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SBOC REVIEW

Opções de tratamento no câncer colorretal metastático segundo a lateralidade e o status RAS/BRAF: uma pesquisa nacional do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG)

Resumo do artigo:

No Brasil, em 2019, estima-se que 36.360 novos casos de câncer colorretal (CCR) tenham ocorrido, conferindo a segunda posição em termos de incidência dentre as mulheres e a terceira dentre os homens. No cenário metastático irressecável, durante muito tempo a escolha da quimioterapia (QT) assim como do anticorpo monoclonal ficava a critério do oncologista e não havia informação a respeito do padrão de preferência dos oncologistas brasileiros. Recentemente, novas descobertas a respeito da lateralidade e status de mutação de RAS e B-RAF trouxeram modificações na escolha de QT (FOLFOX ou FOLFIRI) e anticorpo monoclonal (bevacizumabe versus terapia anti-EGFR - cetuximabe ou panitumumabe) no tratamento de primeira linha.
Nessa publicação, o Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG) traz os resultados de uma pesquisa realizada dentre 239 oncologistas clínicos brasileiros a respeito de suas escolhas de tratamento de primeira linha no CCR metastático irressecável de acordo com o status de RAS, B-RAF e da lateralidade. Para tumores do lado esquerdo, RAS e BRAF selvagens, 82% dos oncologistas escolheram QT com anti-EGFR, sendo que 53,6% preferiram FOLFIRI. Já para tumores do lado direito, RAS e BRAF selvagens, 70,7% preferiram QT + bevacizumabe (53,9% com FOLFOX). Para os tumores RAS mutado, 51,9% optaram por FOLFOX + bevacizumabe. Interessantemente, para os tumores do lado esquerdo, RAS e BRAF selvagens, oncologistas do sexo feminino optaram significativamente mais por FOLFOX como QT, ao passo que para tumores do lado direito, RAS e BRAF selvagens, especialistas em câncer gastrointestinal (50% ou mais de sua prática dedicada a tais tumores) escolheram significativamente mais FOLFOXIRI + bevacizumabe do que os com menos tempo dedicados a tumores gastrointestinais.

 

Treatment choices in metastatic colorectal cancer according to sidedness and RAS/BRAF status: a national survey by the Brazilian Gastrointestinal Tumors Group (GTG). Peixoto RD et al. Braz J Oncol. 2019;15(0):1-6. 
Opções de tratamento no câncer colorretal metastático segundo a lateralidade e o status RAS/BRAF: uma pesquisa nacional do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).

 

Comentário da avaliadora científica:
- Trata-se da primeira pesquisa realizada com oncologistas brasileiros avaliando suas opções de tratamento de primeira linha do CCR metastático irressecável de acordo com o status de RAS, B-RAF e lateralidade. 
- A pesquisa indica que a lateralidade influencia a escolha terapêutica do CCR metastático RAS selvagem não candidato à cirurgia. Além disso, o gênero do oncologista e a porcentagem de seu tempo dedicado ao tratamento de tumores gastrointestinais também impactou na escolha do tratamento. Especialistas em tumores gastrointestinais estiveram muito mais em linha com as recomendações internacionais do que oncologistas não dedicados a tais tumores.
- Apesar de interessantes resultados, vale ressaltar que a pesquisa teve limitações por não ter distinguido se o oncologista trabalha em setor público ou privado, em clínica ou ambiente hospitalar, em serviços acadêmicos ou de comunidade, além de não ter levado em consideração a disponibilidade das drogas.

 

Avaliadora científica:
Dra. Renata D’Alpino Peixoto
Oncologista clínica especialista em Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Coordenadora médica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Diretora científica do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).

Editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês Brasilia. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, EUA.