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SBOC REVIEW

Niraparibe para redução de recidiva em câncer de ovário avançado

Resumo do artigo:

O câncer de ovário é, dentre os tumores ginecológicos, aquele com maiores taxas de óbito. O tratamento padrão para o câncer de ovário avançado recém-diagnosticado é a citorredução cirúrgica e a quimioterapia à base de platina. Os pacientes costumam responder ao tratamento com quimioterapia de primeira linha, porém, sem terapia de manutenção, recaem em 75% dos casos em um tempo médio de 18 a 24 meses.

O estudo de fase 3 PRIMA previamente publicado demonstrou que o niraparibe, um inibidor potente e altamente seletivo da difosfato-ribose polimerase (PARP), prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) versus placebo no cenário de manutenção de primeira linha, independentemente do status de HRD de pacientes com risco muito alto de progressão da doença e excluiu pacientes com doença em estágio III que haviam sido submetidas à ressecção R0.

Neste estudo fase 3 randomizado PRIME, conduzido na China, foram avaliadas a eficácia e a segurança do niraparibe com a adoção prospectiva de dose inicial individualizada (200 mg para pacientes com peso menor que 77 Kg ou plaqueta menor que 150 mil e 300 mg para as demais) como terapia de manutenção em uma ampla população de pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado que responderam ao tratamento com quimioterapia de primeira linha à base de platina, independentemente do status de doença residual pós-operatória ou status de biomarcador.

O desfecho primário do estudo era sobrevida livre de progressão na população com intenção de tratar (ITT), de acordo com um comitê de revisão independente. Os desfechos secundários eram sobrevida global, tempo até a primeira terapia anticâncer subsequente na população ITT, bem como SLP e sobrevida global (SG) no subgrupo HRD.

Foram randomizados 384 pacientes (255 niraparibe e 129 placebo). A idade mediana foi de 54 anos, 108 (28,1%) apresentavam doença em estágio IV, 180 (46,9%) receberam quimioterapia neoadjuvante, 50 (13%) atingiram citorredução abaixo do ideal e 69 (18%) tiveram uma resposta parcial à quimioterapia à base de platina. Na população por intenção de tratar, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 24,8 meses (IC 95% 19,2 a não estimável) com niraparib versus 8,3 meses (IC 95% 7,3-11,1) com placebo (HR 0,45; IR 95% 0,34-0,60; p< 0,001).

O tempo até a primeira terapia anticâncer subsequente mediano foi de 29,2 meses (95% IC, 22,4 para NE) com niraparibe e 11,9 meses (95% IC, 8,8-14,8) com placebo (HR, 0,45; 95% IC, 0,34-0,59; p < 0.001). Os dados para SG não estavam maduros na população ITT. No subgrupo HRD, mSLP não foi alcançado (95% IC 22,3 para NE) com niraparibe vs 11,0 meses (95% IC 8,3-13,8) com placebo (HR 0,48; 95% IC, 0,34-0,68).

Os efeitos adversos ocorreram em 103 (40,4%) e 8 (6,2%) pacientes tratados com niraparibe e tratados com placebo, respectivamente. Os efeitos adversos mais comuns que levaram a reduções de dose no grupo niraparib foram hematológicos como plaquetopenia (24,3%), anemia (10,2%), neutropenia (9,8%) e leucopenia (3,1%).

Por fim, este estudo demonstrou que a terapia de manutenção com niraparibe reduziu significativamente o risco de progressão da doença ou morte versus placebo em uma ampla população de pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado após resposta ao tratamento com quimioterapia de primeira linha à base de platina, independentemente da doença residual pós-operatória ou de avaliação de biomarcador.

 

Comentário do avaliador científico:

Neste estudo PRIME foi incluído uma população de pacientes com câncer de ovário mais ampla, incluindo câncer de ovário em estágio III que não apresentavam doença residual após a cirurgia de citorredução primária, que haviam sido excluídos do estudo PRIMA, porém limitada a uma população oriental.

A terapia de manutenção com o inibidor de PARP niraparibe levou a uma sobrevida livre de progressão significativamente mais longa versus placebo em pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado (24,8 meses versus 8,3 meses; p<0,001).

Ao contrario do estudo PRIMA, em que a dosagem inicial individualizada do niraparibe foi usada em apenas cerca de 35% dos pacientes, todos os pacientes do PRIME a receberam, reduzindo significativamente a taxa de descontinuação do tratamento.

A análise de subgrupo mostrou que o benefício de sobrevida livre de progressão de niraparibe versus placebo foi consistente em todos os subgrupos pré-especificados.

A partir desse estudo fase 3, o niraparib consolida-se como uma opção para terapia de manutenção para esses pacientes com câncer de ovário recém diagnosticado, avançado, platino sensível, independente do status da doença residual pós-operatória.

Diferente de estudos anteriores em que a magnitude de benefício do inibidor de PARP foi maior na presença de mutação de BRCA ou HRD, no estudo PRIME, mesmo pacientes sem mutação de BRCA e com HRP tiveram benefício da terapia de magnitude relevante (HR 0,41). Destaca-se, porém, que o teste utilizado para acessar HRD foi um teste local, não validado, diferente dos testes utilizados em estudos prévios.

 

Citação: Li N, Zhu J, et al. Treatment With Niraparib Maintenance Therapy in Patients With Newly Diagnosed Advanced Ovarian Cancer: A Phase 3 Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. Published online July 13, 2023. doi:10.1001/jamaoncol.2023.2283

 

Avaliador científico:

Dra. Hyanne de Abreu

Residência em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Ceará

Oncologista clínica na Clinica ATO terapias e Clinica Ébano

Oncologista clínica no Hospital Geral de Fortaleza