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SBOC REVIEW

Inibidor da PARP mostra eficácia em pacientes com câncer de pâncreas metastático com mutação de BRCA

Resumo:

O adenocarcinoma pancreático é uma das principais causas de morte por câncer, com prognóstico pobre devido apresentação clínica tardia e limitada eficácia das terapias disponíveis. Portadores da mutação BRCA2 têm um risco aumentado de 3,5 vezes para adenocarcinoma pancreático, tornando as mutações BRCA as alterações genômicas mais comuns associadas ao adenocarcinoma pancreático familiar.

Atualmente, as principais diretrizes recomendam como terapia de primeira linha o uso de FOLFIRINOX ou nab-paclitaxel-gemcitabina. No entanto, a sobrevida global mediana com FOLFIRINOX é de apenas 11,1 meses e com nab-paclitaxel-gemcitabina é de 8,5 meses.

O estudo POLO é um estudo fase III que testou a eficácia da manutenção com olaparibe versus placebo após a quimioterapia, sendo incluídos 154 pacientes com câncer pancreático metastático com mutações BRCA germinativas. Os pacientes tratados com olaparibe tiveram sobrevida livre de progressão superior versus placebo (7,4 meses vs 3,8 meses com razão de risco [HR], 0,53, P = 0,004). No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida global. Esses dados levaram à aprovação do olaparibe pela FDA para tratamento de manutenção de pacientes com adenocarcinoma pancreático metastático com mutação de BRCA germinativo patogênico ou suspeita, sem progressão da doença após 16 semanas de quimioterapia à base de platina de primeira linha.

Este estudo é parte do ensaio clínico de fase II, TAPUR, que avalia a atividade antitumoral de agentes direcionados em pacientes com câncer avançado que possuem alterações genômicas conhecidas com drogas disponíveis. Os dados apresentados são uma coorte de pacientes com câncer de pâncreas metastático previamente tratados com mutações germinativas ou somáticas de BRCA1/2 que receberam tratamento com olaparibe.

O desfecho primário foi avaliação de controle de doença, que incluiu a resposta objetiva ou doença estável de pelo menos 16 semanas de duração. Os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de progressão, sobrevida global, duração da resposta, duração da doença estável e segurança.

Foram inscritos trinta pacientes entre novembro de 2016 e agosto de 2019. O estudo observou duas respostas completas, três respostas parciais e três doenças estáveis de longa duração, resultando em taxas de controle de doença e resposta objetiva de 31% e 18%, respectivamente. A sobrevida livre de progressão mediana foi de 8 semanas, e a sobrevida global mediana foi de 38 semanas. Três pacientes tiveram pelo menos um evento adverso grave relacionado ao tratamento.

Por fim, o olaparibe mostrou atividade antitumoral em pacientes com câncer de pâncreas avançado com mutações BRCA1/2. Este resultado sugere uma possível ampliação das indicações terapêuticas do olaparibe para este grupo específico de pacientes, destacando a importância dos testes genéticos e da seleção de pacientes baseada no perfil genético e na resposta anterior ao tratamento para maximizar os benefícios do tratamento.

 

Comentário do avaliador científico:

Este estudo fornece mais evidências do potencial dos inibidores da PARP, especificamente do olaparibe, para tratamento de câncer de pâncreas avançado em pacientes com mutações somáticas ou germinativas BRCA1/2 que são refratários às terapias padrão. A análise sugere que olaparibe tem atividade antitumoral mesmo após múltiplas linhas de terapia. Metade da população deste estudo havia recebido três ou mais linhas de tratamento, expandindo as opções terapêuticas para esse grupo de pacientes difíceis de tratar e com sobrevida tão curta.

A integração dos resultados deste estudo com a literatura existente sublinha a importância de uma abordagem personalizada no tratamento do câncer de pâncreas, usando marcadores genéticos para orientar a escolha terapêutica, particularmente em populações com mutações BRCA1/2, que podem se beneficiar significativamente de inibidores PARP como o olaparibe.

Novos estudos incluindo também outros inibidores da PARP devem ser conduzidos para confirmação deste benefício nesta população específica.

 

Citação: Ahn, E. R., Rothe, M., Mangat, P. K., Garrett-Mayer, E., Calfa, C. J., Alva, A. S., … Schilsky, R. L. (2024). Olaparib in Patients With Pancreatic Cancer With BRCA1/2 Mutations: Results From the Targeted Agent and Profiling Utilization Registry Study. JCO Precision Oncology, 8, e2300240. https://doi.org/10.1200/PO.23.00240

 

Avaliador científico:

Dr. Felipe Márcio Araújo Oliveira

Oncologista Clínico pelo A.C.Camargo Cancer Center

Oncologista clínico no Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH) e Hospital Santa Casa de Misericórdia – Goiânia/GO.

Cidade de atuação: Goiânia/GO.