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SBOC REVIEW

Highlights de Sarcomas

ImmunoSarc2 (Cohorte 7a): Ensaio clínico fase Ib do Spanish Sarcoma Group (GEIS) com epirrubicina e ifosfamida mais nivolumabe na primeira linha do tratamento do sarcoma pleomórfico indiferenciado (UPS) avançado

ImmunoSarc2 (Cohort 7a): A Spanish Sarcoma Group (GEIS) phase Ib trial of epirubicin and ifosfamide plus nivolumab in first line of advanced undifferentiated pleomorphic sarcoma (UPS)

Durante a ASCO 2025, foram apresentados os dados da coorte 7a do estudo de fase Ib ImmunoSarc2, que avaliou a combinação de quimioterapia com imunoterapia em pacientes com sarcoma pleomórfico indiferenciado (UPS) avançado ou metastático.

Foram incluídos 16 pacientes com ECOG 0-1, sem tratamento prévio com antraciclinas e com diagnóstico confirmado de UPS avançado. O objetivo principal foi determinar a dose máxima tolerada (MTD), com base em toxicidades limitantes de dose (DLTs). O esquema inicial (nível de dose 0 – L0) consistiu em epirrubicina 60 mg/m² nos dias 1 e 2, ifosfamida 3 g/m² nos dias 1 a 3 e nivolumabe 360 mg no dia 3, administrado após a quimioterapia. Os ciclos foram repetidos a cada 21 dias, com suporte de G-CSF e mesna, por até 6 ciclos, seguidos por manutenção com nivolumabe por 1 ano.

Todos os pacientes foram tratados com o esquema L0, sem ocorrência de DLTs, sendo esse regime definido como a dose recomendada para a fase II (RP2D).

A taxa de resposta objetiva (TRO) foi de 68,8%, incluindo uma resposta completa (6%) e 10 respostas parciais (63%). Com seguimento mediano de 16,3 meses (IC 95%: 7,2–25,4), a mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 9,9 meses (IC 95%: 7–12,7). A mediana de sobrevida global (SG) ainda não foi alcançada, com uma taxa de sobrevida em 1 ano de 81% (IC 95%: 62–100).

As principais toxicidades grau 3-4 observadas foram: neutropenia (62,5%), neutropenia febril (18,8%), anemia (31,3%) e trombocitopenia (25%).

Como conlusão, o regime combinado de epirrubicina, ifosfamida e nivolumabe demonstrou ser viável, com perfil de toxicidade manejável e atividade promissora como tratamento de primeira linha no UPS avançado. Um estudo de fase II/III está em planejamento para comparar a quimioimunoterapia com a quimioterapia isolada nesse cenário.

 

Anlotinibe em combinação com epirrubicina seguido de manutenção com anlotinibe versus placebo mais epirrubicina como tratamento de primeira linha para sarcoma de partes moles (STS) avançado: Estudo randomizado, duplo-cego, controlado em paralelo, de fase III

Anlotinib in combination with epirubicin followed by maintenance anlotinib versus
placebo plus epirubicin as first-line treatment for advanced soft tissue sarcoma (STS):
A randomized, double-blind, parallel-controlled, phase III study

O estudo acima apresentado na ASCO 2025 foi conduzido na China e avaliou a eficácia do anlotinibe combinado à epirrubicina, seguido de manutenção com anlotinibe, como tratamento de primeira linha para pacientes com sarcoma de partes moles localmente avançado ou metastático.

Pacientes com diagnóstico patológico confirmado de sarcoma de partes moles irressecável ou metastático que não haviam recebido tratamento prévio foram randomizados em uma proporção 1:1. O grupo intervenção recebeu anlotinibe (12 mg/dia por via oral – 2 semanas de uso, 1 semana de pausa) em combinação com epirrubicina (90 mg/m² EV a cada 3 semanas, por até 6 ciclos), seguido de manutenção com anlotinibe.

Foram incluídos 272 pacientes, de múltiplas histologias, sendo as mais frequentes: leiomiossarcoma e sarcoma sinovial (28,1% e 11,9% respectivamente, no grupo que recebeu anlotinibe).

Com seguimento mediano de 7,16 meses, o braço anlotinibe + epirrubicina demonstrou melhora significativa na SLP (HR 0,30; IC 95%: 0,21–0,44; p < 0,001), com mediana de 8,57 meses versus 3,02 meses. Também houve superioridade na TRO (17,8% vs 2,9%; p < 0,001) e na  taxa de controle da doença (79,3% vs 54,7%; p < 0,001). A mediana de SG não foi alcançada em nenhum dos braços (HR 0,78; IC 95%: 0,49–1,25).

Os eventos adversos grau ≥3 ocorreram em 69,6% dos pacientes no grupo anlotinibe + epirrubicina e em 59,1% no grupo controle. As taxas de descontinuação por toxicidade (3,7% vs 4,4%) e de eventos fatais (3,7% vs 3,6%) foram semelhantes entre os grupos.

Como conclusão, a adição de anlotinibe à epirrubicina, seguida de manutenção com anlotinibe, mostrou benefício clínico significativo na sobrevida livre de progressão e controle da doença em STS avançado, no entanto, com taxas de toxicidades grau 3 ou superior. O seu uso deve ser cuidadosamente considerado na prática clínica, especialmente em pacientes com reserva funcional limitada. Ainda assim, o esquema surge como uma potencial nova opção na primeira linha para esses pacientes. Os dados finais de sobrevida global ainda estão em acompanhamento.

 

Estudo de fase I/II de abemaciclibe, um inibidor de CDK4/6, em participantes com Sarcoma de Kaposi associado ao HIV e HIV-negativo

A phase I/II study of abemaciclib, a CDK4/6 inhibitor, in participants with HIV-associated and HIV-negative Kaposi sarcoma

Este estudo de fase I/II, aberto e não randomizado, avaliou a segurança e a atividade do abemaciclibe em pacientes com Sarcoma de Kaposi (SK). Na fase I, foi determinada a dose máxima tolerada (MTD) utilizando dose inicial de 200 mg duas vezes ao dia. Na fase II, a taxa de resposta objetiva (TRO) foi avaliada em pacientes previamente tratados (n=21) e sem tratamento prévio (n=10).

Entre os 31 pacientes avaliáveis, 76% dos pré-tratados e 80% dos virgens de tratamento apresentaram resposta parcial. Os eventos adversos mais comuns foram diarreias (92%) e elevação de creatinina (64%), ambos de grau 1/2. Neutropenia ocorreu em 63% dos pacientes, com redução de dose necessária em 13 casos devido a toxicidade grau 3/4.

O abemaciclibe demonstrou atividade clínica em SK, com perfil de segurança manejável, sugerindo potencial como nova opção terapêutica e justificando estudos controlados futuros nesse cenário.

 

Avaliador científico:

Dr. Fernando Moraes de Moura

Oncologista clínico pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – Porto Alegre/RS

Oncologista no Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS

Responsável Técnico no Centro de Oncologia do Hospital Vila Nova – Porto Alegre/RS

Instagram: @fernandomoura

Cidade de atuação: Porto Alegre/RS