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SBOC REVIEW

Novo estudo de fase 3 confirma papel dos inibidores de PARP (iPARP) como novo padrão na terapia de manutenção do câncer de ovário

O estudo multicêntrico ARIEL3 randomizou (2:1) casos PS:0-1, platino-sensíveis de carcinoma de tuba/ovário seroso de alto grau ou endometrioide, expostos a pelo menos dois cursos de platina, obtendo resposta completa ou parcial, e CA125 normal. Com 375 pacientes para receber 600 mg de rucaparibe de 12/12 horas e 189 para placebo, entre abril/2014 e julho/2016 em 11 países. As pacientes não podiam ter recebido iPARP previamente ou ter metástases sintomáticas em sistema nervoso central (SNC). O objetivo primário era sobrevida livre de progressão (SLP) pelo investigador em três coortes aninhadas: pacientes BRCA-mutantes, deficientes de recombinação homóloga, RHD (que inclui BRCA-mutante), e a população com intenção de tratar. A SLP mediana das pacientes BRCA-mutante foi de 16,6 meses no grupo rucaparibe versus 5,4 meses no grupo placebo, com hazard ratio (HR) de 0,23, intervalo de confiança (IC) de 95%, 0,16-0,34, p < 0,0001); nas pacientes RHD foi 13,6 meses no grupo rucaparibe versus 5,4 meses no grupo placebo, com HR de 0,32, IC de 95%, 0,24-0,42, p < 0,0001); já na população com intenção de tratar foi 10,8 versus 5,4 meses a favor do rucaparibe, HR de 0,36, IC de 95%, 0,3-0,45, p < 0,0001. Os efeitos adversos mais significativos no grupo rucaparibe foram anemia (19%) e elevação de aminotransferase de aspartato (AST) (10%), porém manejáveis. Os autores concluem que o rucaparibe aumenta significativamente a SLP, considerando um novo padrão terapêutico para a população estudada.

Coleman RL, Oza AM, Lorusso D, Aghajanian C, Oaknin A, Dean A, et al. Rucaparib maintenance treatment for recurrent ovarian carcinoma after response to platinum therapy (ARIEL3): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet. 2017 Sep 12. pii: S0140-6736(17)32440-6.

 

Comentários: o ARIEL3 consolida uma literatura de terapia de manutenção com iPARP para carcinoma de ovário/tuba/peritônio BRCA-mutado ou deficiente de recombinação homóloga, trazendo significativamente maior tempo livre de progressão, consequentemente livre de quimioterapia. Resta aperfeiçoar o entendimento do impacto em qualidade de vida e aguardar os resultados a mais longo prazo, em termos de toxicidade e sobrevida global. O desafio do acesso à medicação será determinante na viabilidade de tornar esse tratamento um novo padrão que beneficie as pacientes brasileiras

Dr. João Soares Nunes, MD 

Oncologista, Clínica do Hospital Erasto Gaertner, Curitiba, Brasil