SBOC REVIEW
Impacto da perda de peso e risco de câncer de endométrio
Mulheres na pós-menopausa e obesas sofrem uma maior exposição a estrogênio do que aquelas não-sobrepeso, em decorrência da maior conversão de androgênios em estrogênio no tecido adiposo. A exposição contínua ao estrogênio sem oposição da progesterona favorece a proliferação do tecido endometrial o que está associado a um maior risco de desenvolvimento de câncer nesta topografia. Dessa forma, apesar de a obesidade ser um fator de risco para câncer de endométrio, o impacto da perda de peso intencional no risco de surgimento da doença é limitado.
Luo e cols* avaliaram a possível associação da variação do peso corporal e risco de desenvolvimento de neoplasia de endométrio. Em uma coorte composta por 36.794 mulheres entre 50 e 79 anos na pós-menopausa, obteve-se o peso das participantes no momento do recrutamento e após 3 anos. A variação ponderal foi classificada em 3 categorias: ganho (≥ 5% do peso), estável (variação de peso de até 5% para mais ou menos) e perda de peso (≥ 5% do peso). No terceiro ano de seguimento, as pacientes eram questionadas se a redução de peso foi intencional ou não. Após um tempo médio de 11,4 anos de seguimento, verificou-se um menor risco relativo de câncer de endométrio no grupo de mulheres com perda de peso em comparação às mulheres que apresentaram peso estável (RR 0,71; 95% CI, 0,54 – 0,95) em uma análise multivariada. A associação com redução de risco relativo desta neoplasia foi ainda mais forte em mulheres obesas com perda de peso intencional.
Luo e cols. J Clin Oncol. 2017 Apr 10;35(11):1189-1193. PMID: 28165909
Comentários: Apesar das limitações de um estudo observacional, esta avaliação prospectiva de um grande número de mulheres na pós-menopausa, associada ao conhecimento que temos sobre a fisiopatologia do câncer de endométrio, trouxe suporte para recomendação de perda ponderal programada nesta população, particularmente para mulheres obesas.
Mariana Scaranti, MD.
Médica assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e Hospital Sírio-Libanês.
Residência de Oncologia Clínica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
