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SBOC REVIEW

Instabilidade de microssatélites e sobrevida no câncer gástrico: uma análise exploratória do MAGIC trial

O tratamento do câncer gástrico localizado é atualmente recomendado de forma uniforme independente características tumorais. Recentemente, o Cancer Genome Atlas (TCGA) propôs uma classificação destes tumores em quatro grupos: EBV-positivo, microssatélite-instável, genoma-estável e com instabilidade cromossômica.  Nos tumores de cólon EC II com instabilidade de microssatélites (MSI – microsatellite instability), a quimioterapia não oferece vantagem em redução de recorrência e analises retrospectivas sugerem que pacientes com câncer gástrico com MSI têm melhor prognostico.

Neste estudo foi feita uma análise dos pacientes incluídos no MAGIC que randomizou indivíduos para quimioterapia perioperatória e cirurgia ou cirurgia somente, agora avaliados de acordo com a presença de instabilidade de microssatélites. Os dados de 303 pacientes estavam disponíveis, 20 (6.6%) tinham MSI-H (MSI – high) e 2 (0.7%) MSI-L (MSI – low). Um total de 254 pacientes tinham resultados de MSI e MMR (Mismatch Repair) disponíveis. Nenhum paciente com MSI-H ou MMRD (MMR Deficiency) que receberam quimioterapia obtiveram resposta patológica significante. Em relação a sobrevida global (SG), no subgrupo tratado somente com cirurgia, a SG mediana no grupo de pacientes com MSI-H ou MMRD não foi alcançada, sendo comparável ao grupo sem essas alterações (HR 0.42; 95% CI, 0.15-1.15; P = .09). Já no subgrupo tratado com quimioterapia perioperatória e cirurgia, a SG mediana foi significativamente inferior nos pacientes com MSI-H/MMRD em comparação ao grupo sem tais alterações, respectivamente de 9.6 e 19.5 meses (95% CI, 15.4-35.2 meses; HR 2.18; 95% CI, 1.08-4.42; P = .03).

Comentários: Apesar de ser uma análise retrospectiva, estes dados reforçam a impressão de que pacientes com MSI têm melhor prognostico e podem não se beneficiar de quimioterapia em alguns estadios do câncer gástrico. Para os estudos futuros, é importante que os pacientes sejam estratificados de acordo com suas características moleculares.

Maria Ignez Braghiroli, MD

Oncologista Clínica do ICESP/FMUPS e do Hospital Sírio Libanês – SP.

Médica graduada pela Universidade Federal da Bahia.

Residência de Clínica Médica no HC-FMUSP e residência de Oncologia Clínica no ICESP/FMUSP. Fellow da Oncologia Clinica no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Nova York, EUA.