia, oxibutinina 5 mg 2x/dia ou doses correspondentes de placebo por 6 semanas, em pacientes com câncer de próstata recebendo um regime estável de terapia de privação de andrógenos (ADT) e com pelo menos 28 ondas de calor por semana.
Comparado aos pacientes do grupo placebo, os pacientes do grupo de alta dose de oxibutinina tiveram uma redução maior nos escores diários de ondas de calor (p = 0,002), assim como os pacientes do grupo de baixa dose de oxibutinina (p = 0,07). Não ocorreram eventos adversos de grau 3 relacionados ao tratamento. O evento adverso de grau 2 mais frequentemente relatado relacionado à oxibutinina foi boca seca.
Concluindo, a oxibutinina é superior ao placebo para o manejo das ondas de calor associadas à terapia de privação de andrógenos em homens e parece ser bem tolerada.
Resultados de um ensaio randomizado, aberto, de intervenção multimodal (exercício, nutrição e medicamento anti-inflamatório) mais cuidados padrão versus cuidados padrão sozinhos para atenuar a caquexia em pacientes com câncer avançado em quimioterapia. LBA12.007
Tora S. Solheim, Barry J A Laird, Trude R. Balstad, Guro Birgitte Stene, Vickie Baracos, Asta Bye, Olav Dajani, Andrew Eugene Hendifar, Florian Strasser, Martin Robert Chasen, Matthew Maddocks, Melanie R. Simpson, Eva Skovlund, Gareth Owen Griffiths, Jonathan Hicks, Janet Shirley Graham, Fiona Kyle, Joanna Bowden, Marie T. Fallon, Stein Kaasa. Results from a randomised, open-label trial of a multimodal intervention (exercise, nutrition and anti- inflammatory medication) plus standard care versus standard care alone to attenuate cachexia in patients with advanced cancer undergoing chemotherapy. LBA 12.007
O MENAC (Multimodal Exercise Nutrition Anti-inflammatory Cachexia) é um estudo de iniciativa do investigador que comparou o tratamento padrão com uma abordagem multimodal (aconselhamento nutricional, suplemento nutricional com ômega 3, exercícios aeróbicos e resistidos) com o objetivo primário de prevenir o desenvolvimento e/ou atenuar a progressão de caquexia em pacientes com câncer de pulmão e pâncreas em estágio III/IV recebendo terapia sistêmica.
O desfecho primário avaliou a mudança de peso corporal e os desfechos secundários avaliaram as diferenças na massa muscular (medida pela técnica CT L3) e na atividade física (avaliada através da contagem de passos usando o medidor de atividade ActivPAL) entre os grupos. As avaliações foram realizadas no início (pré-randomização) e no final (após 6 semanas).
Os pacientes designados para o tratamento multimodal, em comparação com aqueles designados para os cuidados padrão, apresentaram uma diferença média na mudança de peso de -1,04 kg (mudança de peso média [DP] de 0,05 kg [3,8] versus -0,99 kg [3,2], respectivamente), IC 95% -2,02 a -0,06, p=0,04. Não houve diferença conclusiva na massa muscular ou na média de contagem de passos.
Avaliação otimizada de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ). Abstract 12016
Tiffany Li, Hannah C Timmins, Fawaz Mayez Mahfouz, David Mizrahi, Lisa Horvath, Michelle L. Harrison, Peter S. Grimison, Michael Friedlander, Gavin M. Marx, Frances M. Boyle, David Wyld, Robert Henderson, Tracy King, Sally E. Baron-Hay, Matthew C Kiernan, Claudia Rutherford, David Goldstein, Susanna B Park. Identifying optimized assessment of nerve damage during chemotherapy. Abstract 12016
Estudo multicêntrico que comparou a validade, a especificidade na identificação de sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), a capacidade de discriminar a gravidade dos sintomas e a responsividade, detecção precoce dos sintomas através das medidas relatadas pelos pacientes (PROMs: EORTC-CIPN20, FACT/GOG-Ntx, PRO-CTCAE) versus abordagens de avaliação neurológica e neurofisiológica (Total Neuropathy Score, amplitudes do nervo sural e tibial) e medidas funcionais sensoriais (orientação de grade, monofilamento de Von Frey e tarefas de discriminação de 2 pontos).
Foram avaliadas duas coortes: pacientes iniciando o tratamento, avaliados prospectivamente, e pacientes que completaram o tratamento, avaliados transversalmente. Os PROMs demonstraram uma capacidade superior de identificar a NPIQ (validade convergente; α = 0,75-0,85, todos P < 0,001), discriminar a gravidade da NPIQ (validade de grupos conhecidos; todos P < 0,001) e detectar mudanças no desenvolvimento da NPIQ (responsividade; d de Cohen = 0,65-0,83) em comparação com as abordagens de avaliação neurológica, neurofisiológica e sensorial.
Diante desses dados, os PROMs representam um método válido de avaliação da neuropatia periférica induzida por quimioterapia, e a adoção desse método na prática clínica permitirá uma representação precisa e um reconhecimento precoce dos sintomas da NPIQ, possibilitando a redução da morbidade a longo prazo.
Avaliador científico:
Dra. Angel Ayumi Tome Uchiyama
Residência em Oncologia Clínica no Hospital Alemão Oswaldo Cruz – São Paulo/SP
Oncologista Clínica no Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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Cidade de atuação: São Paulo/SP