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SBOC REVIEW

Lenvatinibe mais pembrolizumabe para câncer de endométrio avançado

Resumo do artigo:

O câncer de endométrio apresenta um aumento de incidência em consequência dos maiores índices de obesidade e do envelhecimento da população, dois grandes fatores de risco para a doença. Para as pacientes diagnosticadas em estádio mais avançado, as opções de tratamento após a primeira linha com platina são realmente escassas. Levantinibe, um inibidor multicinases, foi estudado em segunda linha com eficácia limitada. Já os inibidores de checkpoint, como o pembrolizumabe, apresentaram uma atividade antitumoral em pacientes com deficiência de reparo ou com instabilidade microssatélite. A combinação das duas drogas foi estudada previamente no estudo KEYNOTE 146 mostrando eficácia e toxicidade manejável, levando a aprovação acelerada pelo FDA da combinação para pacientes com câncer de endométrio avançado negativo para dMMR ou alta instabilidade de microssatélites (MSI-H), que apresentaram progressão da doença após terapia sistêmica.

O estudo KEYNOTE 775 teve o objetivo de confirmar esses dados em um estudo de fase 3 multicêntrico, aberto e randomizado, que comparou a eficácia e a segurança de lenvatinibe em combinação com pembrolizumabe versus tratamento da escolha do médico em 827 pacientes com câncer de endométrio avançado, metastático ou recorrente que tiveram progressão de doença após regime prévio à base de platina. As pacientes poderiam receber até dois regimes anteriores, se um deles fosse administrado com indicação neoadjuvante ou adjuvante.

Das 827 mulheres, 697 tinham tumores pMMR e 130 tinham dMMR. Elas foram randomizadas na proporção 1:1 para receber: lenvatinibe (20 mg/dia via oral) associado a pembrolizumabe (200 mg, EV a cada 3 semanas) ou quimioterapia da escolha do médico (doxorrubicina ou paclitaxel). Os desfechos primários foram sobrevida livre de progressão e sobrevida global.

Após um acompanhamento médio de 12,2 meses para o grupo da combinação e 10,7 meses para o grupo de quimioterapia, a média de sobrevida livre de progressão foi maior no grupo do lenvatinibe mais pembrolizumabe do que com quimioterapia (pMMR: 6,6 vs. 3,8 meses; HR 0.60; P< 0,001; todos os pacientes: 7,2 vs. 3,8 meses; HR 0,56; p< 0,001). A média de sobrevida global também foi maior para o grupo do lenvatinibe mais pembrolizumabe (pMMR 17,4 vs. 12,0 meses HR 0,68 P<0,001; todos os pacientes 18,3 vs. 11,4 meses; HR 0,62 P <0,001).

Os eventos adversos mais comuns foram hipertensão, hipotireoidismo, diarreia, náuseas, redução do apetite, vômitos, perda de peso, fadiga e artralgia nos pacientes que receberam lenvatinibe e pembrolizumabe e anemia, náusea, neutropenia e alopécia nos pacientes que fizeram quimioterapia. Eventos adversos grau ≥3 ocorreram em 88,9% dos pacientes da combinação e em 72,7% dos pacientes que receberam quimioterapia.

No estudo houve redução de dose em 66,5% dos pacientes por eventos adversos no grupo da combinação (lenvatinibe + pembrolizumabe).

Como conclusão do estudo, a combinação de lenvatinibe com pembrolizumabe aumentou significativamente a sobrevida livre de progressão e sobrevida global quando comparado a quimioterapia, tanto em pacientes com proficiência das enzimas de reparo (pMMR) quanto na população geral de pacientes com câncer de endométrio avançado que progrediram a quimioterapia a base de platina.

 

 

Makker V, Colombo N, Casado Herráez A, Santin AD, Colomba E et al. Lenvatinib plus Pembrolizumab for Advanced Endometrial Cancer. N Engl J Med. 2022 Feb 3;386(5):437-448. doi: 10.1056/NEJMoa2108330. Epub 2022 Jan 19
Lenvatinibe mais pembrolizumabe para câncer de endométrio avançado

 

Comentário da avaliadora científica:

Pacientes com câncer de endométrio metastático em primeira linha, apenas 20-25% irão responder completamente, portanto, a maioria vai evoluir para doença resistente à platina. Para essas pacientes, a doxorrubicina apesar de ser considerada uma opção ativa, em segunda linha tem taxas de resposta desanimadoras. Assim como o paclitaxel também tem atividade, mas nesse cenário após quimioterapia prévia, a resposta não é superior a 20%.

Considerando a escassez de opções de tratamento ativo, estudos com novas combinações estavam sendo esperados. O estudo KEYNOTE 775, que comparou a combinação lenvatinibe e pembrolizumabe com o tratamento de escolha do médico (doxorrubicina ou paclitaxel) em pacientes com câncer de endométrio avançado, metastático ou recorrente resistente à platina, pode ser visto como uma possível mudança no tratamento padrão, pois demonstrou que a combinação foi capaz de reduzir em 38% o risco de morte e aumentar a sobrevida livre de progressão em 44% quando comparado com o braço controle, independentemente do status MMR. Além disso, o perfil de segurança da combinação foi consistente com os prévios em monoterapia individualmente sendo uma nova opção segura.

 

Avaliadora científica:

Dra. Renata Cangussú
Residência em Oncologia Clínica pela Fundação Pio XII
Oncologista especializada em tumores femininos e oncologia integrativa da Rede D’Or em Salvador