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SBOC REVIEW

Nivolumabe adjuvante em câncer de esôfago e transição esôfago-gástrica ressecado (CheckMate 577)

Resumo do artigo:

Neste estudo de fase III, randomizado, multicêntrico, duplo-cego, o inibidor de checkpoint imunológico nivolumabe foi comparado a placebo em pacientes de diversas etnias com diagnóstico de câncer de esôfago ou transição esôfago-gástrica estádio clínico II ou III, após quimioradioterapia neoadjuvante, seguido de cirurgia, e doença residual presente.

Os pacientes foram randomizados na proporção de 2:1 para receber nivolumabe 240 mg a cada duas semanas por 16 semanas seguido de 480 mg a cada quatro semanas ou placebo por um ano ou até progressão de doença ou toxicidade inaceitável. A randomização foi estratificada de acordo com a expressão de PD-L1 na célula tumoral (≥1% ou <1%, indeterminada ou não pôde ser avaliada), status linfonodal (≥ypN1 ou ypN0) e tipo histológico (carcinoma de células escamosas ou adenocarcinoma). O desfecho primário foi sobrevida livre de doença (SLD) e os desfechos secundários foram sobrevida global (SG) e sobrevida em 1, 2 e 3 anos. Foram estimados 440 eventos de recorrência da doença ou morte para 91% de segurança para o estudo para detectar uma razão de risco de 0,72. O limite para significância estatística foi baseado em 396 eventos de recidiva ou morte, observado nesta análise provisória, exigindo um P<0,036.

No período de julho de 2016 a agosto de 2019, um total de 1085 pacientes de 170 centros e 29 países, foram avaliados para elegibilidade do estudo. Destes, 794 foram randomizados aleatoriamente (2:1): 532 para nivolumabe e 262 para placebo. O acompanhamento médio para análise foi de 24,4 meses. Descontinuaram o tratamento 94% dos pacientes que receberam nivolumabe e 93% dos que receberam placebo, principalmente por conclusão do estudo no grupo do nivolumabe e progressão de doença no grupo do placebo. As características demográficas eram bem equilibradas entre os grupos.

A mediana de SLD foi de 22,4 meses no grupo do nivolumabe e 11,0 meses no grupo do placebo, mostrando uma separação sustentada da curva de SLD. A sobrevida livre de metástase foi maior no grupo do nivolumabe: 28,3 meses para nivolumabe e 17,6 meses para placebo, conferindo uma redução do risco de recorrência à distância ou morte de 26% para imunoterapia (RR 0,74; IC 95%, 0,60-0,92).

Os principais eventos adversos foram diarreia, fadiga, prurido e rash cutâneo. Os eventos adversos severos totalizaram 34% no grupo do nivolumabe e 32% no grupo do placebo, sendo os mais comuns: diarreia e rash cutâneo no grupo do nivolumabe e fadiga no grupo placebo.

Nos pacientes tratados com nivolumabe, foi visto um benefício clínico e semelhança na recorrência da doença ou morte, independendo do status de PD-L1.

De acordo com os dados do estudo, pacientes com câncer de esôfago ou junção esofagogástrica com doença residual após quimioradioterapia seguido de cirurgia apresentaram maior SLD com o uso do nivolumabe. O perfil de segurança do nivolumabe foi semelhante ao observado em outros tipos de tumores sólidos.

 

Adjuvant Nivolumab in Resected Esophageal or Gastroesophageal Junction Cancer (CheckMate 577). N Engl J Med. 2021;384:1191-203. DOI: 10.1056/NEJMoa2032125.
Nivolumabe adjuvante em câncer de esôfago e transição esôfago-gástrica ressecado (CheckMate 577).

 

Comentário do avaliador científico:

Nivolumabe é um inibidor de checkpoint imunológico usado em vários tumores. O CheckMate 577 é o primeiro estudo randomizado de fase 3 a relatar a eficácia e segurança de um inibidor de checkpoint imunológico no cenário adjuvante após o tratamento trimodal para o câncer de esôfago ou transição esôfago-gástrica, e mostrou o dobro da mediana de sobrevida livre de doença.

Os pacientes selecionados teriam que ter realizado quimiorradioterapia seguido de cirurgia, e os que apresentavam doença residual eram inclusos no estudo. Esse grupo, normalmente, são de pior prognóstico e com alta taxa de recidiva (> 50%). A quimioterapia adjuvante não tinha mostrado benefício para esses pacientes em estudos anteriores. A conduta, antes do estudo, era acompanhamento clinico.

Outro ponto importante são os pacientes com tumor de transição esôfago-gástrica (40% da população do estudo) que tinham a possibilidade de realizar o tratamento com o protocolo FLOT. Esse grupo não pode ser comparado, pois não existe nenhum trabalho comparando os dados do FLOT-4 com o CheckMate 577. Então, se o paciente realizou FLOT neoadjuvante, o tratamento recomendado é FLOT adjuvante e, se ele realizou CROSS (trimodalidade) neoadjuvante, ele poderá usar o nivolumabe adjuvante.

 

Avaliador científico:

Dr. Guilherme de Matos Maia
Oncologista assistente no Grupo Acreditar/Oncologia D’or - Brasília/DF