Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

SBOC REVIEW

Nivolumabe no tratamento neoadjuvante de câncer de pulmão não pequenas células

A incorporação de inibidores de PD-1/PD-L1 no tratamento de câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado foi de grande valor dado que até 15% dos casos podem obter respostas duradouras. No entanto, o tratamento peri-operatório no contexto de doença localizada continua limitado a quimioterapia citotóxica a base de platina (ganho de ~5% em sobrevida global em 5 anos).

Forde e cols. testaram a segurança e a eficácia de nivolumabe (3 mg/kg a cada 2 semanas por 2 doses) no tratamento neoadjuvante de 21 pacientes com CPNPC. Nivolumabe mostrou-se seguro com 23% dos pacientes apresentando toxicidades relacionadas ao tratamento, havendo apenas um caso de toxicidade grau 3 (pneumonia). Major pathologic response (MPR; resposta patológica maior: <10% de células tumorais viáveis na peça cirúrgica), desfecho correlacionado a sobrevida global em estudos de quimioterapia neoadjuvante em CPNPC, ocorreu em 45% dos pacientes. Ressecção completa do tumor foi possível em 95% dos casos e, após seguimento mediano de um ano, 80% dos pacientes ressecados estavam vivos e sem recidiva. Apenas um paciente faleceu por progressão de doença.

Sequenciamento completo do exoma e de cadeia beta do receptor de células T demonstrou que tumores com MPR tinham maior carga mutacional e maior clonalidade de linfócitos T em comparação com tumores sem MPR. MPR foi semelhante em tumores PD-L1 positivos e negativos. Usando amostras de um paciente foi possível isolar linfócitos T capazes de reconhecer neoantígenos tumorais (mutation associated neoantigens, MANA) e que possivelmente mediaram a resposta anti-tumoral promovida por nivolumabe.

Forde e cols. NEJM, 2018. PMID: 29658848

Comentários: Nivolumabe mostrou-se seguro e com eficácia promissora no tratamento neoadjuvante de CPNPC. Outros estudos clínicos estão em andamento para validar a incorporação de inibidores de PD-1/PD-L1, associados ou não a inibidores de CTLA4 e/ou quimioterapia, no contexto neoadjuvante. A identificação de neoantígenos e de linfócitos T-CD8+ com atividade anti-tumoral é uma área promissora da imuno-oncologia.

Marcelo Vailati Negrão, MD
Fellow Clínico de Oncologia Torácica na University of Texas – MD Anderson Cancer.
Oncologista Clínico pelo Instituto do Câncer da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo