SBOC REVIEW
OpACIN-neo: Identificação do melhor esquema de combinação de ipilimumab e nivolumab para melanoma estádio III ressecável
Resumo do artigo:
Estudo multicêntrico de fase 2, aberto, randomizado, avaliou melhor esquema de neoadjuvância para melanoma estádio III ressecável. 89 pacientes com doença linfonodal exclusiva e mensurável por RECIST 1.1 (> 15mm no menor eixo), foram randomizados 1:1:1 entre os três braços do estudo: A- ipilimumab 3 mg/kg combinado a nivolumab 1 mg/kg a cada 3 semanas por 2 ciclos (I3N1); B- - ipilimumab 1 mg/kg combinado a nivolumab 3 mg/kg a cada 3 semanas por 2 ciclos (I1N3); ou C- ipilimumab 3 mg/kg por 2 ciclos a cada 3 semanas, seguido de nivolumab 3mg/Kg por 2 ciclos a cada 2 semanas (sequencial). Todos os pacientes foram submetidos a dissecção linfonodal na sexta semana. O endpoint primário do estudo era a ocorrência de eventos adversos imuno-relacionados (irAE) graus 3 e 4 durante as primeiras 12 semanas. Outros endpoint primários incluíam a proporção de pacientes que atingiam resposta radiológica (PR ou CR) na semana 6 (pré- cirurgia) e a proporção de pacientes que apresentavam resposta patológica (pR). Sobrevida livre de recorrência era desfecho secundário do estudo.
Após série de EA graves no braço C, inclusive um paciente que necessitou de colectomia por colite imuno-mediada, uma análise interina ad-hoc de segurança levou ao fechamento prematuro do braço C (entretanto, 26 pacientes dos 30 programados já haviam iniciado tratamento neste grupo). Após uma mediana de seguimento de 8·3 meses (IQR 5·6–11·7), irAE dentre as primeiras 12 semanas de tratamento foi reportado em 40% dos pacientes no grupo A, 20% no grupo B e 50% no grupo C. Eventos adversos graves (SAEs) ocorreram em 17% no grupo A, 7% no grupo B e 50% no grupo C. Reposta radiológica ocorreu em 52% dos pacientes estudados, 63% no grupo A e 57% no grupo B. Progressão de doença ocorreu em 10% dos casos, porém apenas 2 pacientes apresentaram doença a distância. Repostas patológicas foram observadas em 74% dos pacientes tratados (pCR em 37 (43%), a near-pCR em 15 (17%), a pPR em 12 (14%) e pNR em 21 (24%)).
Identification of the optimal combination dosing schedule of neoadjuvant ipilimumab plus nivolumab in macroscopic stage III melanoma (OpACIN-neo): a multicentre, phase 2, randomised, controlled trial. Lancet Oncol 2019 Published Online May 31, 2019 http://dx.doi.org/10.1016/ S1470-2045(19)30151-2.
OpACIN-neo: Identificação do melhor esquema de combinação de ipilimumab e nivolumab para melanoma estádio III ressecável.
Comentários do editor:
- Interessante dado revela que a resposta radiológica subestima a resposta patológica (52% vs 74%).
- Apenas 10% dos casos apresentaram progressão de doença com 6 semanas de tratamento, sendo que apenas 2 casos apresentaram progressão de doença à distância. O que, em conjunto com apresentação oral do Dr. Menzies na ASCO de 2019 (análise combinada do Consórcio Internacional de Neoadjuvância em Melanoma- INMC), reforça a importância do desenvolvimento da estratégia de neoadjuvância para melanoma.
- Expressão de PDL-1 não foi associada à resposta patológica, o que corrobora a constante necessidade da identificação de biomarcadores preditores de resposta para melanoma nos estadios III e IV.
- Grupo B, I1N3, foi o regime mais bem tolerado e que, comparado ao esquema convencional (I3N1), apresentou semelhante resposta radiológica e patológica.
- Estudo PRADO: extensão do estudo está em andamento na Austrália e Holanda. Este estudo avalia de-escalonamento cirúrgico (dissecção linfonodal) e apresenta estratégia personalizada adjuvante à depender da resposta patológica.
Editor:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.