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SBOC REVIEW

Neratinibe adjuvante no câncer de mama HER2-positivo

O tratamento adjuvante-padrão para pacientes com câncer de mama HER2-positivo é a combinação de quimioterapia com um ano de trastuzumabe. Essa estratégia reduz significativamente o risco de recorrência e morte nessa população, e a sobrevida global em oito a dez anos é de 83% a 86%. Ainda assim, cerca de um quarto dos pacientes apresentarão recidiva, e várias tentativas de melhorar esses resultados têm sido estudadas.

Neste volume do Lancet Oncology, Martin e cols. publicaram a análise de cinco anos do ExteNET, um estudo de fase 3, duplo-cego, multicêntrico, que randomizou 2840 pacientes com câncer de mama HER2-positivo após terapia com trastuzumabe e um ano de neratinibe (240 mg via oral [VO] uma vez por dia) ou placebo. Os resultados foram semelhantes aos previamente publicados em 2016, com dois anos de seguimento. A sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) em cinco anos foi 90,2% (intervalo de confiança [IC] de 95%, 88,3-91,8) no grupo do neratinibe e 87,7% (85,7-89,4) no grupo placebo (hazard ratio [HR] de 0,73, IC de 95%, 0,57-0,92, p = 0,0083). O benefício do neratinibe foi maior em pacientes com tumores receptores hormonais positivos (HR de 0,60, IC de 95%, 0,43-0,83) — efeito que permanece por se esclarecer — e naquelas que iniciaram neratinibe com intervalo < 1 ano após o término do trastuzumabe. O uso do neratinibe foi associado à diarreia em grau 3 em 40% das pacientes. Houve necessidade de redução de dose em 31% das pacientes e 28% descontinuaram a medicação por toxicidade. Não foram identificados efeitos colaterais a longo prazo.

Martin M, Holmes FA, Ejlertsen B, Delaloge S, Moy B, Iwata H, et al. Neratinib after trastuzumab-based adjuvant therapy in HER2-positive breast cancer (ExteNET): 5-year analysis of a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2017 Nov 13. pii: S1470-2045(17)30717-9.

Comentário: a adjuvância com neratinibe por um ano após trastuzumabe prolonga a SLDi. Esse achado deve ser confrontado com as limitações metodológicas do estudo (múltiplas emendas, inclusive extensão do seguimento para cinco anos), o custo, a toxicidade relevante e a opção terapêutica de trastuzumabe-pertuzumabe, cujos resultados recentemente publicados demonstraram magnitude de benefício semelhante.

Ana Carolina Leite Gifoni, MD, PhD
Oncologista clínica do Fujiday — Oncologia D'Or e do Oncocentro Hospital São Carlos em Fortaleza, CE; médica graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC); residência de Clínica Médica no Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC); residência em Oncologia Clínica no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará (ICC); ph.D. em Cancerologia pela Fundação Antônio Prudente