Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Lorlatinib em pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células com rearranjos de ROS1: estudo de fase 1-2 multicêntrico, aberto e de braço único

Resumo do artigo:
Rearranjos do gene ROS1 ocorrem em 1-2% dos pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células (CPNPC), levando à formação de proteínas de fusão com atividade de tirosina quinase constitutiva. Devido a similaridades estruturais entre os domínios de atividade de tirosina quinase entre ROS1 e ALK, drogas desenvolvidas para tratamento de CPNPC com rearranjos de ALK foram historicamente utilizadas em pacientes com rearranjos em ROS1. A mediana de sobrevida livre de progressão para as duas medicações mais bem estudadas neste cenário, crizotinib e ceritinib, encontra-se entre 6 e 19 meses, conforme publicações prévias. 

Este estudo de fase 1-2 avaliou a eficácia e segurança de Lorlatinib, um inibidor de tirosina quinase de terceira geração, com atividade anti- ALK e ROS1 para pacientes com rearranjos do gene ROS1 em CPNPC. Lorlatinib foi desenvolvido para aumentar a penetração no sistema nervoso central, que é sítio frequente de progressão de doença, devido à baixa penetração dos inibidores de tirosina quinase (iTK) de gerações anteriores.

A presença de rearranjos do gene ROS1 foi estabelecida por técnicas de RT-PCR, NGS ou FISH em laboratório local. Pacientes poderiam ter recebido tratamento prévio com demais iTK. 69 pacientes provenientes de 28 hospitais em 12 países foram incluídos neste estudo. Os pacientes receberam 100mg ao dia de Lorlatinib no estudo de fase 2. 32% dos pacientes eram de origem asiática, 40 (58%) receberam crizotinib previamente, 8 (12%) receberam outro iTK ou duas ou mais linhas de tratamento com droga alvo e 21 (30%) receberam tratamento em primeira linha. 39 (57%) apresentavam metástases cerebrais no início do estudo, tendo 19 recebido radioterapia previamente.

Após uma mediana de seguimento de 21.1 meses, resposta objetiva (ORR) foi evidenciada em 41% (95% CI 29–53) da população com intenção de tratamento por análise de revisão central. Entre os pacientes que não haviam recebido tratamento prévio com iTK, ORR foi de 62% quando comparada a 35% (95% CI 21–52) nos pacientes que haviam recebido crizotinib anteriormente. Mediana de duração de resposta e sobrevida livre de progressão de doença foram respectivamente 25.3 e 21.0 meses vs 13.8 e 8.5 meses. Resposta intracraniana foi evidenciada em 63% dos pacientes virgens de tratamento prévio com iTK e em 51% dos pacientes que haviam recebido crizotinib, com uma mediana de duração de resposta não atingida em ambos os grupos. Efeitos adversos graus 3 e 4 ocorrem em 49% dos pacientes, sendo hipertrigliceridemia (19%) e hipercolesterolemia (14%) os mais frequentes. Apenas um paciente interrompeu tratamento devido à elevação de aminotransferases.

 

Lorlatinib in advanced ROS1-positive non-small-cell lung cancer: a multicentre, open-label, single-arm, phase 1–2 trial. Lancet Oncol. Published online October 25, 2019    https://doi.org/10.1016/S1470-2045(19)30655-2.
Lorlatinib em pacientes com câncer de pulmão do tipo não pequenas células com rearranjos de ROS1: estudo de fase 1-2 multicêntrico, aberto e de braço único.

 


Comentários do editor:
Lorlatinib é inibidor de tirosina quinase de terceira geração desenvolvido para aumentar penetração em sistema nervoso central por meio de interesssante mecanismo de redução do fluxo de glucoproteínas específicas. 

- Este estudo de fase 1-2 demonstra eficácia para tratamento de pacientes com rearranjo no gene ROS1 tanto em pacientes virgens de tratamento com inibidores de tirosina quinase quanto para os pacientes que progrediram, em especial durante uso de crizotinib.

- Atividade em sistema nervoso central foi superior a 50%, inclusive para pacientes previamente tratados com iTK.

- Lorlatinib pode ser nova opção de tratamento para pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células com rearranjos de ROS1 em especial após progressão de doença ao crizotinib.

 

Editora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.