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SBOC REVIEW

Identificação de mutações germinativas associadas ao câncer de pâncreas

O adenocarcinoma de pâncreas figura entre os mais agressivos tumores em Oncologia, com uma sobrevida em cinco anos de 8%. Porém, apesar de sua associação com hereditariedade, ao contrário do ocorrido com a Síndrome de Lynch e de câncer de mama/ovário hereditários, pouco se avançou em estratégias de prevenção ou mesmo tratamentos direcionados. Em parte, isso resulta da ausência de genes identificados relacionados ao câncer de pâncreas familiar.

Hu e cols. realizaram o maior estudo para avaliação de mutações germinativas em genes de predisposição hereditária até o presente momento. O estudo caso-controle avaliou 3030 casos de adenocarcinoma de pâncreas, não selecionados por história familiar, e comparou com dados de 123.113 controles de um banco de dados de informação genética (Exac). A prevalência de mutações encontradas nos 21 genes avaliados foi de 8,2%, compatível com dados prévios de literatura. Porém, este foi o primeiro estudo a comparar os dados com controles, e identificar seis genes cuja prevalência foi estatisticamente maior naqueles com diagnóstico de câncer de pâncreas: ATM, BRCA1 e 2, CDKN24, MLH1 e TP53. Estes estavam presentes em 5,5% dos indivíduos sem história familiar de câncer e em 7,9% daqueles com história familiar. Além disso, os indivíduos com mutação apresentavam diagnóstico mais jovens, doença mais avançada e maior número de casos de tumores de mama e outras neoplasias na família. Além disso, houve uma maior sobrevida para esse grupo (13,6 versus 11,4 meses).

Hu e cols. JAMA. 2018;319(23):2401-2409. PMID: 29922827

Comentário: A identificação de pacientes com câncer de pâncreas hereditário abre portas para instituição de medidas preventivas para vários tumores em seus familiares, e talvez no futuro tratamentos específicos (Ex: iPARP e imunoterapia). Esse estudo demonstra que a prevalência de mutações nessa população é relevante, e que apenas a história familiar não é capaz de selecionar os pacientes corretos para avaliação oncogenética.

Ana Carolina R. Chaves de Gouvêa, MD
Residência de Oncologia Clínica pelo ICESP/FMUSP
Especialista em Câncer Hereditário pelo City of Hope Intensive Cancer Risk Assessment Course
Observership em Oncogenética no Cancer Genetics and Prevention DFCI/Harvard Medical School
Oncologista do COE/INCON – São José dos Campos
Coordenadora do Grupo de Oncogenética do HAOC – São Paulo