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SBOC REVIEW

Papel da platina na primeira linha do câncer de mama avançado: resultados do TNT trial

O papel exercido pelos derivados da platina (carboplatina e cisplatina) no câncer de mama (CM), em especial o subtipo triplo negativo, vem sendo estudado em pacientes portadores de variantes patogênicas germinativas dos genes BRCA1/2 e naqueles com alterações somáticas desse gene (BRCAness) (ex: metilação do gene BRCA1 e baixos níveis de RNAm do gene BRCA1). O racional para essa investigação se deve ao mecanismo de reparo das lesões ao DNA celular provocadas por agentes platinantes estar atrelado ao processo de recombinação homóloga (RH), sendo este último menos eficaz em pacientes com as alterações gênicas referidas acima.

O estudo TNT randomizou pacientes com CM triplo negativo e/ou com variantes patogênicas germinativas dos genes BRCA1/2 entre dois regimes terapêuticos em primeira linha paliativa: carboplatina (AUC 6) a cada 3 semanas (188 pcts) ou docetaxel 100 mg/m2 a cada 3 semanas (188 pcts), por 6-8 ciclos. O objetivo primário foi comparar as taxas de resposta (TR) entre os tratamentos a fim de se demonstrar superioridade da carboplatina, em especial nos subgrupos de pacientes portadores de alterações germinativas patogênicas ou somáticas dos genes BRCA1/2, deficientes no processo de RH e/ou com subtipo basal. Não houve diferença entre os braços quando se avaliou toda a população e os subgrupos: BRCAness, RH deficiente e subtipo basal. O estudo foi positivo no subgrupo de pacientes com variantes patogênicas germinativas dos genes BRCA1/2, os quais apresentaram uma maior TR à carboplatina (68% versus 33.3%, p=0.03) e maior sobrevida livre de progressão (6.8 versus 4.4 meses, p=0.002).

Tutt A et al. Nat Med. 2018. PMID: 29713086

Comentários: Pacientes portadoras de variantes patogênicas germinativas dos genes BRCA1/2 apresentam maior taxa de resposta à carboplatina quando comparada ao docetaxel no cenário de primeira linha paliativa. Assim, nesse subgrupo de pacientes, o uso de carboplatina como tratamento de primeira linha passa a ser uma excelente opção e deve ser considerado.

Rafael Corrêa Coelho, MD, MSc
Oncologista clínico. Médico do Departamento de Hemato-Oncologia do Hospital Universitário de Santa Maria, RS. Membro da SBOC e ESMO