Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Lorlatinibe ou crizotinibe em primeira linha no câncer de pulmão avançado ALK positivo

Resumo do artigo:

Estudo global, randomizado, de fase III, que recrutou 296 pacientes não tratados anteriormente para câncer de pulmão não pequenas células (NSCLC) com rearranjo de ALK determinado por meio do ensaio imuno-histoquímico Ventana (D5F3), estádios clínicos IIIB/IV. Pacientes foram inscritos em 104 centros de estudos em 23 países, randomizados em 1:1 para receber Lorlatinibe (100 mg 1 vez ao dia) ou Crizotinibe (250 mg 2 vezes ao dia) com crossover não permitido.

O desfecho primário era sobrevida livre de progressão, definida como o tempo desde a randomização até a progressão da doença definida por RECIST ou morte por qualquer causa. Como desfechos secundários incluíram: sobrevida global, resposta objetiva, resposta intracraniana objetiva e segurança.

Os pacientes foram estratificados para presença de metástase em Sistema Nervoso Central e etnia (asiáticos x não asiáticos).

A análise do desfecho primário do estudo, demostrou que o tratamento com Lorlatinibe reduziu em 72% o risco de progressão de doença, ou morte em comparação com Crizotinibe (HR: 0.28: IC 95%, 0,19-0,41 p< 0,001).

Adicionalmente como desfechos secundários, a taxa de resposta com uso de Lorlatinibe foi superior (76% versus 58%), assim como a taxa de resposta intracraninana (66% versus 20%), naqueles com metástase cerebral não mensurável; entre aqueles com metástases cerebrais mensuráveis, a resposta objetiva intracraniana foi de 82% e 23% respectivamente. O tempo médio para progressão em SNC não foi avaliável no grupo Lorlatinibe versus 16,6 meses no grupo Crizotinibe ( p < 0,001).

Não foi demonstrado diferença em sobrevida global nessa análise de dados (HR: 0,72, IC 95%: 0,41-1,25).

A análise de qualidade de vida global, também se demonstrou superior com uso de Lorlatinibe (p<0,01).

O estudo observou que houve mais eventos adversos de grau 3 ou 4, no braço de Lorlatinibe do que no braço de Crizotinibe (72% versus 56%), sendo eles: hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, edema, ganho de peso, neuropatia periférica e efeitos cognitivos. Os eventos adversos que levaram a interrupção permanente do tratamento, ocorreram em 7% dos pacientes tratados com Lorlatinibe e 9% dos tratados com Crizotinibe.

 

First-Line Lorlatinib or Crizotinib in Advanced ALK-Positive Lung Cancer. Alice T. Shaw, et al. N Engl J Med 2020;383:2018-29. DOI: 0.1056/NEJMoa2027187.
Lorlatinibe ou crizotinibe em primeira linha no câncer de pulmão avançado ALK positivo.

 

Comentário do avaliador científico:

No estudo CROWN, a sobrevida livre de progressão foi significativamente mais longa e a taxa de resposta intracraniana, maior, entre os pacientes que receberam lorlatinibe do que entre aqueles que receberam crizotinibe. A sobrevida global ainda apresenta dados imaturos, com diferença não significativa.

Vale lembrar que a análise estratificou pacientes com ótima performance, em sua grande maioria PS:0-1, portanto cuidado deve ser tomado ao se extrapolar esses dados para outros perfis de pacientes, como idosos com baixas performances.

Os perfis de toxicidade são importantes, bem como os mecanismos de resistência ao Lorlatinib, à medida que descobrimos a maneira ideal de sequenciar os inibidores de tirosina quinase ALK disponíveis. Definitivamente mais estudos são necessários para determinar o melhor uso dos inibidores de ALK disponíveis em NSCLC, precisamos de mais dados, aumentar a representação em ensaios clínicos para ALK positivos e também precisamos extrapolar combinações para as diversas linhas de tratamento.

 

Avaliador científico
Dr. Caio Guimarães Neves
Oncologista do Instituto do Câncer de Brasília
Oncologista do Hospital de Base do Distrito Federal
Residência médica em oncologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo